We Found Love In A Hopeless Place escrita por Mari Kentwell Ludwig


Capítulo 16
Capítulo 16




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Eu e Glimmer nos levantamos com um pulo, olhando em volta desesperadamente. Conquistador e Troop, que estavam organizando as armas, também estão de pé, procurando por algum indício da causa do canhão.

Marvel. Eu sabia que ele não era confiável. Brutus tinha toda a razão. Eles passaram a perna em nós.

Marvel deve ter atraído Clove de alguma forma para longe de nós e então aproveitou sua distração para acabar de vez com a vida dela. E agora ela está morta.

A última coisa que ouço, são os gritos de Glimmer, dizendo para que eu permaneça no acampamento. É óbvio que isso faz parte do planinho desses dois traíras. Não só Brutus como Clove também tinha razão. Ela estava certa quando disse que Glimmer estava tentando se aproximar de mim para me usar. Ela conseguiu a minha atenção momentaneamente. Tempo o bastante para que Marvel matasse Clove. E agora ela se foi. Escorreu como areia, por entre os meus dedos e eu não tive nenhuma oportunidade de impedir. Não, eu tive. Mas não aproveitei.

Mas talvez também possa ter sido outro tributo. Mas mesmo assim, não quero confiar nessa possibilidade.

Enquanto corro pela floresta atrás de Marvel para acabar com sua vida, meu rosto é agredido pelos galhos e pelas folhas que batem nele sem dó. Mas a dor maior não é essa. A dor maior é que ela se foi.

Sou obrigado a parar para recuperar o fôlego. Tenho que admitir que corridas nunca foram o meu forte. A culpa me atinge em cheio e só consigo pensar nela, nas mãos dele. Olho em volta, procurando qualquer indício da passagem deles, mas só há árvores a perder de vista.

Então ouço alguém me chamando, mas não é Clove ou Glimmer.

-Cato! – Quando a voz se aproxima mais, eu a reconheço. É ele. É Marvel.

Viro-me para a direção da voz e tiro a espada do cinto, pronto para atacar assim que ele der as caras. E é o que acontece.

Quando ele está a cerca de dez metros de distância eu já consigo vê-lo ele continua a falar:

-Nós ficamos preocupados. Por que você saiu correndo? Clove está te esperando lá na Cornucópia, quase morrendo de preocupação. – Ele esclarece ofegante enquanto para e se apoia nos joelhos.

-Clove está na Cornucópia? – Pergunto ainda meio descrente em Marvel.

-Está. Ela queria vir comigo, mas eu disse que era perigoso. O que houve?

-Nada. – Respondo relaxando os músculos, até então prontos para entrarem em ação. – De quem foi aquele canhão?

-Não sabemos ainda. Eu e Clove estávamos vasculhando os arredores e de repente ele soou. Clove quis voltar para ver se estava tudo bem no acampamento, mas quando chegamos lá Glimmer disse que você saiu correndo feito um louco para a floresta sem nenhuma explicação. Então eu vim atrás de você. Podemos voltar agora?

-Vamos. – Respondo enquanto prendo a espada novamente no cinto. Meu coração ainda bate desesperadamente dentro do meu peito. E meu cérebro ainda não captou a mensagem de que Clove está viva. Na realidade, eu ainda não consigo acreditar nele. De modo que me mantenho em alerta. – E, aliás, o que vocês foram fazer nos arredores? – Pergunto enquanto caminhamos de volta.

-Bem, nós fomos verificar se tinha algum tributo ou algo interessante. Encontramos uma fonte de água. – Ele responde aparentemente nervoso.

-Uma fonte de água? Que ótimo. Se nós conseguirmos esvaziar aquele lago, talvez precisemos dela. – Digo com raiva. – E eu acho melhor que isso não se repita. Se precisarmos verificar os arredores, pode deixar que eu informo vocês. E se você precisar de um companheiro, essa pessoa não tem que ser Clove. – Digo e ele se cala, cabisbaixo.

Quando alcançamos a Cornucópia, todos estão juntos no acampamento e revelam um ar aliviado quando surgimos na clareira. Principalmente Clove e Glimmer. Elas vêm ao nosso encontro.

-Onde você estava? – Pergunta Clove, quase que indignada.

-Eu ouvi o canhão e... achei que talvez vocês precisassem de ajuda. – Respondo.

-Mas não fomos nós quem matamos esse.

-Marvel disse. Mas vocês resolveram sair juntos, achei que tivessem formado uma nova e linda dupla de caçada. – Digo a ela, extravasando uma parte da raiva que sinto pelos dois.

Essa minha preocupação por Clove vai acabar me prejudicando. Como agora, que eu devo estar parecendo um idiota para toda Panem.

Volto para o acampamento e bebo um pouco de água.

Eu estava errado à repeito do 1. Eles não tinham um plano para eliminar eu e Clove, aparentemente. Mas aqui não se pode confiar em ninguém.

Quando todos se sentam no acampamento, Marvel começa a contar algumas piadas sobre outras edições dos Jogos. Sobre pessoas idiotas que morreram por causas mais idiotas ainda.

Obrigo-me a sair de perto de dele.

Estou com tanta raiva de Clove e Marvel, que prefiro me afastar para dizer algumas coisas a mim mesmo sem que ninguém ouça. Também estou com muita raiva de mim mesmo. Me sinto um completo idiota.

-Vou dar uma olhada nos arredores. – Informo a eles, olhando para Clove e Marvel.

Enquanto caminho pela floresta, começo a ouvir alguns sons que se assemelham as palavras que estou dizendo. Parece que tem alguém repetindo tudo o que eu falo, porém não consigo distinguir qualquer palavra. Olho em volta, mas não vejo ninguém. O som está aumentando, quando acabo topando em uma árvore por acidente. E lá no alto está o gravador de minhas falas. Um tordo.

Um bestante, criado pela Capital para gravar as conversas entre os rebeldes durante a rebelião. Depois os rebeldes descobriram para que eles estavam sendo usados, e então eles começaram a passar as mensagens erradas para que os tordos as enviassem para os líderes do país. Então, depois que descobriram que estavam sendo feitos de bobos, a Capital resolveu deixar os tordos na natureza para que morressem. Mas acabaram cruzando com outros pássaros e esse novo bicho surgiu. Eles perderam a capacidade de pronunciar palavras, mas ainda reproduzem sons. Bichos idiotas.

Fico tão irritado, que pego uma faca presa em meu cinto e me arrisco a lançá-la na direção do bestante. Surpreendentemente, outra faca mais rápida do que a minha atinge em cheio o tordo que cai morto da árvore.

-Duvido que você fosse conseguir. – Diz Clove.

-Eu iria. Se não fosse você. – Respondo pegando novamente minha faca do chão e prendendo-a ao meu cinto.

-O que você está fazendo aqui? – Ela diz enquanto limpa a faca na beirada de sua blusa que acaba revelando sua cintura. – Cato? – Ela pergunta me trazendo de volta à realidade.

-Vai lá ficar com o seu namoradinho.

- Vai você ficar com aquela loira azeda.

-É perigoso ficar por aqui sozinha. Volta pra lá.

-Quem é você pra falar isso comigo? Deveria ter deixado o Conquistador me matar. – Ela diz guardando a faca.

-Você já se esqueceu da nossa estratégia?! Nós dois temos que ficar vivos, Clove. – Digo. Mas isso não é isso o que eu tinha em mente. Clove, você sabe que eu nunca te deixaria morrer. Você é muito importante pra mim. Penso.

-Achei que você tinha feito isso por outros motivos. – Diz Clove, quase sussurrando.

Ela se vira anda em direção ao lado oposto ao acampamento.

-Clove! – Grito e ela se vira.

-Eu já disse que você deveria ter me deixado morrer então! E nem pense que vou te agradecer por ter salvado a minha vida. Aliás, volta para o acampamento, talvez Glimmer esteja correndo perigo e então você pode salvá-la por que ela sim, importa para você. - Ela diz, virando e seguindo para o acampamento.

Volto para o acampamento depois de um tempo observando o sol sumir no céu. Quando chego ao acampamento, todos já estão organizando os suprimentos para o jantar.

Anoitece e o hino de Panem começa a tocar e lá está o rosto da garota do 8, que matamos hoje de manhã. Apelido ela de “garota da fogueira”. E o canhão que ouvimos de tarde, pertencia ao garoto do 5. Mas ainda não sabemos sobre seu assassino.

Pego uma maçã, água e biscoitos. Há tanta comida que nem precisamos racionar.

-Quem vai ficar de guarda hoje? – Pergunta Troop, como sempre.

-Já que você se preocupa tanto com isso, fique você. – Digo totalmente mal-humorado.

-Ok. – Ela responde sem ligar para o que eu disse. Ou por medo ou por ela ter muita autoestima.

Deito em um lugar isolado de baixo do toldo. Não quero ninguém por perto essa noite. Depois de um tempo, adormeço.


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