Tiago veio para meu quarto atrás de mim e fechou a porta.

- O que você estava fazendo fora da cama? - perguntou ele cruzando os braços na frente do peito.

- Eu cansei de ficar deitada e percebi que já estava bem melhor. - eu disse me virando enquanto esperava a bala de febre das gemialidades fazer efeito.

- Você não devia sair dessa cama. - disse ele autoritário. - Eu te procurei a casa toda e não te vi antes na biblioteca.

- Eu fui no banheiro. - menti dando de ombros me sentando na cama e peguei um livro que estava ao lado da minha cama e abri em qualquer pagina.

- Desirèe o que você tá fazendo? - ele perguntou desconfiado, que droga ele provavelmente não estava acreditando em mim.

- Tentando ler um livro. - eu disse levantando o livro que estava na minha mão.

- Estou falando sério. -ele disse e tirou o livro das minhas mãos para que eu o olhasse nos olhos.

- Para onde você foi essa tarde? - perguntou.

- Pra biblioteca. - menti e ele se levantou.

- Eu não devia estar aqui. - ele disse indo em direção á porta. - Não se preocupe comigo, amanha mesmo eu volto pra casa.

- NÃO! - gritei e fui atrás dele.

- Acho melhor você comer a outra bala. - ele disse e apontou para a mesa onde ainda se encontrava o papel que eu havia comido. - Ou vai ter uma febre alta.

Como eu estava brava comigo mesma, como pude ser tão estupida, é claro que ele reconheceria o papel, ele e Fred muitas vezes ajudaram nas criações para novos produtos para a loja de logros e eu não podia contar a ele onde eu realmente estava.

- Foi um erro o que eu fiz, não devia ter ido contra toda a minha família para ajudar você. - ele disse decepcionado e senti que as lágrimas começavam a se formar em meus olhos. - Eu deveria ter ouvido a eles quando disseram para que eu ficasse longe de você.

Minha cabeça começou a ferver, a bala estava fazendo efeito. Tiago percebeu meu rosto ficando vermelho e balançou a cabeça negativamente antes de sair andando pelo corredor.

Minha cabeça doía muito, fui ate a gaveta e peguei a outra bala que faria com que minha febre acabasse.

Antes mesmo de esperar a bala fazer efeito eu aparatei para a casa de Pierre.

Vi que Pierre não estava no quarto e me joguei na cama dele enquanto chorava e sentia minha cabeça doer. Se é isso o que você ganha por fazer alguma coisa boa pra alguém eu iria preferir ter continuado a não fazer nada de bom a ninguém.

O que Tiago havia feito na minha vida? Alguns dias atrás eu nunca acreditaria que um dia eu pudesse chorar por causa de homem algum. Era isso que eu ia fazer, fazer a velha Desirèe voltar.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntou Pierre saindo do banheiro com uma toalha enrolada na cintura.

- Se arrume, vamos nos divertir um pouco. - eu disse.

Se Tiago me achava parecida com uma comensal eu iria mostrar o meu lado comensal a ele.