Acordei e olhei em volta.Eu estava em
meu quarto e minha mãe estava conversando com um médico,ao que me parecia.

Eu me sentia
totalmente confusa e desorientada.Tentei prestar atenção na conversa sem que
eles percebessem.

-...Hmm,mais
me parece que ela pegou uma chuva e,consequentemente,um resfriado.-O médico
disse,pensativo.

Minha mãe
suspirou,aborrecida.

-Aqui não
chove há dias.-ela garantiu.

-Deve ser
uma virose.-ele disse,enquanto anotava algo em uma folha em branco-De qualquer
forma,aqui está a medicação.Ela vai ficar bem logo,só precisa dos cuidados
necessários e bastante repouso.

Ele era bem
alto.Usava óculos e tinha olhos negros como os de...

Poxa vida!

-E o
machucado na perna?-minha mãe perguntou,preocupada.

Eu estava me
sentindo culpada pelo fato de minha mãe estar tão aflita.Eu não queria causar
trabalho para ela,mais,no entanto,ali estava eu,tomando um dia de trabalho dela
por algo que eu nem sabia explicar.

-Logo vai
melhorar.Ela deve ter levado uma queda feia...-ele disse,observando o machucado-Mais
não quebrou nenhum osso.Só precisa tomar um analgésico anti-inflamatório e
outro para dor.

Minha mãe
pareceu mais aliviada agora.

-Obrigada
Dr.Andrew.-ela agradeceu enquanto encaminhava-o para a porta.

Ele sorriu.

-Precisando
de algo,entre imediatamente em contato comigo.-Ele disse,gentilmente.

Fiquei,por
um momento,aliviada de ficar sozinha.Mais,logo que me lembrei o porquê de estar
em casa,ao invés de no colégio,senti um medo doloroso.Chegava a me embrulhar o
estômago.O que havia sido isso?O meu
sonho só podia ter acontecido de verdade!Mais como eu podia confirmar isso,se
ele era apenas um sonho?

E eu não era
sonâmbula...e mesmo que eu fosse,não havia praias aqui por perto...e isso me
fez lembrar do que minha mãe havia dito para o Dr.Andrew...”aqui não chove há
dias...”.Estremeci.

Isso não
fazia sentido algum!Mais era a única explicação que eu podia encontrar:O meu
sonho havia acontecido.

E agora ali
estava eu:resfriada,com dor de cabeça e com um hematoma horroroso na perna.

Eu
sabia,agora,que eu não podia estar louca.Algo estranho estava acontecendo
comigo.E Lucas estava relacionado a tudo isso.Só ele poderia me dizer o que
isso tudo significava.

Eu nem sabia
como eu mesma podia acreditar no que estava acontecendo...era tão surreal!Tão
sobrenatural... assim como Lucas parecia ser.

Minha mãe
voltou até meu quarto mais rápido do que eu imaginava.Notou que eu havia
despertado e veio até mim.

-Está se
sentindo melhor?-ela disse,enquanto sentava-se ao meu lado-O que houve,filha?

Eu
suspirei,pronta para mentir.

-Cai
ontem.Na escola.-Tentei falar com mais convicção que eu podia.

Ela pareceu
acreditar.

-Esse seu
resfriado é muito estranho...você deve mesmo ter pego uma virose de alguém...e
não vai poder ir a aula até melhorar completamente.-ela avisou,sabendo que eu
criaria caso.

Eu suspirei.

-Mãe,eu tô
legal...-Eu disse,me sentando na cama.

Ela sacudiu
a cabeça.

-Você
desmaiou,Kate.E sua febre ainda está alta.-Ela disse,enquanto tirava o
termômetro de baixo do meu braço e verificava temperatura.

-Se a febre
ceder,posso ir a aula amanhã?-perguntei,ansiosa.

Ela franziu
a testa.

-Você deve
gostar mesmo dessa escola,porque não me lembro de você querendo ir a aula ao
invés de faltar por qualquer motivo...-ela riu da lembrança.

Eu não ri.

-Isso era
antes...-eu ia terminar a frase de outro modo,mais excitei.

Eu ia
dizer...”isso era antes do meu pai morrer”.

Minha mãe
ficou calada durante um longo tempo.

-Está bem,está bem..-ela concordou.-Mais estou de olho em
você,mocinha.-ela me censurou. 

Eu odiava
enganar minha mãe...mais eu tinha que fazer isso,pois,se fosse depender dela,eu
ia passar o resto da semana toda sem aula.E isso só adiaria a conversa que eu
teria que ter com Lucas.

Mergulhando
o termômetro em um copo de água fria,consegui engana-la direitinho.Eu não tinha
opção.

-É...a febre
cedeu.-Ela disse,ainda em dúvida.

Eu sorri em
resposta.

-Eu falei
que não era nada.-murmurei,satisfeita. 

Ela não
parecia muito convencida do que eu havia acabado de dizer.E minha palidez não
estava ajudando em nada.

-Bom,o que
importa é que você está se recuperando.-Ela disse,enquanto guardava o bendito
termômetro-E,aliás,uma amiga sua ligou.

Só podia ser
Vick.

-Quem?-eu
perguntei,mesmo sabendo quem era.Afinal,só Vick tinha meu telefone.

-Victoria
Welmer.-Ela disse,lembrando-Ela perguntou se você estava bem...e avisou que
você perdeu uma prova oral surpresa de matemática hoje.

Ai que
ótimo.

-Nossa.-foi
só o que eu disse.

Minha mãe
sorriu.

-Não se
preocupe,já esta tudo acertado.Você irá realizar um exame semelhante
amanhã.Estou feliz por você estar fazendo novas amizades.Isso é muito bom.

Eu também
sorri.

-Victoria é
uma ótima pessoa.-Concordei.

Seu sorriso
ficou mais presente.

Minha mãe
era uma pessoa tão fácil de se conviver que,ás vezes,eu me esquecia disso.Era
tão simples deixá-la feliz!

Passei o
resto do dia muito pensativa.e também com muito medo.

Mais o pior
veio ao anoitecer.

Porque eu
não consegui fechar os olhos e adormecer.Eu não queria ter pesadelos
novamente...estava com medo de acontecer coisas piores do que pegar um
resfriado...será que tudo isso era uma mera coincidência e eu estava sendo
exagerada?Eu podia realmente ter pego uma virose...mais e o machucado na
perna?Como eu explicaria isso para mim mesma?

Passei a
noite em claro,sem conseguir dormir.Passei a noite online nas redes sociais...e
tomando café,o que não estava espantando meu sono de forma alguma.Isso só podia
ser mito.Tive que tomar um energético para manter os olhos abertos.Era bom que
minha mãe não descobrisse isso.

Logo logo eu
estaria frente a frente com Lucas.