Sweet Cherry escrita por Kamiille


Capítulo 6
Capítulo 6 - "Gêmea"


Notas iniciais do capítulo

Lembre-se de ler o capitulo 5 inteiro antes do 6! Está postado mais que a prévia ;D Caso contrario você não entenderá nada! XP



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Acordei acabada e com olheiras enormes. Peguei o pó de arroz no fundo da gaveta pra disfarça-las. Lápis, rímel e pronto. Um coque bagunçado. Uma camisa manga longa preta, uma calça jeans velha e tênis.

Bocejei. Não estava nem perto de estar com a mínima vontade de ir para a escola. Olhei para a escrivaninha do meu quarto: mochila ou guitarra? Acabei pegando ambos.

Desci as escadas correndo, mas fazendo o menos barulho possível. Ouvi barulhos vindos da cozinha, as pestes estavam lá. Com certeza. Se eu tivesse algo no estomago teria vomitado.

Dei uma acariciada em Nala que também parecia estar enjoada (ninguém mandou fazer o que não devia) e atravessei a rua rapidamente.

–Bom dia! –Ele tinha um sorriso fofo na cara.

Afundei minha cara no peito dele e o abracei.

–O-o que aconteceu? –Ele me puxou junto á si enquanto fechava a porta e colocava a minha guitarra e mochila no chão.

–Eu acabei discutindo com Joe ontem depois que chegamos e, Anne conseguiu manipula-lo para ele ficar contra mim. Ajuda a matar ela amanhã? –Nós sentamos no sofá.

–Que tipo de tortura você prefere? Podemos arrancar os olhos, a pele, cortar a língua... Vi um filme em que se usava um alicate para arrancar todas as unhas. –Ele falou isso como se tivesse perguntando “Quer algodão doce sabor arco-íris?”.

–Gostei de todas as opções. Me lembre de não deixar você assistir mais filmes para maiores de 18 anos.

Ele beijou minha testa e alcançou a guitarra dele atrás do sofá.

–O que quer tocar?

–Você não se importa nem um pouco mesmo em matar aula né? –Peguei a minha e as conectamos nos amplificadores.

–Vamos nas três ultimas aulas depois do intervalo. Ninguém vai perceber e não é como se tivemos matando aula... –Ele me beijou. –Então, é a musica que eu tô pensando?

–Perfect – Simple Plan. –Assenti e ele sorriu.

–Ninguém te conhece melhor que eu. –Ele piscou e eu mostrei a língua. Ele estava certo. –Eu vou te dar suporte e você canta o trecho que tiver vontade ok?

Assenti de novo e começamos.

“Hey pai, olhe para mim Pense de novo e converse comigo Eu cresci de acordo com o plano?”

Antes que pudesse chorar, pulei para o refrão.

“Porque nós perdemos tudo

Nada dura para sempre

Sinto muito

Eu não consigo ser perfeito

Agora é tarde demais

E nós não podemos voltar atrás

Sinto muito

Eu não consigo ser perfeito”


Castiel me acompanhava com um coro e com a guitarra.


“Eu tento não pensar Sobre a dor que eu sinto por dentro Você sabia que costumava ser meu herói? Todos os dias que você passou comigo Agora parecem tão distantes E parece que você não se importa mais”

Resolvi terminar e dessa vez Castiel cantou comigo como um dueto, não um coro.

“Eu não posso suportar outra briga

E nada está bem


Porque nós perdemos tudo

Nada dura para sempre

Sinto muito

Eu não consigo ser perfeito

Agora é tarde demais

E nós não podemos voltar atrás

Sinto muito

Eu não consigo ser perfeito


Nada vai mudar as coisas que você disse

Nada vai fazer concertar isso

Novamente

Por favor, não vire as costas

Eu não posso acreditar que é difícil

Só para falar com você

Mas você não entende”


Respirei fundo. Eu me sentia mil vezes mais leve e mais disposta. Tocar com Castiel era a melhor coisa do mundo. Não, estar com ele era a melhor coisa do mundo.


Aproveitei que ele tinha soltado a guitarra e estava olhando pra mim com cara de “E aí, tá melhor?” e enchi ele de beijos.


–Vamos, se não chegaremos atrasados! –Disse entre o beijo e o levantei.


–E o papo de matar aula?! –Ele fez bico.

–Vagabundo! -Disse e corri.

Ele correu atrás de mim e me alcançou na rua com a sua mochila nas costas e com a minha na mão.

–Repete o que você disse! -Ele estava me matando de cocegas.

–Va-ga-bun-do! -Eu disse ofegante tentando respirar durante a risada.

–Sua atrevida! Sem beijo pelo resto do ano! -Ele cruzou os braços.

Eu ri.

–Idiota, do que está rindo? -Ele me olhou como se fosse uma estranha. O que me fez rir mais.

–Como se você conseguisse ficar pelo menos um dia sem me beijar. -Joguei um beijo com a mão pra ele.

–Por que você tem que estar sempre certa? -Ele passou a mão pelas minhas costas e me deu um selinho antes de continuarmos andando.

Chegamos no exato momento que um dos seguranças estava fechando o portão, mas conseguimos entrar.

As primeiras aulas eram Inglês, espanhol e francês. Sinceramente não prestei a devida atenção em nenhuma delas. Só que tinham dado muita risada na primeira aula.

–Caralho!!! Achei sua irmã gêmea! -Castiel apontou com a mão que não estava segurando a bandeja de comida para uma mesa um pouco distante do resto do refeitório.

Eu segui para onde ele estava apontando e me deparei com uma menina de cabelos longos e brancos como os meus, só que o delas eram mais ondulados. Seus olhos, também cor de âmbar, eram um pouco mais escurecidos que os meus.

–Sua irmã perdida! -Ele disse sarcasticamente.

A menina estava sentada sozinha e um pouco cabisbaixa.

–Vamos falar com ela. Ela parece meio perturbada. –Alguma coisa dentro de mim me dizia para ir falar com aquela menina.

–Eu não sei você, mas eu não sou do tipo “social” que vai falar com as alunas novas. –Ele se sentou em na mesma mesa que havíamos sentado no outro dia.

Eu estava começando a fazer um discurso para convencê-lo quando o professor de história, um tal de Faraize, apareceu. Acompanhado de Lysandre. “Vish” -Pensei.

–Castiel, ajude-me á levar algumas caixas para diretora. Ei, Nathaniel! Ajude-me também! –Ele chamou o nerd engomado que estava passando com uma bandeja de salada. Ele rapidamente largou a bandeja na mesa onde estava sentada Melody (outra nerd engomada) e rapidamente estava ao lado de Lysandre e do professor Faraize.

–Ah, não estou afim não. –Castiel disse e começou a abrir o molho barbecue que usaria para as batatas.

–Eu não perguntei. Eu o estou solicitando independente de sua vontade.

Acho que só não fiz posição de defesa por achar que Castiel iria explodir pra cima daquele professor porque estava ocupada demais corando com o olhar intenso de Lysandre para cima de mim.

Mas ele me surpreendeu quando se levantou, me beijou até eu ficar sem folego e sussurrou:

–Já volto. –Só deu tempo de eu assentir. Estava sentindo meu rosto mais vermelho que o cabelo dele.

Assim que os quatros saíram da minha linha de visão, eu me dirigi a mesa da minha “irmã gêmea perdida”, só que não.

–Ahn, oi. –Eu disse depois de uns dois minutos que eu fiquei sentada na mesa dela e ela não notou minha presença.

–Ah! Oi! –Ela deu um sorriso. –Caraca! Você é um espelho?! –Ela fez gesto com as mão com se precisasse ter certeza que eu não iria imita-los como um reflexo faria.

Quando ela se virou pra mim eu finalmente percebi que Castiel tinha razão, ela se parecia bastante fisicamente comigo.

–Meu nome é Rosalya! E você? –Ela estendeu a mão.

–Kamile. –Eu apertei brevemente a mão dela. –Eu percebi que você é uma aluna nova, então vim falar com você.

–Ah, sim. Minha mãe se casou com um canalha e eu vim morar com a minha vó.

Pai canalha... Morar com a minha vó...

–Você é neta daquela mulher gorda do parque! –Eu falei sem pensar. –Desculpa, é, meio cheinha.

Ela riu.

–Não tem problema, ela é realmente gorda. Ela disse que tinha falado com Dorotéia e Gerimundo. Eu perguntei sobre esses dois na aula de inglês e a sala toda riu de mim.

Castiel! O que ele me fazia passar! Tonto. Só o perdoaria pelo o que ele me fizera passar no resto daquela tarde perfeita.

–É... A culpa não foi minha. Foi do “Gerimundo” –Abri as aspas no ar com os dedos –Mais conhecido como Castiel, meu... –Não consegui completar a frase. Namorado? Ficante? Amigo colorido?

–Ah, aquele ruivo que te beijou agora pouco? –Ela abriu um sorriso insinuante.

–É, ele mesmo. –Corei. Ok, o refeitório todo devia ter visto aquele beijo. Cruzei os dedos disfarçadamente “Que Debrah não estivesse no refeitório”. Ou que estivesse... Só de pensar na cara dela...


Lembrando-me disso agora, não poderia imaginar que Rosalya viraria minha melhor amiga.

Visão de Castiel

Castiel

A cara de Lysandre quando viu aquele beijo foi a melhor! Eu estava me segurando muito para não rir. Aquele professor (que me fazia lembrar um grande palito que usava um bigode no lugar de cabelo) inútil tinha me “solicitado” para carregar caixas de livros enormes e pesadas. Se ele não me tivesse “dado” a chance de ver aquela cena hilária do Lysandre eu teria dado um delicado soco naquela cara pálida dele e conseguido a primeira suspenção do terceiro ano.

–Obrigado Nathaniel! Você ajudou bastante. Está livre. Lysandre e Castiel me ajudam a terminar as coisas por aqui. –Ok, ainda poderia ganhar minha primeira suspenção. Mesmo que eu não chegasse a prestar atenção naquele nerd, ele estava estranho... Meio tremulo ou preocupado... Problemático.

O menino engomado assentiu e saiu do porão empoeirado do qual eu estava fazendo o trabalho escravo de carregar e empilhar livros o mais preguiçosamente que podia.

–Eu vou dispensar o carregador do caminhão e já volto para terminar de ajudar vocês. –O palito ambulante saiu e ficamos sozinhos. O da heterocromia e eu.

Lysandre fazia o empilhamento de livros nas estantes e eu descarregava as caixas.

–Então quer dizer que você e Kamile são um casal? –Ele olhou para a janela enquanto falava.

Ok, Castiel. Não se mate de rir agora.

–Você quer outra prova? –Abri a ultima caixa que faltava.

Ele franziu o cenho.

–Eu só estava perguntando. –Ele soprou pó acinzentado que cobria um dos livros. -Castiel, sobre o que rolou com a gente no passado... A gente pode esquecer e...

–Não Lysandre! A gente NÃO pode esquecer. EU NÃO vou esquecer aquilo! –Ele fez uma cara pasma como se eu tivesse cedido a minha vontade e tivesse dado uma surra nele.

–Eu fico realmente chateado por não podermos passar por cima daquilo tudo e começar de novo. –Ator patético!!! –Mas, acho que você gostaria de saber que Leigh também está vindo para cá. No fim o cara do apartamento só o alugaria para um maior de 18 anos então ele resolveu vir comigo. Até onde eu me lembro vocês se davam bem... Nós três nos dávamos bem... Até...

–ATÉ VOCÊ SE TORNAR UM SER DESPREZÍVEL E ACABAR COM A VIDA...

–O que está acontecendo aqui?! –A voz do historiador me cortou.

Eu respirei fundo. Aquela não era a hora para se descontrolar. Ainda mais quando se está em desvantagem 2 contra 1.

–Eu acabei por aqui. –Taquei o ultimo livro na mão de Lysandre e sai do porão ignorando os dois.

Ser desprezível era pouco depois do que ele tinha feito.


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Notas finais do capítulo

Yoo minna! o Cheguei há um tempinho, mas só deu para postar agora n.n Chega de viagens por hora! oo/o/