Tarde Para Amar escrita por imradioactives


Capítulo 82
Capítulo 82




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Eu estava me sentindo tão culpada que eu não saí da cama pelo resto do dia. Quando minha mãe voltou pra casa, eu não quis conversar sobre o assunto. Ela assentiu, me deixando sozinha logo em seguida.
Pensei e repensei em tudo que eu tinha dito, e também o que eu quase disse. Minha mente parou. No que eu quase disse.  O que afinal, eu iria dizer ao Bernardo? Nem eu sabia direito. Minha mente e garganta travaram no momento em que eu soltaria tais palavras que nem eu sabia quais eram. Porque eu precisei aceitar as desculpas do Bernardo tão rápido assim? De repente, eu comecei a lembrar de tudo o que ele me disse, comecei a lembrar como meu coração batia acelerado enquanto ouvia a história e tentava distinguir o que eu estava sentindo no momento. Porque eu tive tanta vontade de beijá-lo? Lembrei de como foi reconfortante dormir no colo dele depois da cena na lavanderia, lá na chácara. Fechei meus olhos e suspirei. Quando não estávamos brigando, eu me sentia bem perto dele.  Fechei meus olhos com mais força e as cenas da nossa noite vieram como um tiro em minha consciência.
E então, eu já sabia. Eu já sabia o motivo pelo qual eu sentia necessidade de desculpar o Bernardo. Na verdade, eu já sabia desde o começo.

Bernardo POV ON
Cheguei em casa batendo a porta e indo direto pro meu quarto, assustando minha mãe o Breno que estavam na sala. Entrei no quarto e fechei a porta com a mesma força e me joguei na cama, sentindo meus olhos arderem. Eu não vou chorar. Não por ela. Ouvi uma batida na porta e logo depois ela sendo aberta, mostrando a figura da minha mãe.
- Bernardo, aconteceu alguma coisa filho? – ela disse ainda em dúvida se entrava ou não no quarto.
- Me deixa sozinho, por favor! – eu disse afundando a cabeça no travesseiro e esperei até ela fechar a porta de novo. Ouvi o barulhos dos seus passos na escada, e quando tudo ficou em silêncio, me entreguei ao meu próprio abismo. Fechei meus olhos com força, impedindo que as lágrimas que se formavam caíssem, mas foi em vão. Puxei o travesseiro de baixo da minha cabeça e o afundei em meu rosto, para que abafassem meus soluços.
Que merda! Porque eu estava chorando por ela? Porque essa vontade colocar toda essa...dor pra fora?
Dor. Estava doendo. Como nunca tinha doído antes. Eu nunca senti aquilo. Machucava, mais que qualquer dor física. Eu queria fazer aquilo parar, mas tudo que eu conseguia fazer era chorar. Não era pra doer daquele jeito. Mas doía, muito. Meus soluços iam ficando mais altos conforme eu ia pensando em tudo que tinha sido dito. “Você não pode me cobrar nada, Bernardo”. Essas foram as palavras dela. Eu não podia cobrar nada dela, afinal, nós não tínhamos nada.  
Meus pulmões pediam socorro. O ar já não conseguia entrar com a mesma intensidade de antes. Minhas lágrimas me sufocavam. Eu queria gritar, arrancar aquele aperto estranho dentro de mim. Aquilo era muito, muita coisa de uma vez. Porque eu sentia aquilo? Não era possível que...não, eu não podia estar...
O barulho do meu celular tocando interrompeu minha linha de raciocínio. Sequei as lágrimas e respirei fundo, tentando controlar os soluços que ainda insistiam em sair. Olhei para a tela. Ela. Eu não acredito.
- Alô? – disse baixo, tentando esconder a mudança na minha voz causada pelo choro.
- Eu preciso te ver. – ela disse rápido. Sem nenhuma pausa.
- O que você quer comigo? – perguntei demonstrando raiva.
- Eu preciso ver você, me encontra em algum lugar, por favor. – ela disse em tom de súplica. Ela precisava me ver. – Eu preciso falar com você, terminar de falar o que eu não disse mais cedo. – Ela queria terminar de falar. Terminar de falar o que ela não disse mais cedo. Foi então que eu me lembrei.
- To te esperando em casa, mas vem agora. – eu disse, como se fosse uma ameaça.
- Não sai daí. – essas foram suas últimas palavras antes de desligar o celular.


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Notas finais do capítulo

desculpem o atraso!!!