O carro acelerava na autoestrada, e Heather parecia inquieta. Repentinamente, ela parecia preocupada, e não tão decidida. A voz de Linus ecoava em minha mente.

“Parece ótimo, mas não há tempo. Vá para o castelo logo, e investigaremos o restante da capela.” “E logo logo, um dos peões cairá.”

Ele nunca havia dito isto... Estaria eu imaginando coisas?

Heather fez uma virada brusca, e entrou em um desvio.

–-Me perdoe... – Disse ela, um pouco esganiçada. – Não posso fazer isso. Não posso arriscar você.

–-O... o quê? O quê está fazendo? Precisamos ir atrás deles!

–-Não! Não me obrigue... Eric estava certo, é muito perigoso.

–-Heather, por favor, precisamos ir... Não podemos deixar Sir Eric sozinho!

–-Ouça o que está dizendo! – Ela gritou, parando o carro. –O que você vai fazer? Não vamos fazer mais do que atrapalhar. Eles podem não conseguir salvar você... E você é importante demais, Matthew. Você é miserável, por ter me salvo, e prendido minha mente a você. Seu sangue que corre em mim está criando um Laço de Sangue.

–-Heather, precisamos ir. Tem algo... acontecendo. Posso sentir. Não iremos nos arriscar, ok?

Se ela pudesse, acho que choraria. Seu olhar era de desespero, e sua aura não o desmentia. Lentamente, ela tornou a dirigir, e retornou à via que nos levaria ao castelo. O tempo passava rápido, e eu ouvia vozes novamente.

“Falta pouco.” Esta frase se repetia e ecoava...

–-Chegamos. – Disse Heather, secamente. Diante de nós, havia um imenso castelo de aparência medieval, com uma torre no interior de suas muralhas, já destruídas pelo tempo. Havia também uma igreja próxima, em chamas.

–-Sir... Eric... onde ele está? Sei que está vivo!

“E agora, o grande final... venha. Sei que pode me ouvir. Por que demora tanto? Sir Eric está bem. Venha, Matthew.”

Congelei. Linus estava nos atraindo? Não conseguia discernir se mentia sobre Sir Eric. Não tinha coragem para avançar... mas precisava. Tinha de saber o que aconteceu. Comecei a andar e abri as portas do castelo. Heather caminhava ao meu lado, em silêncio.

Diante de mim, um grande saguão de entrada. Nos extremos das laterais, haviam portas, e uma grande escadaria surgia no centro da sala. A iluminação era de candelabros, lustres e velas espalhadas. No topo da escadaria, quase quatro metros acima dos pés da escada, estava um vampiro de aura brilhante e carregada de sombras, como Sir Eric. Tinha longos cabelos louros, presos em uma trança. Vestia um terno simples, mas impecável. Tinha na mão um florete de esgrima, e caído aos pés, um revólver. Sir Eric, nos primeiros degraus, carregava uma espada estranha, de metal enferrujado. Linus estava a alguns passos atrás de Sir Eric.

–-O que é isto, de Leon? Trouxe mais servos? – Disse o homem, com sotaque hispânico.

–-Matthew... – disse Sir Eric, surpreso. – Disse para não vir. Mas não importa mais, não é mesmo? Esperava mais de um líder Sabá.

–-Ora, de Leon, não seja rude. Você invade minha residência, rouba meus artefatos... Que de fato, fico muito feliz de descobrir que ainda existiam...

–-Meus artefatos! Tesouros de minha família! – Rugiu Sir Eric. – Todo este castelo, pertence a família de Leon!

–-Os tempos mudaram, de Leon. Ou devo dizer, cruzado de Leon. Os anos foram cruéis com você, não? Não obstante você não morreu naquela batalha, mas foi abraçado? – Ele começou a rir histericamente. – E por um Brujah, nada menos!

–-Antes morrer do que desertar como o covarde que está aqui, diante de mim, Miguel de Castilla. Ironia demais, você estar aqui, em terreno de meus descendentes? Ou não pôde resistir?

–-Ah, de fato. Seu castelo, se quer que chame assim, tinha tudo que eu poderia querer de um abrigo mundano... Mas o simples fato de pertencer a nossa história... Torna ele valioso demais.

–-Pois isso termina aqui, Miguel. Não esperava nunca mais encontra-lo, e agora posso finalmente, me vingar por ter abandonado nossa unidade. Degenerado desgraçado.

–-De Leon, De Leon. Você me chama de degenerado, mas parece não saber o que isso significa. É só porque sou Toreador? Ou por nossos antigos hábitos do Amaranto? E você sabe do que falo, posso ver em sua aura... – Ele terminou a frase sorrindo.

De repente, um estouro, e a cabeça de Miguel de Castilla perdeu um fragmento. Um pedaço do superior do crânio, olho direito e início da mandíbula explodiram com um tiro de Linus.

–-Já demoramos o suficiente, não? – Disse ele.

Concordando com a cabeça, Sir Eric correu os degraus instantaneamente, e com um golpe, decepou a cabeça de Miguel, atordoado.

--Finalmente... acabou. Irmãos, espero que tenham encontrado o descanso que merecem... – Sir Eric deixou a espada cair de sua mão, e ela se tornou esbranquiçada e sem ferrugem. Ele se voltou para nós.

--Ainda não acabou. – Disse Linus.