We Found Love In A Hopeless Place escrita por Mari Kentwell Ludwig


Capítulo 15
Capítulo 15




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Corro o mais rápido que posso até a Cornucópia sem pensar em mais nada. Sou um dos primeiros a alcançá-la. Pego cinco lanças e acerto uma garota que tentava pegar alguns suprimentos há alguns metros de distância. Olho em volta tentando compreender um pouco do que está acontecendo. Dois tributos, provavelmente do mesmo distrito, estão carregando uma caixa cheia de comida. Sem pensar, atiro mais uma das lanças no garoto. A garota entra em pânico, tentando arrastar sozinha a caixa que por sinal é bem pesada. Atiro nela também. Corro para dentro da Cornucópia e lá encontro Glimmer e Marvel protegendo suprimentos e armas. Avisto um machado e vou loucamente ao seu encontro. Quando o alcanço, percebo que outra pessoa também estava de olho nele. O garoto do 6. Aquele que tenho certeza que roubou a minha faca no treinamento. Porém consigo ser mais rápido e pegar o machado primeiro. Ele está na minha frente olhando desesperado, mas nem ousa se mexer, pois sabe que não tem mais chance.

–Bem, talvez eu não tenha cumprido com a promessa de que você seria o primeiro a quem eu mataria aqui. Mas pelo menos, cumprirei com uma parte da promessa. – Digo ironicamente, o mais rápido possível, enquanto enfio o machado em seu estômago e ele cai inerte.

Corro de volta até a Cornucópia. O Banho de Sangue já acabou. Os que conseguiram se salvar já se mandaram para dentro da floresta, e os que não tiveram a mesma sorte, estão espalhados pela grama ao meu redor.

Quando me aproximo, percebo que não há ninguém por lá. Ao entrar na Cornucópia, concluo que estava errado. O franzino garoto do 4 acabara de se levantar. Provavelmente ficou escondido o Banho de Sangue inteiro, e achou seguro sair agora. Eu não teria a mesma certeza. Assim que ele me vê, dá um pulo de susto e tenta argumentar algo, talvez uma tentativa de aliança, mas o fato dele ser do 4 não me fará mudar de ideia. Antes que eu possa entender o que ele está dizendo, corto seu pescoço com o machado. Nem me preocupo em ver o estado em que deixei o corpo.

Avisto um arsenal de espadas intocado na parede. Escolho a maior e mais brilhante de todas. Só então me lembro dos outros. Antes que possa sair para procurar ouço um berro de alguma garota, bem familiar. Saio da Cornucópia para tentar ver o que está acontecendo e encontro Clove sendo imobilizada com uma faca no pescoço, no limite da clareira. Quem está a imobilizando é Conquistador.

Ele começa a sussurrar algo em seu ouvido que faz com que ela se cale. Com a espada na mão, corro até os dois, mas antes que eu consiga me aproximar, ele percebe a minha presença e aperta Clove ainda mais. Seu rosto está com alguns hematomas roxos se formando e ele deve ter fraturado alguma perna, pois muda de posição frequentemente e suas feições são de dor quando ele o faz.

–Se você tentar alguma coisa, ela morre.

Clove me olha desesperada.

–Solta ela! – Digo fazendo o possível para que minha voz não soe tão desesperada quanto está.

–Me deixem entrar pra aliança que tudo fica bem. Ou então vão perder a melhor atiradora de facas entre vocês. Apesar de eu saber que ela não é só uma mera atiradora de facas, pelo menos pra você. – Ele diz, me olhando com um olhar desafiador.

Sem hesitar e nem pensar nas possibilidades – penso apenas na possibilidade de Clove morrer aqui e agora –, respondo imediatamente.

–Tudo bem. Você tá dentro.

Ele ainda não solta Clove. Apenas diminui a pressão da faca em seu pescoço.

–E pra garantir a minha sobrevivência entre vocês, eu também tenho outra coisa que você quer.

–Do que você está falando? Eu já disse que você está dentro. Solta a Clove, agora.

–Ei, calma. Eu tenho informações úteis sobre Katniss. Posso ajudar vocês a encontrá-la e acabar logo com esse “probleminha”.

–Não vou repetir. Agora solta ela.

–Certo. – Ele diz com um sorriso e finalmente solta Clove.

Ela se afasta dele rapidamente, esfregando a mão no pescoço.

–Você tá bem? – Pergunto me aproximando, completamente aliviado quando ela assente com a cabeça. Ela se aproxima mais de mim, tirando uma faca do cinto, prestes a se virar a lançá-la no garoto. Faço um sinal negativo com a cabeça e ela recoloca a faca no cinto, relutante.

–E a propósito, meu nome é Peeta. – Ele diz estendendo a mão para um cumprimento, como se nada tivesse acontecido.

–Que seja. – Respondo recusando o cumprimento.

Agora que Clove está livre, se eu quisesse poderia matá-lo aqui e agora, como ela mesma faria segundos atrás, mas precisamos de suas informações pra achar Katniss, e como ele mesmo disse acabar logo com esse “probleminha”.

De repente, avistamos Marvel, Glimmer e uma garota, acho que é a do 4, se aproximando.

–Distrito 4? – Pergunta Clove

–Sim, sou Troop. Treinei bastante no meu distrito e sei muita coisa sobre como arranjar comida.

–Achamos ela aqui por perto. Pelo menos também é Carreirista. E o que ele tá fazendo aqui? – Pergunta Marvel.

–Ele esta na aliança agora.

–Ele? – Ele continua incrédulo.

–Sim.

–Mas como?

–Isso não te interessa. – Respondo logo, evitando mais explicações.

–E quanto a ela? – Pergunta Glimmer empurrando a garota para frente.

Troop começa a se desesperar à procura de algum argumento para que a deixemos viva.

–Eu também sei lutar.

Olho em volta. Me lembro do que Brutus e Enobaria disseram sobre se aliar a ela. Talvez mais um não faça diferença. Até ajude.

–Tudo bem. Você está dentro. – Digo.

No mesmo momento ela desaba no chão tentando recuperar o fôlego e estancando com o próprio casaco o ferimento em sua cabeça.

Então começam a soar os canhões, indicando cada um, a morte de um tributo no Banho de Sangue. No total, 10 mortos.

–Vamos ver o que conseguimos. – Digo, e então seguimos até a Cornucópia.

Eu, Marvel e Conquistador resolvemos recolher o que está do lado de fora enquanto Clove, Glimmer e Troop conferem o que há lá dentro. Então me lembro de que há mais do que armas e comida lá.

Não há muito do lado de fora além de algumas armas e algumas caixas de mantimentos que alguém tentou carregar. Quando pegamos a caixa do casal de tributos que matei, aproveito para pegar as lanças. Depois de recolher tudo, voltamos para a Cornucópia.

Clove não parece abalada nem amedrontada por causa do Conquistador. Sua expressão é de puro ódio olhando a todo o momento para o garoto, que ao perceber o olhar mortífero dela, parece meio desconfortável e preocupado. Não faço ideia de como tenha conseguido imobilizar Clove, mas acho que ele mesmo pensa que ele não conseguirá repetir o seu grande feito.

Reencontro o garoto do 4, decapitado no chão. Troop também parece não ter se abalado tanto com sua morte.

–Você era amiga dele? – Pergunto à Troop enquanto contorno a poça de sangue para adentra na Cornucópia.

–Não. Nunca havia o visto na vida até a Colheita. Acho que ele morava do outro lado do Distrito.

–Terminaram? – Pergunta Marvel.

–Colocamos algumas coisas nas mochilas e no resto não mechemos. – Diz Clove indicando uma pilha de caixas no canto.

–Vamos colocar tudo lá. – Digo pegando uma das caixas que pegamos do lado de fora e colocando na pilha. Marvel e Conquistador fazem o mesmo com as outras.

Quando tudo está empilhado, Marvel avisa:

–É melhor sairmos daqui para eles recolherem os corpos.

–Sim, mas o que faremos? – Pergunta Glimmer.

–Vamos para a floresta. Vi Katniss ir para lá no Banho de Sangue. – Comenta Conquistador.

–Tudo bem. Cada uma pega uma mochila. Vamos.

Passamos o resto da tarde andando sem sinal de ninguém. Conforme a noite se aproxima, a temperatura começa a cair drasticamente. Está começando a anoitecer quando o hino começa a tocar, revelando os mortos de hoje. A garota do 3, o garoto do 4, a garota e o garoto do 6, ambos do 7, o garoto do 8, o casal do 9 e a garota do 10.

Avistamos uma claridade anormal em meio às árvores. Nos aproximamos cuidadosamente sem fazer barulho até constatarmos que se trata de uma idiota que acendeu uma fogueira. Seria mais prático ela saísse correndo e gritando “Estou aqui! Venham me matar!”.

–Me deixa acabar com ela. – Sussurra Glimmer.

–Certo, mas vamos esperar até ela cochilar. Se não ela pode correr e vamos acabar perdendo-a. – Respondo sussurrando. – Vamos armar acampamento aqui hoje.

–Quem fica de guarda? – Pergunta Troop.

–Eu. – Diz Clove se oferecendo. Sinto-me melhor em saber que ela ficará de guarda. Eu confio nela.

–Quer que eu fique com você? – Pergunta Marvel.

–Não precisa. – Ela responde e se senta encostada em uma árvore, enquanto verifica sua mochila, recheada de facas.

Sento-me e como uma maçã com alguns biscoitos. Em seguida, adormeço rapidamente.

O dia mal amanheceu e quem está acordado é Marvel, não Clove. Eles devem ter trocado de turno durante a noite. Nos levantamos e seguimos até a garota sem nos preocupar em sermos vistos. Assim que surgimos entre os arbustos, percebemos que ela está dormindo. Entrego a espada à Glimmer que ao se aproximar acaba a acordando. Quando se dá conta do que está acontecendo, ela começa a gritar desesperadamente:

–Por favor! Não! Não! – A garota pede em desespero.

Glimmer ignora totalmente e enfia a espada na barriga da garota que se cala.

Clove verifica se ela tinha algo de usual consigo, mas não encontra nada.

–Doze abatidos e onze a caminho! – Digo em alto e bom som. Começamos a desmontar o breve acampamento que montamos. - Melhor dar o fora, para que eles possam recolher o corpo antes que comece a apodrecer.

Seguimos alguns metros à frente.

–A gente não deveria ter ouvido um canhão? – Pergunta Clove parando a caminhada.

–Eu diria que sim. Não há nenhum empecilho para eles atirarem imediatamente. – Diz Glimmer

–A menos que ela não esteja morta. – Retruca Clove.

–Alguém deveria voltar para ver se o trabalho foi feito. – Diz Troop.

–É mesmo, ninguém vai querer caçá-la de novo. – Diz Clove querendo irritar Glimmer.

–Eu disse que ela está morta! – Grita Glimmer nervosa.

–Então por que não ouvimos o canhão? – Berra Clove enquanto vai para cima de Glimmer. Marvel entra no meio tentando apartar a briga.

–Nós estamos perdendo tempo! Vou lá terminar o serviço nela e a gente segue caminho. – Diz Conquistador encerrando a discussão.

–Vai lá então, Conquistador. Veja você mesmo. – Digo.

Ele pega uma faca e volta pelo mesmo caminho pelo qual viemos. Quando ele já se afastou, Marvel começa a falar com a voz abafada:

–Por que a gente não mata ele agora e acaba logo com isso?

–Vamos continuar com ele. Qual é o perigo? E ainda por cima, ele é bom com aquela faca. – Digo. Não podemos matá-lo agora. Ele é a nossa maior esperança de achar Katniss. E, além disso, caso ele tentasse algo contra nós, sem dúvida nós teríamos muito mais vantagem. Ele não é idiota a ponto de fazer isso.

–Além disso, ele representa nossa principal chance de encontrar a garota. – Relembra Clove.

–Por quê? Você acha que ele comprou aquela historinha romântica? – Pergunta Marvel.

–Talvez sim. A coisa toda pareceu muito simplória pra mim. Sempre que penso nela rodopiando naquele vestido sinto vontade de vomitar. – Diz Clove.

–Gostaria de saber como foi que ela conseguiu aquela nota 11. – Comenta Glimmer.

–Aposto que o Conquistador sabe. – Digo ao perceber que ele está voltando. – Ela estava morta? – Pergunto com a voz mais alta.

–Não. Mas agora está. – No mesmo momento, soa o canhão confirmando. – Vamos indo? – Ele pergunta pegando sua mochila.

Continuamos a caminhar até chegarmos a novamente a Cornucópia. Os corpos já foram recolhidos e lá estão os nossos suprimentos. Aparentemente intactos. Já duvidava que alguém fosse se arriscar a pegá-los sem ter certeza de que isso poderia ser tudo parte de uma armadilha.

–Acho que deveríamos montar um acampamento. – Diz Marvel.

–Concordo. – Diz Clove.

Verifico o que conseguimos e acho uma cobertura de plástico. Com alguns galhos isso pode se tornar uma proteção bem eficiente.

–Tá. Mas alguém tem que ir buscar alguns galhos. – Respondo.

–Eu vou. – Diz Marvel pegando um machado.

–Eu vou. – Diz Conquistador.

–Eu também. – Interrompe Troop.

Os três seguem pela floresta. Eu, Clove e Glimmer esticamos o plástico para ver suas dimensões. É bem grande.

Logo eles reaparecem com os galhos que devem ter uns dois metros de comprimento. Cortaram de alguma árvore.

Eu, Marvel e Conquistador nos encarregamos de montar a proteção, e depois Clove, Glimmer e Troop organizam tudo de baixo do toldo.

Finalmente acabamos. Ficou razoável. Resolvemos descansar. Sento-me em cima de uma caixa, ao lado de Glimmer. Clove chega e se senta em outra caixa à nossa frente e começa a afiar uma faca.

–Você ficou cansado, Cato? – Pergunta Glimmer acariciando o meu rosto.

–Não, e você? – Pergunto.

–Não. – Ela sussurra enquanto se aproxima para um beijo.

Marvel aparece, mas não dou à mínima.

–Ei, será que dá pra parar? – Pergunta Clove irritada. – O que acha de irem atrás de alguns tributos ao invés de ficarem aí se pegando?

Glimmer ignora e volta a tentar uma aproximação. Não tenho nada contra Glimmer, mas ela parece estar forçando muito as coisas. Desde que nos vimos pela primeira vez, ela tenta se aproximar de mim. Não que eu não goste ou não esteja acostumado – muito pelo contrário, afinal a aproximação de garotas é uma das coisas mais comuns que acontecem comigo no 2 – mas digamos que a arena não é lugar para romances. Tento enfiar isso na minha cabeça desde que comecei a me preocupar excessivamente por certas pessoas...

Clove e Marvel se levantam e se afastam.

–Não ligue para eles. – Ela diz com um tom sedutor.

Ah, quer saber, vou fazer exatamente o que Glimmer disse. Se Clove não se sentiu grata por eu ter salvado a vida dela ontem na Cornucópia e ainda prefere ir sabe-se lá para onde com Marvel, isso é problema dela. Pouco importa o que eu prometi para mim mesmo. Mas de repente, algo faz com que nós dois adquiramos feições preocupadas. Um canhão.


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Notas finais do capítulo

No banho de sangue original, houveram 11 mortos mas eu fiz uma mudança e fic só 10 mortos. O tributo que acabou sobrando, (tributo do 5) vai morrer depois. Espero que vocês gostem da mudança que eu fiz!



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