Cego Coração escrita por Aella


Capítulo 14
Décimo Quarto Capítulo - Terror Psicológico


Notas iniciais do capítulo

Olá amados e queridos leitores! Aqui está mais uma atualização de Cego Coração! Espero que todos gostem! ^-^



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A Princesa Ayame da Tribo do Norte, neta do Alpha, andava de um lado para o outro, seus pés amassando a grama fofa do lado de fora da caverna principal. Suas duas amigas, Kaye e Noriko, haviam chamado, como Ayame pedira, alguns de seus lobos para ajudarem.

- Princesa Ayame, - Um deles chamou. - estamos aqui, como queria.

- Sim, sim. - Ela respondeu, pensativa.

- O que você pretende fazer, Ayame? - Perguntou Kaye, que estava super curiosa. Todos ali sabiam o quanto sua princesa amava o Alpha da Tribo do Leste, na verdade, provavelmente todas as tribos sabiam.

- Hoje fiquei sabendo que o meu Kouga tem uma noiva. Uma noiva que não sou eu. E isso é um absurdo! - Ela começou. - O nome dela é Kagome, uma humana. Vocês já a devem ter visto hoje, se achando a preciosa, a noiva do Alpha Kouga, a loba mais bonita do território inteiro. Mas é aí que está, ela não é uma loba. Ela se veste como uma e mora em meio a outros lobos, mas ela não é uma. A tribo do Kouga parece não ligar que a futura Fêmea Alpha deles será humana, então nós teremos que ajudá-los a fazê-la enxergar exatamente o que ela é.

As duas amigas de Ayame concordaram veemente, mas os homens pareciam meio relutantes.

- Todos sabem que a verdadeira noiva do Kouga sou eu. Ele me prometeu na noite do arco-íris noturno que iria fazer de mim sua companheira. - Ela deu um sorriso nada amigável. - Vamos ter que lembrar a Kagome desse fato. Nunca vi uma humana tão audaciosa, vivendo e agindo entre os lobos e tentando roubar o macho de outra fêmea.

Ayame olhou para sua pequena tropa de “soldados” e estudou a expressão de cada um.

- Não se esqueçam, - Ela disse especificamente para os homens. - que eu sou a Princesa de vocês, a neta do Ancião. Nessa viagem, as minhas ordens estão acima até do General Yosuke. Vocês não têm opção, vocês têm que fazer o que eu mandar. Entendido?

- E-Entendido, Princesa Ayame. - Os lobos responderam em choro e voltaram para dentro da caverna.


-x-

- Kagome, você está linda. Realmente linda. - Kagome corou com as palavras de seu velho amigo Kouga. - Esse vestido ficou muito bem em você, e eu adorei o que você fez no cabelo.

- O-Obrigada, Kouga. - Ela respondeu envergonhada. Ela ainda não havia se acostumado muito bem com o jeito carinhoso e atencioso de Kouga, e muito menos com seus vários elogios. Depois de viver tanto tempo ao lado de Inuyasha, era difícil de se acostumar com o completo oposto do hanyou.

- Venha, - Ele pediu, pegando sua mão. - Quero que você conheça um velho amigo meu.

Kouga a levou até um pequeno grupo de youkais vestidos com pelos brancos, todos da Tribo do Norte. Haviam dois lobos normais e um lobo com uma armadura diferente, maior, e isso fazia ele parecer mais importante do que os outros. Ao seu lado estava uma loba de cabelos escuros e olhos azuis, usando uma roupa parecida com a dela mesma, mas branca. O Alpha deu uma leve cutucada no ombro do lobo com a armadura e esse virou-se para os dois.

- Kouga! Nós estávamos agorinha discutindo como esses peixes estão deliciosos! Eu sozinho já comi uns seis! - O homem riu alto. - Você sabe qual fêmea foi que os preparou? Eu adoraria dar os parabéns para ela.

- Eu não sei, Yosuke...

- Erm, - Kagome interrompeu educadamente. - fui eu que preparei os peixes, Kouga.

- Ah, foi você Kagome? - O príncipe perguntou com um sorriso, vendo as bochechas da moça gradativamente se avermelharam por causa de toda a atenção que estava recebendo. - Eu comi um mais cedo e realmente estavam muito bons.

- Kagome? - Yosuke disse intrigado. - Esse é o seu nome, querida?

- S-sim. - Ela respondeu envergonhada.

- Mas é claro, desculpe, Kagome. Esse é Yosuke, meu velho amigo e General da Tribo do Norte. Yosuke, essa é Kagome.

- É um prazer conhecê-lo, Yosuke. - A sacerdotisa disse, fazendo uma pequena reverência.

- Fico feliz que tenha gostado de meus peixes.

- É um prazer conhecer você, Kagome. Todos estão falando de você, a futura companheira do Kouga. - Kagome ruborizou mais ainda. - Diga-me, o que você fez nesses peixes que os deixaram assim tão deliciosos? Nunca vi peixes assim na nossa tribo.

A moça, tentando controlar o crescer da cor rosa em sua face, desviou o olhar do general e olhou para os outros, os dois homens atrás de Yosuke e a fêmea. A fêmea parecia especialmente interessada em Kagome.

- Bem, eu coloquei os peixes ao fogo por um tempo e depois os retirei. Nós, humanos, costumamos fazer isso com todas as nossas carnes. Não gostamos muito de carne crua como os youkais.

- Muito interessante! - Yosuke disse ao morder seu sétimo peixe. - Realmente ficou muito bom. Vou falar com minha companheira quando voltar e ver se eles conseguem fazer igual a você. Duvido, já que você é uma legítima humana, mas talvez a gente consigo algo parecido.

- Kagome! - Chamou a outra youkai, de repente. - Eu adoraria saber mais sobre essa sua técnica. Sera que você me acompanharia num passeio em volta do rio?

Kagome olhou para Kouga, mas ele apenas sorria e assentiu. Uma coisa eram as fêmeas de sua tribo gostarem de Kagome, outra coisa eram as fêmeas das outras tribos gostarem dela. ‘Ele deve estar bem contente em me ver interagindo com as outras fêmeas dessa forma...’ A sacerdotisa sorriu para a moça.

- Claro, mas eu não sei o seu nome...

- Ah sim, desculpe-me Princesa Kagome. - Ela disse com uma formalidade forçada. - Meu nome é Noriko. - Ela fez uma reverência e Kagome fez outra em resposta.

- Muito bem, vamos Noriko. - Kagome lhe lançou um sorriso amigável. - Kouga, Yosuke, com licença.

O general e o príncipe assentiram e iniciaram uma conversa com os outros dois lobos que estavam lá, deixando as duas irem passear. As duas moças saíram da caverna principal e começaram seu caminho. Foi apenas quando finalmente chegaram a margem do rio e começaram a caminhar que a conversa começou a fluir.

- Então a técnica dos peixes é de humanos? - A youkai de olhos azuis perguntou a Kagome.

- Isso mesmo. Como eu disse antes, humanos não gostam de carne crua, então fazemos isso com praticamente todas as nossas carnes. - Ela explicou enquanto arrumava as mechas de cabelo que estavam soltando de sua trança por causa do vento. - E eu decidi experimentar aqui e ver o que os lobos achavam.

O sorriso que Noriko tinha no rosto se obscureceu.

- E você tinha certeza que eles iriam gostar? Bem, você é mesmo corajosa. Quer dizer, você já é humana e está vivendo como uma loba, você não acha que eles poderiam se sentir ofendidos com suas atitudes? Com essa sua técnica de preparar carne... Até parece que você está gradativamente mudando a tribo, “humanizando”-a.

- E-eu nunca pensei dessa forma. Eu nunca tive essa intenção. - Kagome lutou com as palavras, havia sido pega de surpresa por essa mudança repentina de Noriko.

- Sorte sua que eles parecem ter gostado, mas foi algo muito arriscado. - Uma outra voz feminina disse, por trás das duas, fazendo Kagome se virar para encontrar a nova loba. - Sou Kaye, é um prazer conhecê-la, Princesa Kagome. - Ela disse com a mesma falsidade que Noriko havia usado.

Atrás de Kaye vinham quatro lobos da Tribo do Norte. Kagome reconheceu dois deles, aqueles que estavam junto de Yosuke e Noriko há apenas alguns minutos. A sacerdotisa olhava para cada rosto, um pouco assustada e um pouco com raiva. O que eles queriam com ela? Mas as palavras de Noriko ainda martelavam sua mente.

- E ainda por cima, - Um dos machos se meteu no meio da conversa. - você tomou para si a posição de Fêmea Alpha. Você, uma humana.

- Isso não é o pior. - Continuou outro deles. - Se o Kouga quisesse acasalar com uma humana... Bem, não é da nossa conta.

- Sim, - O terceiro macho falou. - mas a questão é que o Kouga já havia prometido que iria ter a Ayame como companheira.

‘Ah, então é por isso que eles estão bravos...’ A sacerdotisa pensou, enquanto dava alguns passos para trás. ‘Eles queriam que o Kouga acasalasse com a Ayame...’

- Você é uma impostora! - Falou o último dos machos. - Uma falsa. Você nunca será nem metade da Fêmea Alpha que a Princesa Ayame seria!

A moça de cabelos negros e olhos castanhos engoliu em seco. Por mais que ela quisesse ignorar tudo que eles estavam falando, ela não conseguia. Ela sabia que isso era tudo fruto do ciúme de Ayame, mas, bem no fundo, ela se perguntava se tudo que eles falavam não era verdade.

Ela era, na verdade, uma impostora. Ela era a única humana em uma tribo só de youkais. Mesmo ela tendo sido aceitada pela tribo do Kouga, ela ainda era a humana em meio aos lobos. A diferente. Ela realmente estava fora de seu lugar e parte dela concordava com os outros que a tribo se sairia melhor tendo alguém como Ayame para liderá-la junto com Kouga.

- Bem, no fundo nada disso faz muita diferença, não é meninos? - A voz de Noriko acordou Kagome de seus pensamentos. - Todos sabemos que isso é apenas temporário.

- Temporário? - Perguntou o segundo dos homens.

- Lógico! A Tribo do Leste finge que acha que você vai mesmo acasalar com seu Alpha, mas eles sabem que você não é a noiva de verdade dele. Você não quer acasalar com ele. Nunca quis. Nesse ponto você é esperta, mantendo-se a distância dos assuntos de nós, youkais. - Ela continuou, cada uma de suas palavras carregando um veneno forte que machucava Kagome. - A sua tribo sabe, a nossa sabe, todas sabem.

- Até o próprio Kouga sabe. - Kaye começou de onde sua amiga parou. - Você não o quer. Você não o ama. Você sempre preferiu aquele hanyou. - Ela deu uma leve risada ao ver a expressão no rosto da sacerdotisa. A expressão de quem reconhecia tudo que ela estava falando. Kagome estava acreditando nelas. - O Kouga lhe ofereceu o seu amor tantas vezes, e você o jogou no chão todas as vezes. A Ayame nunca faria isso. A Ayame pegaria o amor de Kouga e o transformaria em algo maior, em amor verdadeiro, e os dois seriam muito felizes juntos. Ela daria ao Kouga em reino forte, liderado por um príncipe e uma princesa de verdade e filhos youkais. Ambas coisas que você jamais iria conseguir dar a ele.

- Não que você queira, é claro. Pois é obvio que você não quer. - Os olhos azuis de Noriko quase queimavam nos olhos castanhos de Kagome. - Ninguém entende por que você ainda continua torturando-o dessa maneira. Você só pode ser cruel, doentia até. Ele lhe ama e você fica jogando o seu joguinho, mas, no final, você vai acabar largando-o como você sempre fez.

As duas deram uma pausa, como que para permitir que Kagome absorvesse todas os fatos que elas estavam injetando em sua mente.

- Logo ele irá se cansar, Princesa Kagome. Perceber ele já percebeu. Ele só poderia se cego se não percebesse. E quando ele finalmente der um “basta” nesse seu joguinho de “ama-não-ama”, bem, quem será que vai estar lá do lado dele?

- Exato. - Kaye e Noriko deram juntas uma risada terrível, uma risada triunfante. - E ele vai perceber que a Ayame sempre foi verdadeira. Ela nunca mentiu ou o enganou, como você. Ela sempre o amou, desde aquela noite embaixo do arco-íris quando ela era apenas uma filhotinha. E o Kouga irá lhe amaldiçoar pelo tempo perdido que você o custou.

- N-não. É-é mentira. Ele não m-me abandonaria assim... - A sacerdotisa disse com uma voz fraca, derrotada.

- E por que ele não o faria? Você não vai significar mais nada para ele. Ele nunca quis sua amizade, Kagome. Ele quis seu amor. E quando ele enxergar que você não tem amor para oferecer a ele, ele não vai querer mais nada com você.

- N-não...

As duas youkais voltaram a rir e logo os quatro machos se juntaram a elas. As lágrimas começaram a escapar dos olhos tristes da moça e ela começou a balançar sua cabeça negativamente, não querendo acreditar. Mas era tarde demais, as palavras dos youkais lobos já estavam cravadas em seu coração machucado.

Kagome tentou limpar seu rosto, mas foi em vão. Eram lagrimas demais que escorriam pela sua face. Ela se virou para o lado oposto ao rio, para a floresta. ‘É verdade. É tudo verdade. Eu já lhe machuquei demais Kouga. Você e seu povo ficarão melhor com um dos seus, alguém como a Ayame. Eu não lhe mereço, não depois de tudo que eu lhe fiz passar. Eu não mereço o que você tem para oferecer. Agora já é tarde demais.’ Ela virou seu rosto para dar uma última olhada nos youkais e na caverna principal, onde o Kouga estaria comendo seus peixes e se divertindo. Com sua visão borrada por causa do choro, ela viu uma nova moça que havia acabado de se juntar aos outros, com cabelos cor de fogo e olhos verdes como esmeraldas. Uma flor lilás adornava seu cabelo. E ela ria. Ria com um sorriso cruel. Ria como Kagome jamais havia visto alguém rir antes. E ela ria dela, de Kagome.

‘Eu lhe amo Kouga. É verdade que eu lhe amo, agora enxergo isso, mas já é tarde demais, você não vai mais esperar por mim.’


A sacerdotisa virou-se novamente, apagou a visão de Ayame rindo de sua mente e correu, como se sua vida dependesse disso, para dentro da floresta.


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal, o que acharam? Quem aí está muito bravo com a Ayame? *levanta a mão*
Bem, eu gostaria de pedir mais uma vez para vocês darem uma olhada na minha nova história original: Dominante. Vocês não vão se arrepender prometo! Aqui vai o link: http://fanfiction.com.br/historia/378869/Dominante/

Obrigada por ler pessoal! Sayonara! ^-^



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