7. A Profecia dos dois irmãos

A TARDIS chacoalhava dentro do vórtice temporal. Doutor parecia mais feliz do que nunca em ver seu… planeta natal.

— Vocês vão adorar Gallifrey… o planeta dos Senhores do Tempo! — falou Doutor. — A grama vermelha… A Montanha do tempo… tem tantas coisas lá…

Doutor começou a rir de felicidade.

A TARDIS parou de chacoalhar.

— Chegamos! — falou Doutor, feliz.

O Senhor do Tempo correu para fora da TARDIS. Ele observou o planeta natal, com felicidade.

James e Sadie saíram da nave atrás dele. Eles pisaram na grama vermelha. Doutor cheirou o ar.

— Ah… ano 2513… pouco tempo antes da guerra do tempo! — falou Doutor.

— Por que pouco tempo antes? — perguntou Sadie. — Achei que a guerra já tivesse acontecido!

— já aconteceu… na Terra esse é o ano de 1897… alguns planetas têm anos mais longos e outros mais curtos… além disso, nossa espécie nasceu antes, e nossos anos são mais demorados, logo a Terra terá tido mais anos que Gallifrey, mas não será mais velha! — explicou Doutor.

Doutor sorriu, e foi diminuindo o sorriso gradativamente.

— É melhor irmos! — disse Doutor.

— Por quê? — perguntou Sadie. — É seu planeta natal, pode revê-lo, rever tudo antes da guerra!

— Se eu fizer isso será pior! — disse Doutor.

— Por quê? — perguntou Sadie.

´p — Imagine se pudesse ver o mundo antes de todas as guerras, quando só existia paz… impérios de ouro, que já foram esquecidos; o rio vermelho com suas águas curadoras, que os humanos beberam todo; o próprio jardim do Éden, perdido pelos olhos humanos, mas bem debaixo do nariz deles… e se você pudesse ver a época em que tudo era do bom e do melhor, e que podia ter tudo num piscar de olhos… você nunca esqueceria, e quando se fosse, só sentiria falta de algo que não pode ter! — disse Doutor. — É assim que me sentirei se ficar aqui poucos momentos antes da Guerra do Tempo.

— Tudo bem Doutor, acho que entendo! — disse Sadie.

— Tudo bem, então nós vamos para alguma aventura! — falou Doutor.

— Achei que poderíamos parar num planeta só para descansar, sem fazer absolutamente nada! — falou James.

— Está falando do planeta SR? — perguntou Doutor.

— SR? — perguntou James.

— Super Relaxamento! O planeta era ótimo, até um meteoro cair e destruir tudo! — falou Doutor.

— Podemos ver o planeta sendo atingido? — perguntou Sadie.

Doutor entrou, seguido dos irmãos Brooks.

O Senhor do Tempo pegou o papel psíquico, e leu uma mensagem. “URGENTE! Venha ao planeta Ood, precisamos conversar!” Ood Líder.

— Mudança de planos! — falou Doutor. — Iremos ao planeta Ood, ver os… Ood… uau, eles não tem criatividade para dar um nome ao planeta.

— O que são… Ood? — perguntou James.

— Eles foram escravizados pelos humanos, mas depois eu os salvei e eles retomaram seu planeta. — Explicou Doutor.

— Como os escravos negros? — perguntou James.

— Sim… — Doutor pensou um pouco. — Vocês, humanos são folgados! Sempre precisam de escravos para fazer as coisas que vocês deviam fazer.

Sadie e James ignoraram o comentário.

Doutor começou a apertar os botões da TARDIS, e ela começou a flutuar no vórtice temporal.

— E como é esse planeta? — perguntou Sadie.

—… Cheio de gelo! — disse Doutor.

A TARDIS parou de chacoalhar.

Doutor sorriu.

— Pousamos! — anunciou Doutor.

Eles saíram da TARDIS, e tudo que viram foi um Ood.

— O que é aquela coisa? — perguntou Sadie.

— É um Ood, são bem amigáveis! — falou Doutor.

O Ood pegou o tradutor e falou:

— Por aqui, Doutor!

Doutor, Sadie e James o seguiram.

Durante o caminho, o Ood pegou o tradutor, depois de olhar para os dois irmãos.

— São irmãos? — perguntou o Ood.

— Sim — respondeu James.

— Qual a idade de vocês? — o Ood continuou.

— Por que quer saber? — perguntou Sadie.

— Sadie, não seja mal-educada! — ordenou James. — Eu tenho dezenove, ela dezoito.

James fuzilou Sadie com o olhar, depois de falar.

Eles entraram na tribo dos Ood. O Ood Líder pediu para o Doutor se sentar. Ele o fez. Sadie perguntou se podia se sentar também. O Ood líder foi até eles dois, e passou a esfera tradutora pelo corpo dos dois.

— Os levem daqui! Eles são os irmãos, não podem saber da profecia, não ainda! — disse o Ood líder.

Quatro dos Ood os agarraram. Eles tentaram lutar, mas usaram a esfera tradutora, colocaram na cabeça deles, e eles levaram um choque. Ambos desmaiaram.

— O que está acontecendo? — perguntou Doutor. — Não podem matá-los… vocês sempre foram pacífico o que ouve?

Doutor gritava, e tentou se levantar, mas dois Ood o seguraram.

— Se acalme Doutor. Apenas queremos esclarecer! Não quer saber como Sadie quebrou o gelo na perna do irmão? — disse o Ood líder.

— Como você sabe disso? — perguntou Doutor.

— Temos a escritura da vida deles, e como ela deve acabar! — falou Ood líder.

— Isso é impossível! Eles são apenas humanos, sem nada de especial! — disse Doutor.

— Pelo contrário Doutor! Eles são os protegidos dos Elementos. Sadie é o fogo, ardente e ativa; James é a água, calmo e paciente. Sadie é a terra, imutável, não muda de opinião; James é o ar, fácil de ser convencido. Sadie é a lua, segue os outros para uma aventura; James é o sol, fica não gosta de sair para lugares novos… — disse Ood líder. — Posso continuar por muito tempo, citar cada elemento contrário que eles são!

Doutor ficou pensativo.

— Eles foram escolhidos para lutarem, e morreram em batalha! — disse o Ood.

— O tempo pode ser reescrito! — falou o Doutor.

— Não esse! Esse tempo deve acontecer! — falou o Ood líder.

Doutor respirou fundo.

— Há uma profecia:

A água e o fogo vão lutar.

No fim da guerra.

A vida deles custará.

Mas a guerra acabará.

E o inimigo morrerá.

O Ood terminou de falar, e permaneceu sério, apesar de sempre parecer estar com a mesma expressão.

— E quem é o inimigo? — perguntou Doutor.

— Isso nós não podemos lhe dizer! — falou o Ood líder.

Doutor suspirou.

— E por que atacaram eles? — perguntou Doutor.

— Apenas o fizemos dormir! Nós os levaremos de volta à TARDIS, mas não diga nada a eles! — disse o Ood.

Doutor concordou um pouco relutante.

***

Sadie e James abriram os olhos no mesmo momento. Suas cabeças doíam. Eles só se lembravam de terem sido atacados pelos Ood, e depois acordarem na TARDIS.

Sadie se levantou, com a mão na cabeça.

— O que houve Doutor? — perguntou Sadie.

— Não houve nada! — disse Doutor.

— Então por que fomos atacados? — perguntou James, também se levantando.

— É serio, não houve nada… — Doutor parou e depois falou mais triste. — Absolutamente nada!

James resolveu não perguntar, percebendo a tristeza de Doutor.

— Dá para perceber que você está mentindo. Diga logo! — ordenou Sadie.

James puxou-a.

— Sadie, pare. Ele está triste, pare de perguntar. — Ordenou James.

Sadie obedeceu, mas lutou muito consigo mesma para não tornar a perguntar.

Doutor ouviu James repreendendo-a, mas ignorou. Ele se lembrou das palavras da profecia. “A vida deles vai custar!”. Uma lágrima escorreu pelo rosto do Senhor do Tempo. Tinha se apegado de mais aos humanos, principalmente aos Brooks, muito mais do que qualquer outro, e eles morreriam em uma guerra, uma coisa que ele era contra.

Sadie viu a lágrima escorrendo no rosto de Doutor, mas resolveu não perguntar.

Doutor limpou a lágrima, discretamente, sem que nenhum deles percebesse. Preparou-se para falar animado, como sempre fazia. Mas então mudou de ideia. O único jeito de eles sobreviverem era Doutor levá-los para a casa deles. Era isso que faria, os levaria de volta, e talvez assim sobrevivessem.

Doutor deu um olhar triste para os irmãos Brooks.

— O que foi Doutor? — perguntou Sadie, cedendo à sua curiosidade.

— Eu irei levá-los para casa. Vocês quase morreram na viagem, e agora voltarão para suas casas! — disse Doutor.

— Por quê? — Sadie perguntou.

— Vocês não entenderiam! E vocês não podem saber o motivo! — disse Doutor.

— Diga Doutor, ou não vamos! — ameaçou Sadie.

— Não me importo de ir embora — disse James.

— Vocês realmente são como o fogo e a água! — disse Doutor.

— O quê? — perguntou Sadie, sem entender.

— O melhor é irem embora… — Doutor não conseguiu impedir as lágrimas que caíram. — Eu sinto muito, muito mesmo!

Sadie bufou.

— Se prefere se livrar de nós, tudo bem, mas não fique inventando motivos! — gritou Sadie, e foi para um quarto que o Doutor havia arrumado para ela.

— Desculpa pela minha irmã! — falou James, e foi atrás dela.

Doutor querer poupá-los do terrível destino que os reservava. Esperava poder poupá-los do destino, realmente esperava, mas sabia que o destino era difícil de enganar. Ele mesmo enganara, duas vezes, quando encontrou o Mestre, e quando River devia matá-lo. Mas seria difícil mudar, pois aquele era um ponto fixo, e da última vez o tempo foi destruído. Esperava que se o tempo fosse reescrito dessa vez, sem que nada de mais acontecesse.

Doutor suspirou. Apertou alguns botões do console da TARDIS e fez a máquina ir ao dia depois deles terem partido.

— Por favor… por favor, que o tempo não seja destruído dessa vez! — Doutor disse, para si mesmo.