Break Of Dead escrita por Write Style


Capítulo 15
Epílogo - The Morning After




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O cheiro a morte aqui é insuportável e um dia húmido teria ajudado a passar o odor. Mas o dia nasceu com sol e por muito que o tempo quisesse ficar frio, enchia um pouco o corpo de calor. Já se devem ter passado pelo menos um par de horas desde que deixei de ver o asilo, aquela merda de assassinos e alguns dos outros. E sinceramente: estou-me a passar!

Os dois carros usados para as aulas de condução estavam lado a lado no meio da mata, por detrás de um grande rochedo que tapava a vista para o lado da estrada por onde tínhamos vindo. Mais à frente, apenas nos esperava um conjunto de casas separadas e disformes, num campo poeirento e com certeza cheio de andantes. Kyle tentava manter alguma guarda, andando de um lado para o outro com a sua arma, sempre atento a qualquer movimento, vivo ou morto; Stan parece abalado por ainda não sabermos nada do filho dele, (Nem de Liza, nem de Chris, ou Marcus e nem mesmo… de Bruce ou Marie…) mas dá para reparar que está a tentar ser forte e acalmar Lucy, que com a ausência dele, ficou bem pior; Kelly manteve-se afastada o tempo todo de nós; Allison, a rapariga nova, está apenas por ali sentada no chão, ora ouvindo os choros de Lucy, ora apenas observando o nada como se fosse algum tipo de parva. E Dennis… o Dennis passa o tempo todo a ser ele mesmo: a mandar isto à merda e aquilo para o caralho.

- Nunca devíamos ter saído dali caralho! Aquela merda era toda nossa, tínhamos de a defender! – Continuava ele incessantemente a dizer e a gritar, ora perto de mim, ora lá ali para o outro lado do bosque. Ninguém lhe respondia. – Onde puta se meteram agora os outros!?

- Cala-te um bocado Dennis… – Ele não pareceu ouvir à primeira. Mas também não fiz questão de lhe falar num tom muito alto.

- Estou farto… - A voz penetrou mais baixa no meio de algumas árvores, perdendo-se e logo depois voltou, perto do rochedo. - … Kyle apanha uma arma, vamos voltar para os ir buscar!

- Para com essa merda de uma vez Dennis! – Levantei-me de repentino da erva baixa e fria do solo que me acolhia. Com o movimento, o taco de beisebol veio comigo para cima, bem agarrado à minha mão direita. Ganhei-lhe um habito enorme. A cara dele fez uma expressão estúpida, como se não estivesse a acreditar.

- Não te metas rapaz. – Foi tudo o que me disse, mas eu não me deixei estar. Nunca deixava.

- Vai-te lixar com o rapaz! Não és o único aqui. Todos estamos à espera ansiosamente que eles voltem para podermos sair daqui seguros. Gritar para todos os andantes num raio de quilómetros não vai ajudar.

- Por isso é que eu estou a dizer que vou voltar, resgata-los e dar um tiro nos cornos de um ou dois deles!

- Isso ainda faz de ti mais estúpido do que aquilo que eu pensava…

- Ei, muito cuidadinho Brian… - O seu olhar ficou bastante mais sério, mas aquilo não me afetou nem um bocado. Também eu me mantive sério e sereno. O pouco tempo que estive com aquele bombeiro deu-me para perceber que ele era mais garganta que ação.

- Porquê? Senão o quê? – Aproximei-me mais dele, até estar a poucos metros. Ele abriu a boca para continuar, mas Stan apareceu entre nós.

- Lutas não são a coisa mais indicada para este momento. – Começou o velho por dizer. – Vejam se se acalmam. Dennis, não vai adiantar de nada ires atrás deles. Quando vínhamos para cá, na última paragem, a Elizabeth deixou bem explicito que eles é que iriam voltar ao asilo e esperar encontrar o Bruce a Marie e o Chris pelo caminho. E o tempo foi estipulado: até ao meio dia. – Apontou metaforicamente para o céu. O sol tinha acabado de nascer e estava bem longe do centro.

- Que se foda o meio-dia. Como queres que eu fique aqui, que nem um parvinho, enquanto eles andam por ai sem que saibamos onde e como?!

- Sim… porque é completamente mais esperto correr para lá que nem um macaco…

- Eu já te avisei rapazinho de merda…!

- O carro! – Toda a gente se descentralizou do que se estava a passar ali e tal como eu, virou a cabeça para Allison. Tinha-se levantado e estava a apontar para a estrada enquanto se encostava a um dos automóveis das aulas de condução. Kyle apanhou-a e os dois foram-se esconder juntos.

- Arranjem abrigo, escondam-se e peguem nas armas. Não sabemos quem vem realmente lá dentro. – Anunciou Stan num tom alto, enquanto se voltava a juntar a Lucy para se esconder mais perto dela. Eu fui sozinho para um recanto do bosque, onde as árvores e os arbustos eram mais densos, com o bastão sempre a meu lado, mesmo deitado de barriga para baixo. Reparei que Dennis estava só a alguns metros de mim, agachado e a colocar algumas balas no seu revólver taurus.

O meu revolver - rt 838, arma que anteriormente tinha ficado nas mãos de Claire e que passaram para mim quando ela se decidiu suicidar, mantinha-se no coldre improvisado no meu cinto. Mas se eu necessitasse, sacava dele. Agora estou mais concentrado na estrada, que vejo ligeiramente de onde estou, uma nódoa de cimento.

O automóvel que pertencera a Claire avançou mais um pouco, antes de parar por completo no meio da estrada, a poucos metros dos outros. Se for algum daqueles parvalhões, vão pagar caro por roubarem a merda do carro!

A porta do condutor abriu-se e ficou assim, meio entreaberta, enquanto uma pessoa se começava a levantar do assento, primeiro colocando as mãos na ombreira e depois uma tufa de cabelo escuro a subir e ganhar tamanho. Foi um certo alívio quando a cara rígida de Elizabeth tomou forma ali fora.

Devo ter sido um dos primeiros a levantar-me dos arbustos, mas quando voltei a olhar para a frente, depois de sacudir a roupa e agarrar melhor o taco, Jordan já abraçava e beijava Lucy a um canto, Stan apertava a mão a Marcus e os restantes estavam apenas por ali. Fui o ultimo a chegar perto do grupo e não sei se foi por ter chegado, mas ninguém estava a falar nada. A felicidade do reencontrou pareceu morrer tão depressa como aparecera. Olhei para as portas, ansioso. Só quero saber de uma pessoa… duas, vá…

- Brian, como está o teu braço? – Foi a primeira coisa que lhe dirigiram. E foi Liza. Quase me esquecia do ferimento da bala e de como doera à poucos dias atrás. Instintivamente toquei com a outra mão na ligadura e deu um pequeno estalo de dor.

- Dói, mas nada demais. – A única coisa que queria mostrar era fraqueza. Mas esta conversa estúpida não me era importante agora. Existiram pensamentos que me passaram pela cabeça antes mesmo do sol nascer, enquanto nos afastava-mos do asilo depois da fuga desesperada, todos separados. – O Bruce e a Marie? Trazem outro carro? – Sim eles trouxeram outro carro, só isso.

O olhar de Chris cruzou o da namorada. Dennis fechou os olhos. O meu coração disparou a mil. Eles apenas pensam que eles não se safam, mas o Bruce vem ai, com um carro… Ele consegue escapar, já passamos por mais que isto…

Foi Marcus que se chegou à frente e depois da sua maçã-de-adão se mover para cima e para baixo num engolir seco, falou.

- … Bruce foi mordido e Marie levou um tiro durante a fuga… Eles não… - Não disse mais nada para além daquilo. E o silêncio reinou.

Todas as emoções e ao mesmo tempo nenhuma percorreram-me o corpo. Os pensamentos cruzaram-se e a voz falhou a princípio. E então, só consegui dizer uma coisa.

- Ok…


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