Futuro Negro escrita por GDalcin


Capítulo 9
Capítulo 8: Tempo. Passado. Presente. Sem futuro.




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Despertei de meu torpor lentamente. Levantei de meu colchão furado e me pus em pé. Nem Sir Eric, nem Heather tinham acordado ainda, então caminhei um pouco pelo estacionamento onde dormimos.

Observei as armas espalhadas pelo chão. Revólveres, pistolas, algumas poucas espingardas. E facas-borboleta, machetes, e até um machado de incêndio. As motocicletas, penduradas nas paredes e no teto, eram apenas carcaças, e suas peças eram usadas para reposição. Então, encontrei uma estranha motocicleta, coberta por um lençol. O puxei.

Diante de mim, surgiu a motocicleta mais absurda e fantástica que poderia imaginar. O modelo original parecia ser uma Ninja, mas modificada. Suas rodas eram quase tão grossas quanto as de um carro pequeno, mas de um aro superior. Seu motor era imenso, o guidão esportivo, forçando o piloto a manter a cabeça baixa. A carenagem que cobria a motocicleta era completamente negra e fosca. Não havia carona.

Fiquei completamente pasmo. Decidi cobri-la novamente, quando Heather surgiu atrás de mim.

--Impressionado? – ela perguntou. Sua aparência era péssima, seus olhos brilhavam com uma forte cor amarela e ela parecia exausta. Ela havia trocado suas roupas de couro rasgadas por uma calça jeans e uma camiseta preta de uma banda local. Pelo menos, não haviam mais ferimentos além da cicatriz em seu rosto.

--S-sim. Ela... é sua?

--Era do meu senhor. Mas nunca funcionou.

--Como assim? Ela parece estar em ordem, o motor parece novo...

--Não é esse o problema. Ela é potente demais, só isso. Alcança velocidades altas demais pra ser controlada.

--Oh. E o seu senhor...

--Morreu despedaçado, testando a moto. Eu a consertei.

Engoliria em seco, se pudesse. Então ouvimos a voz de Sir Eric.

--Venham, garotos. Vamos ouvir o que esta mulher tem a nos dizer.

Obedeci, indo até onde ele estava. Heather veio atrás de mim, silenciosamente. Sir Eric acorrentou a vampira Nosferatu, prendendo seus braços em um ângulo perigoso, atrás das pernas cruzadas em “X”, nas costas. Lembro de já ter visto aquilo em algum livro, mas não sabia onde. Ele puxou a estaca improvisada de perna de cadeira do peito da vampira, e falou:

--Mulher amaldiçoada. Diga-nos seu nome.

A mulher rosnava, babava, tentava se mover. Mas parecia que a única coisa que conseguiria era quebrar seus próprios ossos. Então, ela se acalmou e falou.

--Meu nome... é Karen. Karen Simmons.

--Você é uma Nosferatu Antitribu, uma Nosferatu Sabá.

--Sim.

--Você era independente, ou servia a algum mestre?

--Trabalhava com minha irmã gêmea... Sharon Simmons. Fomos transformadas por um Nosferatu ratinho da Camarilla... Poucas noites depois, o sugamos.

--E depois? Rastejaram para os esgotos, se alimentaram de ratos, e depois saíram para sequestrar humanos?

--Não... Nosso mestre nos havia ensinado sobre o Sabá. Fomos atrás de seu líder na cidade... E ele nos aceitou. Disse que nossas qualidades tinham valor.

--Quem era este amaldiçoado? Diga-me! – Gritou Sir Eric subitamente nervoso, golpeando-a no rosto com a perna de cadeira ensanguentada.

--Russel! Seu nome era Russel... Griffin, eu acho. Nunca nos importou, realmente. Ele apenas nos acolheu por alguns dias, e depois nos disse o que fazer, e onde. E nos deu um grupo de carniçais. Depois disso, apenas nos divertimos um pouco.

Sir Eric pareceu se acalmar um pouco.

--Onde está este homem? Onde ele mora?

--Russel Griffin? Eu... já ouvi falar dele. Ou li este nome em algum lugar. – disse Heather.

Sir Eric virou-se para ela.

--Você o conhece? Pode me levar até ele?

--Não... eu acho que ele é um pintor. Já vi um quadro dele... acho.

--Muito influente? Me diga que não é um grande artista... Se ele repentinamente sumir, seria suspeito. – Sir Eric cerrou os punhos, visivelmente irritado.

--Se ele é influente? Não pinta um quadro a mais de trinta anos. Ou pelo menos, é o que o dono disse antes que... deixa pra lá.

--Ótimo. Onde ele mora? – disse Sir Eric, novamente voltado para a Nosferatu, e mostrando a perna de cadeira.

--No bairro comercial, ao lado do hotel Empire Arms... Número 1901. É uma casa noturna...

--Com mil infernos, vamos logo deixar esta rata de esgotos com o Príncipe do faz-de-conta, e vamos fazer uma visitinha a esse Russel.

Dito isso, Sir Eric atravessou a estaca no peito da Nosferatu em um instante, paralisando-a.

Cobrimos o corpo da Nosferatu com um lençol preto sujo, e Sir Eric a carregou até a mansão do Príncipe Knox. Sem cerimônias, apenas a lançou no pátio, onde os guardas não a vissem, e nos dirigimos para a casa noturna de Russel Griffin.


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