Futuro Negro escrita por GDalcin


Capítulo 10
Capítulo 9: Máculas, impurezas e a Rosa Negra.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/300552/chapter/10

Começamos nossa caminhada noturna até o bairro comercial perto das oito horas da noite. Quando chegamos ao nosso destino, já passavam das onze horas. Mesmo assim, as ruas estavam cheias de pessoas que iam e vinham, principalmente jovens. Entretanto, quanto mais nos aproximávamos da casa noturna Griffin, notamos um padrão nos clientes: quase que apenas homens, de vinte a trinta anos.

A casa noturna Griffin, emblemada por dois grifos de mármore negro ao lado do portão, parecia ter sido um prédio muito antigo, mas restaurado. As paredes tinham tijolos expostos, e a porta era muito alta e feita de madeira preta, semelhante a um portal de igreja gótica. Na porta, estava um segurança de aproximadamente trinta anos, que raras vezes barrava alguém. De fato, ele parecia conhecer muitos dos clientes, e os cumprimentava.

--Vamos entrar, então. Não vamos deixar Russel esperando-nos... – disse Sir Eric, cerrando os punhos.

Eu e Heather nos entreolhamos, mas seguimos Sir Eric enquanto ele caminhava em direção à porta. O segurança nos barrou.

--Perdão, senhor... Posso ajuda-lo?

--Pode sair da minha frente, moleque.

--Mil desculpas, senhor, mas não acho que tenha vindo ao lugar certo. Você gostaria que eu chamasse um táxi para leva-lo pra casa?

--Sei bem o que estou fazendo aqui. Vai me deixar entrar ou não?

--Sir Eric! – exasperei-me. – Controle-se, senhor, por favor!

Ele hesitou por um momento, e continuou.

--Boa noite. Quero entrar em sua... Casa noturna.

O segurança levantou uma sobrancelha, e respondeu.

--Bem, meu senhor, isso não é usual... e realmente acho que não é o ambiente certo para alguém de sua idade. Mas de qualquer forma... os jovens lhe acompanham?

Eu e Heather acenamos com a cabeça, positivamente. O segurança abriu a porta para nós, e entramos. O salão de entrada era bem iluminado, e dispunha apenas de uma bancada, onde uma mulher loira recebia os clientes e cobrava suas entradas.

--Desculpem. Nunca... entrei em um lugar destes. – disse Sir Eric.

--Não se preocupe, “senhor”. – respondeu Heather. – Eu cuido desta parte por nós. – Disse ela, piscando um olho.

Heather se aproximou da bancada e puxou uma carteira de couro do bolso. Ela conversou com a mulher, pagou as entradas e voltou para falar conosco, com um sorriso.

--Bela carteira – comentei.

--Por isso peguei ela emprestada de um dos rapazes lá fora. – respondeu ela, sorrindo.

Entramos por uma porta, ao lado da recepcionista. Adentramos um imenso salão quadrangular, iluminado por luzes negras. Mesas e cadeiras estavam espalhadas ao redor do ambiente, próximas da parede. No centro, havia um palco circular, vazio no momento. Entre o palco e a área das mesas, havia uma pista para dança. Através do sistema de som, ouvíamos uma música nas linhas de “Você não pode viver para sempre, preso no tempo”. Doce ironia.

Nos aproximamos de uma mesa vazia, logo verificamos que era a última ainda não ocupada. Sentamo-nos, e Heather perguntou:

--Então, Senhor Eric... qual seu plano?

--Encontrar Russel Griffin. Onde acham que ele está?

Heather olhou para mim, como quem pede ajuda.

--Bem, ele é o dono do lugar... Nada garante que vai estar aqui.

Sir Eric ficou em silêncio por um instante.

--Maldição... vocês viram?

Eu e Heather nos entreolhamos.

--O rapaz que nos barrou na entrada... e a menina... ambos eram carniçais.

--São o quê? – perguntei.

--Humanos que beberam... e bebem, continuamente, sangue de vampiro. – Respondeu Heather.

--Isso... parece mal.

E então, a música parou e as luzes se apagaram.

Um coro de muitas vozes na boate começou a clamar. Heather perguntou a um rapaz de uma mesa próxima o que era, ele respondeu que era a entrada de Russel Griffin.

Começamos a ouvir notas de violino, que silenciaram o ambiente. A música era impressionante, e se tornava cada vez mais rápida, e mais rápida, até que as cordas do violino se romperam. A boate explodiu em aplausos, e a música retornou. As luzes negras se acenderam novamente.

Russel Griffin era um homem de quarenta anos ou um pouco mais. Seus cabelos castanhos eram curtos, mas emolduravam o rosto perfeitamente em conjunto com a barba. Ele era alto e magro, mas atlético. Vestia um terno elaborado preto, e... Tinha uma aura violeta, pálida. E sombras negras, semelhantes às de Sir Eric, enevoavam sua aura.

--Degeneradozinho desgraçado... – disse Heather.

--E agora? Qual o plano? – perguntei.

--Esperamos uma oportunidade... E aproveitamos. Temos que dar um jeito de ficarmos sozinhos com ele... –respondeu Sir Eric.

Russel deslizava pela pista de dança. Volta e meia, tocava o bolso da frente do terno, mas desistia e retornava. Quem estava próximo se frustrava com isso, e logo retornava a dançar. Então ele se pôs a caminhar entre as mesas. Até que ele se aproximou de nossa mesa, e deixou sobre ela um botão de rosa, que estava em seu bolso. A boate aplaudiu. Russel olhava fixamente para mim.

--Meu jovem... gostaria de se unir a mim, em meus aposentos? – ele perguntou.

--O quê? – Perguntei. Sem notar, gritei.

Sir Eric e Heather se entreolharam.

--Ora, por favor... venha. – Russel me puxou pela mão, delicadamente. Sir Eric parecia pronto para pular sobre ele, e Heather igualmente.

Segui Russel, enquanto ele me levava. Cruzamos o salão, saímos por uma porta do outro lado da entrada, e subimos uma escada, onde um segurança aguardava. Ele nos cumprimentou e nos fez sinal para passarmos.

Ao fim da escada, chegamos em um escritório. Uma sala bonita, com belas pinturas e tapetes. Uma mesa de vidro adornava o centro, cercada de sofás e poltronas.

--Por favor, sente-se. – disse Russel, sorrindo.

Obedeci. Sentei-me em uma poltrona, tenso.

--E então... será que seus amigos vão demorar a se juntar a nós?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!