We Found Love In A Hopeless Place escrita por Mari Kentwell Ludwig


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Acordo com o sol da manhã iluminando o meu quarto. Ainda me encontro cansado, devido ao dia anterior, afinal, o dia anterior, foi o dia da apresentação.

Há muitos anos atrás, aqui existia um lugar chamado América do Norte. Arruinado por desastres naturais até que restasse apenas um pedaço de terra que foi brutalmente disputado até finalmente se tornar uma nação dividida em 13 distritos e uma Capital: Panem. Os distritos deveriam oferecer cada um, um serviço para a Capital, o centro rico e controlador, que em troca fornecia uma pequena quantidade de comida e verba aos distritos, que devido a isso viviam na miséria. Ninguém nunca concordou então vieram os Dias Escuros. Os 13 distritos se rebelaram contra a Capital, mas foram vencidos, com exceção do 13° distrito que foi aniquilado. Então foram criados os Jogos Vorazes como punição pela revolta. Decretado pelo Tratado da Traição, cada um dos 12 distritos restantes em Panem devem oferecer uma garota e um garoto entre 12 a 18 anos de idade para serem levados a uma arena que pode variar anualmente de um deserto escaldante a uma geleira congelada. Os tributos devem lutar nessa arena até a morte, sendo filmados e transmitidos para toda Panem vinte e quatro horas por dia, até que reste só um vencedor que é premiado com dinheiro, fartura e honra para o resto de sua vida.

O Distrito 2, juntamente com os distritos 1 e 4, se destacaram nas edições dos Jogos, vencendo inúmeras vezes, e ganhamos o apelido de “Carreiristas”. Os distritos Carreiristas investiram no treinamento de seus futuros tributos, como eu, que treino desde os sete anos de idade. O treinamento antes dos Jogos é ilegal, mas a Capital sempre fez vista grossa para isso, pois os Jogos Vorazes acabaram se tornando uma atração muito bem apreciada pelos habitantes da Capital.

A situação dos distritos não mudou muito depois dos Dias Escuros. Todos eles ainda são obrigados a fornecer serviços a Capital e ainda vivem na miséria, com exceção do 2, 1 e 4. Porém, devido aos Jogos, a situação é bem mais passiva em todos os distritos. Em 74 anos de Jogos Vorazes, ninguém nunca ameaçou um novo levante, apesar de também não concordarem em ver suas crianças morrendo anualmente.

Nós do Distrito 2, temos de certa forma, uma feliz vantagem sobre os outros distritos. Após os Dias Escuros, a força militar da Capital foi transferida para cá. Por termos a força da Capital em mãos, somos agraciados com mais comida e verba que os outros, o que nos permite viver bem, apesar de às vezes sermos castigados com avalanches, deslizamentos de terra a enchentes devido ao relevo montanhoso do distrito.

Desde pequeno, ingressei nos treinamentos do distrito. Quando eu era pequeno não via muito significado nisso, mas hoje é a minha meta a ser cumprida: vencer os Jogos Vorazes e trazer honra e glória ao meu distrito.

Na véspera de cada Colheita ­- a cerimônia na qual os tributos são sorteados - os jovens acima de 15 anos do Distrito 2 devem demonstrar suas habilidades para todo o distrito. Porém, esse ano houve uma exceção. Uma garota chamada Clove, que tem 14 anos, participou da apresentação. Daí você me pergunta: Como? Ela é simplesmente uma expert em facas. Ela consegue acertar um alvo há 10, 15, 20 metros de distância. Isso deixou os treinadores tão impressionados que a deixaram participar mesmo não tendo idade o suficiente.

Eu sempre tive bastante fama com as garotas. Praticamente todas elas vivem aos meus pés, então eu poderia ter qualquer garota que quisesse. Mas nenhuma delas mexeu comigo tanto quanto Clove. Quando a vi pela primeira vez, ela tinha apenas sete anos de idade e eu nove. Ela ficava constantemente agarrada à sua mãe com uma cara totalmente doce e inocente. Depois disso passei a observá-la no treinamento. Toda aquela visão doce e inocente que eu tinha dela se esvaiu quando eu a vi atirando facas pela primeira vez. Eu nunca tive coragem para trocar nenhuma palavra sequer com ela. De alguma forma estranha, ela é uma das únicas pessoas que consegue me fazer sentir meio nervoso.

Ela tinha um irmão que participou dos Jogos Vorazes, mas acabou morrendo. Eu tinha apenas doze anos e Clove dez. Ela ficou tão desolada com a morte dele, que saiu correndo feito louca em direção a um antigo bosque que há em nosso distrito. Eu a segui e desde esse dia nós viramos amigos. Quase todo dia nós nos encontrávamos lá. Ela tem outro irmão mais velho, mas eu não sou próximo dele. Então o tempo passou e nós nos afastamos. Hoje em dia ela nem olha mais na minha cara. E eu, acabei esquecendo ela. Pra mim, ela se tornou apenas mais uma menina. Até ontem.

Depois de um tempo enrolando, tomo coragem e me levanto. Vou até o banheiro, tomo um banho. Graças ao concerto que meu pai fez no chuveiro na semana passada, agora temos água quente novamente. Depois do banho, coloco o meu uniforme de treinamento e desço as escadas até o andar de baixo de nossa casa. Estou pronto para ir ao Centro de Treinamento do Distrito 2, para um último treinamento antes da Colheita, que acontece às 8:30, no palco do Edifício da Justiça. Brutus pediu para que eu faça uma apresentação de esgrima, então não posso faltar. E já tomei a minha decisão: irei me oferecer como tributo desse ano. Todo ano seu nome é inscrito na Colheita. E essa contagem vai acumulando com o passar dos anos. Nesse ano meu nome vai está na bola de cristal cinco vezes. Treinei minha vida inteira, arduamente, para isso. Brutus, o meu treinador desde que ingressei no treinamento e o tradicional mentor dos Jogos junto com Enobaria, também outra treinadora, disse que hoje eu sou o seu melhor esgrimista. Já sei muito, mas do que precisaria em todos os termos, comparados aos outros tributos fracos e desnutridos que aparecem todos os anos, vindos dos outros distritos. Então, o que tenho a perder?

Na cozinha, terminando de preparar o café da manhã, encontro meu pai. Alto e atlético, devido aos seus quinze anos como Pacificador. Cabelos loiros, olhos azuis e 39 anos de idade.

–Olha só o meu filhote! Pronto para ser escolhido e arrasar aqueles distritos? - Meu pai pergunta sarcasticamente.

–Sempre!- Respondo com ar de superioridade.

Então me sento e tomo o meu café junto a ele. Ele fez o meu prato preferido hoje. Panquecas com bacon.

Comemos em silêncio depois disso. Quando termino, me despeço rapidamente de meu pai e sigo a pé pelas ruas inclinadas do Distrito 2. Nossa casa é na cidade principal do distrito, onde fica o Centro de Treinamento e o Edifício da Justiça. No caminho, encontro Joe, meu melhor amigo, me esperando na esquina.

–Oi, Cato! – Ele me cumprimenta.

–Oi! Ansioso?

–Um pouco. Nada de especial.

–Tipo, nada de especial mesmo?

–Claro! O que você esperava?!

–Nada. – Resolvo deixar o meu plano de me oferecer como tributo em sigilo. Joe é meu grande amigo, o conheci logo que comecei no treinamento. Mas não quero que ninguém, fique sabendo disso antes do tempo.

Continuamos a caminhada até chegarmos ao Centro de Treinamento. Ele está completamente abarrotado de outros jovens como nós. Alguns mais velhos outros mais novos, mas todos com o mesmo objetivo. Olho em volta, para ver se consigo alguma brecha para finalmente entrar e conseguir falar com Brutus.

Consigo me esquivar entre algumas pessoas, e acabo deixando Joe para o lado de fora. Assim que consigo me soltar da multidão avisto Brutus e ele anda direto em minha direção.

–Você está atrasado. – Ele diz sem nenhum cumprimento especial antes.

–Mas você disse que começaria às 7:00. – Tento argumentar.

–E são 7:15. Vamos andar logo com isso. Venha comigo.

Sigo-o até o arsenal. Escolho uma espada e então ele me indica o lugar onde devo ir, Uma extensa sala com paredes de vidro, cheia de alvos e bonecos, nos quais irei demonstrar o que sei.

–Depois que terminar, você está liberado.

–Vocês ficarão aqui até que horas?

–Até as 8:00, quando começa a Colheita do 1.

Deixo Brutus e sigo até a sala dos alvos. Quando me aproximo, consigo ver outras pessoas também demonstrando que sabem. Alguns usam foices, outros machados, outros usam massas, outros arcos ou machetes ou... facas. Lá está ela, Clove, atirando facas como se a sua vida estivesse em risco, aqui, nesse momento. Ela não erra uma.

Procuro alguns bonecos. Começo a apunhalá-los rapidamente, girando e me esquivando, mas no caso não há do que me esquivar. Depois de cerca de quarenta segundos, todos os bonecos estão todos decepados no chão. Ouço aplausos das pessoas que conseguiram entrar na área de treinamento, mesmo com o tumulto.

Procuro outros alvos e bonecos para usar. Avisto alguns no canto da sala. Sigo em direção deles, mas antes que eu possa alcançá-los, Clove já tomou posse deles com suas facas. Ela olha com um olhar desafiador para mim. Viro-me sem responder de nenhuma forma. Não há nenhum outro alvo livre na sala. Avisto os alvos esfaqueados de Clove e resolvo treinar neles mesmo, afinal, ainda estão em bom estado. Só tem algumas facas cravadas em suas cabeças.

Depois de mais uma levada de cortes, acabo com os outros alvos. O sinal toca. Agora, trocaremos com outros que também querem demonstrar suas capacidades.

Saio da sala, um pouco suado, e encontro com Joe do outro lado do saguão.

–Como conseguiu entrar? – Pergunto a ele, girando a espada na mão.

–Me esquivei um pouco.

–Você não vai treinar?

–Vou. Estou no próximo grupo para a sala dos alvos.

Bebo um pouco de água no bebedouro e então o sinal toca.

–É a minha vez. – Diz Joe.

–Vai lá.

Ele segue até a sala e começa a “matar” os bonecos com sua especialidade: foices.

Vou até o arsenal e devolvo a espada. A minha ansiedade começa a aparecer. Mal posso esperar para a Colheita.

Joe reaparece depois que o sinal toca novamente.

–Brutus disse que já posso ir. Você ainda vai ficar até as 8:00? – Pergunto.

–Não. Vamos agora?

–Vamos.

Vamos até a saída, no portão principal, que está bem mais vazio. A multidão já foi embora e os que estavam se apresentando estão indo agora. Seguimos para casa.

–Nos veremos mais tarde. – Diz Joe quando chega perto de sua casa.

–Certo. Nos veremos.

Sigo pelo resto do caminho sozinho. Dentro de suas casas, todos já estão animados esperando pela Colheita do 1. A Capital faz um tipo de escala durante o dia da Colheita para que todos possam ver a programação ao vivo, mas só os residentes da Capital conseguem fazer isso, pois não têm que participar de nenhuma Colheita, que ocorre em todos os distritos, porém em horas diferentes. Os sorteios ocorrem até as 14:00, com a Colheita do Distrito 12. Cada cerimônia deve durar meia hora. Então o trem da Capital – que transporta os tributos – passa de distrito em distrito para pegar os tributos. A viagem é muito rápida, pois o trem consegue atingir a velocidade de 400 quilômetros por hora. Só depois de passar por todos os distritos ele então ,segue para a Capital.

Chego em casa. Meu pai está na cozinha, provavelmente lavando a louça do café da manhã. Até que para um ex-pacificador ele sabe cuidar da casa. Minha mãe, Colin, eu nunca cheguei a conhecer. Meu pai nunca fala muito sobre ela, mas sei é que ela morreu dias depois do meu nascimento. Depois disso, meu pai me criou sozinho, então era de se esperar que ele soubesse fazer coisas assim.

Como o dia da Colheita é um feriado eu não preciso ir para a escola e meu pai não precisa ir à mercearia da família, que agora é ele quem administra.

Subo as escadas, vou em direção do meu guarda-roupa e pego minha roupa que eu tinha comprado há pouco tempo para a Colheita. Depois sigo para o banheiro. Tomo banho e me arrumo. Quando termino, me olho no espelho: cabelo penteado para o lado, camisa levemente azulada com a as mangas dobradas que vinham até os cotovelos e o resto dentro de uma calça preta. Nos pés eu estou com um sapato também preto bem brilhante.

Desço as escadas e meu pai já está pronto me esperando na sala enquanto assiste o início da Colheita do 1.

–Como foi lá? – Ele pergunta se desviando da pequena televisão que fica na sala.

–Me sai bem. – Respondo.

–E a Colheita?

Meu pai foi quem sempre me cobrou à repeito disso. Ele sempre faz questão de dizer que quer que eu me torne um tributo vencedor. Isso fez com que eu me tornasse mais motivado em atingir essa meta tão sonhada por muitos.

–Não vai ser só mais uma.

–Não importa o que aconteça. Eu estou com você. – Ele diz sorrindo.

–Obrigado, pai. – Respondo sorrindo também.

–Agora vamos. Ou não vamos conseguir lugar na praça para a Colheita. – Diz meu pai se levantando e desligando a televisão.

Seguimos diretamente para a praça, onde é realizada a Colheita. Nunca podemos nos atrasar ou faltar a Colheita. Por mais que você esteja quase morrendo, você tem que comparecer se não quiser ser morto de vez ou torturado pela Capital. Eles não têm dó.

Ao sair de casa, uma multidão segue em direção à praça como é de costume todo ano. Ao chegar lá, meu pai me dá um forte abraço e me deseja “boa sorte”. Então, ele segue para área destinada aos parentes. Eu tenho de entrar na fila do registro. Quando é chegada a minha vez, uma mulher com roupa de pacificadora fura o meu dedo, o pressiona sobre uma folha de papel com meu nome e depois confere a autenticidade e me libera para seguir para a ala dos jovens com 16 anos. O final da Colheita do Distrito 1 está sendo transmitida nos telões.

As pessoas terminam de chegar. As que não puderam ficar na praça, acabam tendo de assistir à Colheita dos outros telões colocados nas ruas ao redor do edifício, que foram interditadas. Cerca de dez minutos depois o prefeito entra e se senta junto a Enobaria e Brutus, os mentores. Ele começa a ler a história de Panem e quando acaba se dá início a Colheita. Como sempre, Kate Westran sobe ao palco e começa a tagarelar nos cumprimentando.

Depois que Kate termina de falar, ela passa um vídeo mais chato ainda que eles também passam todo ano, relembrando de o porquê de estarmos aqui. Ela retorna ao microfone.

–Feliz Jogos Vorazes! Que a sorte esteja sempre com você! - Ela diz sorrindo, a fala tradicional dos Jogos Vorazes.

Então ela caminha em direção à bola de cristal que contém o nome do tributo feminino. Cuidadosamente, ela tira um papel e volta ao centro do palco pra anunciar à escolhida. Nem estou ligando quando ouço uma voz feminina se manifestando no meio da multidão. Me viro e vejo uma menina de aparentemente 13 anos com a mão levantada.

–Eu me ofereço como tributo feminino da septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes.

A ansiedade para ser um tributo é tanta que quase não há sorteio na Colheita no 2. Quase sempre tem alguém se oferecendo como tributo. Isso é viável, desde que os voluntários formem um casal. As pessoas também podem se oferecer por outras pessoas, indo para os Jogos no lugar delas, desde que a pessoa que se ofereça seja do mesmo sexo da pessoa sorteada.

–Eu também me ofereço como tributo. – Grita Clove.

As duas seguem se encarando em direção ao palco. Ao se aproximarem, elas continuam:

–Eu me ofereço como tributo.

–Não, serei eu.

Elas começam e berrar uma para a outra e dois Pacificadores aparecem para separar a briga que estava se formando.

–Bem, parece que temos um problema aqui. – Diz Kate. Ela chama as duas ao palco.

–Qual é o seu nome, queridinha? – Ela pergunta à Clove.

–Clove Kentwell.

–E o seu? – Pergunta Kate para a outra garota.

–Badly Wounded.

–Palmas para as nossas duas candidatas a tributo da 74ª edição dos Jogos Vorazes!

Todos batem palmas.

-A coragem de vocês é realmente notável. - Ela continua. - Mas só uma poderá ser o tributo feminino e receio que essa pessoa será Badly, pois ela se ofereceu primeiro.

-Eu não teria a mesma certeza. - Diz Clove olhando friamente para Badly. Quando estão lado a lado, Clove é maior do que ela e acho que isso seria intimidador. - Se ela se ofereceu como tributo, eu me ofereço no lugar dela.

Um burburinho surge em meio a multidão.

O olhar de Clove fora tão intimidador, que fez com que a menina não arriscasse se oferecer no lugar dela também. Se isso acontecesse, a discursão seria interminável.

Tento procurar Joe em meio à multidão, mas não tenho nem sinal dele. Desde o treino hoje de manhã, não o vi mais. Espero que se eu realmente me tornar o tributo deste ano, ele consiga ir se despedir de mim.

Clove é o tributo feminino. Se eu me oferecer, sei que em alguma hora, teremos de nos enfrentar. Ela não é o tipo de pessoas que eu gostaria de ver morta, principalmente se o assassino for eu mesmo. Penso comigo enquanto observo Clove ser levada ao centro do palco. Kate segue na direção da bola de cristal com os nomes dos tributos masculinos.

Não achava que isso seria tão agonizante. O fato de Clove ser o outro tributo acaba desaparecendo na minha cabeça quando Kate enfia a mão na bola de cristal. Começo a me preocupar com a possibilidade de outro também querer se oferecer, então antes de qualquer um, me lanço à frente, dizendo:

–Eu me ofereço como tributo masculino da septuagésima quarta edição. – Depois de dizer isso em alto e bom som para que todos ouçam me encaminho ao palco. Todos abrem caminho cochichando entre si. Depois de subir no palco e me posicionar ao lado de Clove, Kate volta ao microfone.

–Mas algum voluntário? – Kate pergunta, mas só ouve o barulho do vento. – Qual é o seu nome? – Ela pergunta.

–Cato Hadley.

–Muito bem. E aqui estão os dois tributos do Distrito 2 que participarão da 74ª edição dos Jogos Vorazes! Vamos aplaudi-los!

Todos começam a bater palmas incessantemente enquanto eu tento achar meu pai ou Joe em meio à multidão, mas não consigo. Então o prefeito volta ao microfone para começar a leitura do Tratado de Traição. Mal posso acreditar que estou prestes a participar dos Jogos Vorazes! Meu maior temor era de que isso talvez nunca acontecesse comigo. A felicidade e orgulho se instalam em mim e nem me preocupo em pensar no que virá depois.

–Meus parabéns e que a sorte esteja com vocês! - Ele diz ao acabar de ler o tratado, olhando em nossa direção.

A cerimônia acabou. Dois pacificadores direcionam eu e Clove a entrar no Edifício da Justiça. Depois de descermos uns dois lances de escadas, eles mandam Clove para uma sala, e logo em seguida, eu para outra.

Poucos minutos depois, a porta se abre e meu pai é deixado na sala para se despedir. A felicidade dá lugar à agonia. Meu coração parece estar se sufocando, pois é claro que eu não estou com isso em mente, mas essa pode ser a última vez que eu o veja.

Ele vem em minha direção e começa a falar olhando bem em meus olhos.

–Meu filho, primeiro eu quero que você se lembre sempre, que eu te amo mais do que tudo. Eu não sei o que vai acontecer a partir de agora, mas eu estarei sempre ao seu lado, torcendo por você. Irei apostar o máximo que puder em seu nome, e não me decepcione. Você pode vencer esse negócio, Cato.

–Eu prometo pai. Não vou te decepcionar.

Continuamos abraçados sem trocar nenhuma palavra.

Os pacificadores voltam para levar meu pai e quando ele percebe isso, só consegue dizer “eu te amo”. Eu grito a mesma coisa, mas não tenho certeza se ele ouviu.

Começo a ficar apreensivo. A porta se abre de novo e lá está Joe.

Ele anda na minha direção e me abraça.

–Tenho certeza de que você vai ganhar isso. Você pode. – Ele diz.

–Eu... eu sei. – Respondo.

–Bom, vê se não acaba como aquelas pessoas patéticas da Capital.

–Não vou. – Digo abrindo um breve sorriso, sem mostrar os dentes.

–Boa sorte. – Ele diz me abraçando novamente.

Os Pacificadores reaparecem e ele é obrigado a sair. Sinto-me tendo de me despedir não só do meu pai, como também de um irmão.

Começo a ficar apreensivo quando uma Avox entra na sala e me oferece um copo d’água. Eu aceito, afinal depois disso tudo, eu precisava me acalmar. Ela sai da sala e eu fico lá sozinho. Só então paro para ver onde estou realmente. Uma sala, dentro do Edifício da Justiça, dedicada as despedidas dos tributos desde o começo dos Jogos. Apesar disso, ela é bem conservada, limpa e luxuosa. Cruzo um grande tapete espesso e colorido para chegar do outro lado da sala e me em um sofá de veludo azul claro.

Poucos minutos depois os pacificadores entram e me encontro com Clove novamente no corredor. Eles nos levam para fora do Edifício da Justiça onde entramos em um carro junto à Kate e seguimos para a estação. Olho atentamente as ruas do Distrito 2. As pessoas voltando para suas casas nos pés das montanhas. Observo o Centro Operacional de Forças da Capital. Uma montanha impenetrável no centro do distrito, que controla a força militar da Capital. Espero voltar a vê-los.



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Notas finais do capítulo

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