Todos estavam ocupados na reserva com os preparativos do casamento do filho do chefe da tribo e alfa, com a filha do chefe da tribo Makah, uma das tribos aliadas. Jacob não estava ansioso e sim feliz por estar conquistando uma meta em sua vida... Já havia conquistado o posto de alfa por sua bravura e bom senso em liderança, embora sempre um homem de sua família fosse escolhido como alfa, às regras eram claras e qualquer um podia ter lutado pelo cargo se desejasse, e isso só deixava Jacob mais orgulhoso por ter conseguido.

Eles não protegiam só seu povo, mas todos aqueles que ficam desprotegidos perante aos ataques dos seres noturnos, mesmo que tenham que proteger aqueles que no passado os perseguiram... O que foi uma perseguição injusta porque na tentativa de proteger o homem branco e manter o segredo de suas transformações, os Quileutes voltaram a suas formas humanas, mas o homem branco entendeu errado, acreditando que os protetores fossem seus inimigos... Assim travando uma perseguição regada de sangue inocente, o que foi bem aproveitado pelos seres noturnos... Os vampiros.

Após conquistar o posto de alfa, Jacob aceitou a nova etapa em arrumar uma companheira. Sabia que um bom alfa não era ninguém não tendo uma esposa ao seu lado. Quando lhe perguntaram se ali dentro da tribo existia alguma jovem do seu interesse, sua mente capitou um rosto, mas não era de nenhuma indiazinha dali, e sim de uma amiga de infância. Por muitas vezes se perguntou como ela estaria, e se ficou ainda mais bonita hoje sendo uma mulher, e por mais que de vez em quando visse o seu pai, não tinha coragem de perguntar por ela, até porque àquela altura acreditava que ela já não mais se lembrava dele.

Dispensou a imagem de sua amiga, por ela estar longe de ser uma opção, então negou, não havia ninguém... E deixou a cargo de seu pai a escolha de uma boa moça para ser sua esposa. Um dever que foi bem cumprido por ele que escolheu uma jovem, filha do chefe da reserva aliada Makah. Emily é uma bela índia e bem prendada, aceitou ser a escolhida, embora essa escolha fosse uma espécie de reforço para selar ainda mais a aliança entre as tribos... Por mais que a jovem tinha seu coração ocupado pelo sentimento por outro alfa de outra reserva e matilha, sabia que esse sentimento não poderia ir além porque o devido alfa pertencia a uma tribo rival das três aliadas. Assim como uma pessoa instruída, aceitou receber seu pretendente, além do mais sabia que Jacob era um bom homem, bonito e com o tempo conseguiria conquistar seu coração.

Naquele momento ela estava junto às mulheres da reserva de La Push em seu ritual de preparo pré-casamento. Há dois dias veio para a reserva conhecer seu noivo e seu futuro lar.

Enquanto isso, Jacob estava a metros de distância de sua noiva, terminando de cortar lenha que será usada para o preparo da comida da festa.

-Jacob, Jacob, Jacob. - ele parou seu afazer olhando na direção de onde vinham seus amigos e companheiros de matilha.

-Por acaso tem sanguessuga atacando? – ele perguntou sabendo que não era isso.

-Não. – Embry respondeu. –Esqueceu o que combinamos?

Jacob olhou confuso para o amigo, que rolou os olhos, mas foi Quil quem esclareceu a questão.

-Que iríamos comemorar seu último dia de solteiro. – lembrou.

Jacob fez uma careta engraçada, mostrando ainda não concordar com aquela ideia.

-Gente, eu... – ele começou a protestar, mas seus amigos não deixaram.

-Nada disso! Você vem conosco agora... E vamos pular do penhasco e deixar alguns turistas de boca aberta. – disse Embry pegando o machado das mãos de Jacob e jogando-o para longe. Quil foi para trás de Jacob o empurrando.

Sem alternativa ele acabou cedendo à insistência dos amigos. Assim que chegou ao pé do penhasco teve a certeza de que fez bem em ir. A tarde estava linda, perto do pôr do sol, e apesar de faltar pouco para chegar à noite a praia ainda estava com alguns turistas e nativos ali para presenciar o sol partir. Um ritual bem memorável.

Jacob, Embry e Quil pularam do penhasco ao mar fazendo arriscados saltos, e assim que voltaram para darem um novo salto, Quil chamou a atenção de Jacob, o impedindo de dar outro salto.

-Olhem lá... – ele apontou em direção à praia.

Por mais que estivessem longe, graças a suas visões aguçada podiam ver nitidamente quem chegava e quem saía da praia.

-É a filha do doutor e suas amigas. – disse Embry sabendo quem era. –Eu as vi chegar quando fui levar lenha para a fazenda. São bonitas, para mulheres brancas.

Jacob não deu ouvidos ao que Embry dizia, estava paralisado... Seus olhos se mantinham focados em uma única pessoa... Bells!

-Soube que ela ficará noiva amanhã. – comentou Quil.

Dando mais atenção ao fato de Bella ficar noiva, Jacob deixou de olhar em direção a praia para olhar irritado os seus amigos que não prestaram atenção na mudança de comportamento dele, por terem seus olhos ainda em direção à praia.

-Verdade... – Embry disse. -Também vi o tal noivo. Ele é um branquelo riquinho que ficou olhando para todos os lados com nojo, não vendo a hora de tomar banho e tirar os micróbios... Será que ele é homem mesmo ou um desses branquelos frescos?

-Sei lá! Ele é de outro país, não é? – murmurou Quil.

-Ei Jacob... – disse Embry, dessa vez deixando de olhar em direção da praia para olhar o amigo.  –Vamos até elas. Você foi amigo da filha do doutor quando ainda eram crianças.

O semblante irritado de Jacob mudou para confuso e embaraçado, mas ele respondeu:

-Sim... Mas não sei se é uma boa ideia. Acredito que ela não lembra mais de mim.

-Mas você ainda lembra. – rebateu Quil com um sorriso malicioso.

Tanto ele quanto Embry conheciam alguns segredos de seu alfa, até porque sempre foram muito amigos, tendo muitas vezes sido cúmplices em traquinagens e só perdiam o posto de amigos quando Bella estava presente, e quando ela foi embora Jacob teve toda sua atenção para eles. Mesmo vendo que Jacob e Bella amavam um ao outro, jamais se opuseram ou foram contra a esse amor por ela ser uma menina branca. Até porque Bella, nas raras vezes que se juntava a eles para brincar, mostrava ser como uma deles, moleca, sem medo de se aventurar... Não ligavam para esses subterfúgios tolos, como também viram que Jacob com o tempo foi se desligando das recordações de sua amizade com Bella, porém presenciavam algumas vezes em sua mente quando estavam na forma lupina, oscilações intensas de seus pensamentos por ela.

Jacob estava a dar uma resposta atravessada a Quil, mas Embry interviu.

-Não creio que ela tenha se esquecido de você Jacob... Até porque não faz muito tempo. Agora, se tem dúvidas, vamos tirar a prova.

-Não creio ser boa ideia. O noivo dela pode não gostar... Não quero deixá-la em uma má situação. – disse Jacob.

-Ele não está com ela. Estão só ela e as amigas, veja. – Embry apontou novamente em direção de onde Bella estava com as amigas.

Jacob ponderou um pouco até que decidiu por fim cumprimentar sua antiga amiga e desejá-la que fosse feliz em seu noivado e casamento.

Sem responder aos amigos, Jacob seguiu a trilha de volta para a praia, tendo Quil e Embry o seguindo em silêncio, após uma troca de olhar e sorrisos por tê-lo convencido de ir falar com seu amor de infância. No entanto, um sentimento dentro de Jacob constatava que ainda havia uma chama do que sentiu por Bella quando ainda era adolescente, mas era algo que continuava sendo um sentimento impossível para ambos.

***

Bella olhava distraída para o mar, sorrindo de felicidade por reviver as lembranças das tardes que muitas vezes passou ali. Rosálie e Alice estavam afastadas... Pareciam duas crianças levantando as barras de seus vestidos e deixando as ondas quebrarem aos seus pés.

Bella estava tão distraída que não percebeu certa aproximação, até que escutou uma voz grave proferir seu nome, ou melhor, seu apelido. Só havia uma pessoa que lhe chamava daquele jeito...

-Bells? – ele a chamou novamente.

Bella mal conseguiu ter uma reação... Seu coração deu um salto enquanto sua mente de repente foi invadida por lembranças... Anos poderiam ter passado, até séculos, mas ela jamais deixaria de reconhecer aquela voz, ainda que estivesse muito mais grave e firme, ainda lhe despertava sentimentos intensos e inexplicáveis.