A serpente se atira em um ultimo golpe direto no rosto de Criver com suas mandíbulas abertas... Mas seu corpo, com sete flechas que atravessadas, começa a desaparecer e logo só existe Criver parado com uma expressão congelada de pânico. A serpente conseguiu deixar alguns arranhões com os dentes no rosto dele antes de sumir completamente.

Criver sente como dedos o sangue escorrendo dos cortes no rosto e xinga em voz baixa. Depois recomposto do susto se lembra de mim, joga o arco no chão e começa a falar:

– Que cara é essa não esta feliz de me ver?... Há, a namoradinha não tá aqui pra te ajudar, é isso? - Ele pega sua espada pendurada nas costas e começa a gira-la e a andar devagar na minha direção. A espada tem uma lamina que refletia como um espelho azulado. - Não se preocupe, ela não ia fazer diferença alguma... E quando eu achar ela falo como você morreu.

Levanto-me e pego a minha. Uma espada de aparência fosca e pesada que achei. Não vou fugir dele. Pensava que esses carreiristas tinham algo que os faziam não ter medo, mas naquele momento do ataque da serpente entendi que eles eram exatamente como qualquer outro apenas escondiam seus medos.

O garoto do distrito 4 percebe que eu não vou fugir dele. Então eu falo:

– Lembre-se de contar da sua péssima mira também. Não sei com se chama de carreirista sendo incapaz de acertar em um alvo há um passo.

– Hei! Não me provoque! Tributos Fracos como você deve morrer e você esta pedindo uma coisa especial!

– Cadê o sua Aliança? Já sei, até eles não te suportaram e você fugiu. -Essa é minha vez de dar um sorriso fino, e parece que ele não gostou.

– Não! Eu que não suportei aquela garota do 1 que deixou uma tributo idiota escapar! Agora depois de você vou ter que encontrar ela.

Criver começa a correr pronto para me acertar com a espada levantada. Eu apenas espero com os pés fixos no chão. Estava certo ele pretendia me acertar no ombro. Bloqueio o golpe dele com a minha espada. O choque entre as armas é seguido por um som agudo que ecoa durantes alguns segundos. Consigo enxergar nos breves segundos que passam os olhos dele e enraivecidos. Continuamos com a disputa de força. Ele faz peso tentando fazer minha própria espada me cortar. Ficamos nessa até ele decidir se afastar. Estamos os dois em guarda posta. Um esperando que o outro avance.

É perda de tempo esperar! Ataco com força e seguidas vezes. O garoto tentar revidar, mas eu não dou tempo para ele. Continuo os golpes seguidos tentando acerta-lo, até que ele começa apenas a se defender e recuar. Ele cai desiquilibrado. Eu paro com a ponta da espada apontada no peito dele. Estou ofegante assim como ele, e eu não consigo dar um golpe final nessa oportunidade. Afasto-me para retomar o folego, mas ainda pronto para qualquer ataque. O suor escorre pela minha testa e chega aos meus olhos, os fazendo arderem um pouco. A falta de exercício nos últimos dias e agitação repentina me faz ficar cansado antes do que gostaria.

Observo atentamente Criver se levantar. Ele não fala nada e ataca novamente. Os golpes dele são mais calmo, talvez esteja apenas me fazendo ficar cansado, já que ele aparenta estar melhor que eu. E novamente ficamos presos numa disputa de força.

De repente ele solta a mão esquerda que ajudava a segurar o punho da espada. Faço mais peso, mas ele resiste bem segurando com apenas uma mão a espada. Fica claro no rosto dele avermelhado que esta fazendo um grande esforço para se manter. E tão rápido quando pude perceber ele pega um punhal na cintura e me ataca. Tudo isso em poucos segundos. Afasto meu corpo a tempo de evitar uma morte instantânea com um corte profundo na barriga. Isso sem deixar a espada dele livre. A distancia não foi suficiente, pois o punhal me atingiu deixando um corte transversal na minha pele.

Com dor e raiva retiro minha espada da briga inesperadamente. Sem o contra peso Criver se desequilibra caindo na minha direção e atingindo o chão de bruços. Nenhum minuto se passou e termino a luta com um golpe de espada nas costas dele.

Quando percebo que tudo acabou afasto-me. Sinto uma quantidade de sangue aquece a parte baixa da minha barriga e por um momento aquela visão do meu próprio corpo me deixou completamente cego, surdo e mudo para a arena. O corte não era profundo, mas nunca sofri ferimentos como aquele. O canhão toca me fazendo acordar para arena...

E-eu realmente tinha conseguido vencer um tributo, matar alguém, e era um tributo carreirista. Nunca poderia imaginar isso, acreditava que não teria que fazer isso.

Recolhi o arco e as flechas que consegui achar e também troquei de espada. Sentia-me um pouco tonto então fui ate a raiz de uma arvore que era um lugar mais seco e abri minha mochila. Usei a única faixa/bandagem que tinha para envolver minha cintura e cobrir o ferimento aberto. Afastei-me do lugar escutando o som quase imperceptível do aerodeslizador.

***

Na parte da tarde notei um movimento estranho alguns pássaros voaram de onde estavam empoleirados á uns cinquenta metros de onde estava. Alguma coisa deve tê-los assustado. Passado algum tempo senti cheiro de fumaça significando que tinha tributos perto.

A noite chegou e procurei um lugar para descansar. Achei um lugar onde as arvores eram próximas uma das outras e todo o chão era coberto por plantas que chegavam na cintura. Foi ali que eu consegui encontrar uma planta que me ajudou a aliviar a dor. Arrumei um lugar entre arbustos mais altos e cheios para passar a noite e assisti o anuncio da baixado distrito 4, Criver.