- Depois de tudo isso, eu resolvi tentar não me importar, de novo. E então, eu fiz uma coisa, que é a que eu mais me arrependo. Eu fui atrás da Amanda. – a última frase saiu num sussurro. Ela arregalou os olhos e abriu a boca, incrédula, fez menção pra soltar minha mão, mas eu seguirei mais forte. – Eu a procurei e, bom, dormi com ela.
Dessa vez ela puxou a mão com tanta força que eu não tive tempo de segurar.
- Eu não acredito. – ela me olhou, magoada. – Eu devia ter esperado um pouco pra te beijar. – ela riu irônica. A mágoa clara em sua voz.
- Não fala isso, por favor. Como eu já disse, eu me arrependo muito Clara, muito. E agora ela grudou em mim, ela pensa que a gente tá junto ou alguma coisa do tipo.
- E vocês estão? – ela perguntou abaixando o olhar.
- Não. É claro que não. Não é a ela que eu quero. – eu disse me aproximando e pegando sua mão de volta. Ela voltou a olhar pra mim e eu me inclinei, na tentativa de beijá-la de novo, mas ela virou o rosto. – Clara, por favor. – eu sussurrei próximo ao seu ouvido.
- Me desculpa, Bernardo. Mas é muita coisa pra eu digerir. – eu me afastei e ela voltou a olhar pra mim. – Quem sabe disso? Digo, você e a Amanda?
- Todo mundo. – olhei para baixo.
- Então era isso que os meninos não quiseram me contar. – ela disse. Olhei pra ela. – Os meninos vinham aqui me visitar, e me deixavam a par das coisas que estavam acontecendo. Mas eu sabia que eles estavam escondendo alguma coisa, porque depois de contar da briga, eles evitavam tocar no seu nome. – Assenti – Porque você não veio antes? – a pergunta me pegou de surpresa.
- Porque eu tinha certeza que você não queria me ver. E eu meio que me desliguei depois do que aconteceu. Eu realmente queria tirar você da minha cabeça. Mas hoje de manhã, minha consciência pesou mais que meu corpo todo. E eu percebi que eu não conseguia tirar você da minha cabeça, mesmo se eu quisesse. – Consegui vê-la sorrindo de canto de olho.
- Você tá falando essas coisas só pra conseguir outro beijo meu. – ela disse com humor.
- Ah estou? – perguntei rindo.
- Está. – ela riu junto.
- E deu certo? – fechei um olho e olhei pra ela esperando um tapa ou algo do tipo. Mas tudo o que eu recebi, era tudo que eu queria. Outro beijo.
Ficamos nos beijando por muito tempo ainda. Rindo de algumas bobagens que já dissemos um para o outro antes de tudo isso. Eu queria aproveitar ao máximo aquele momento de paz. Desde que a gente se conheceu, eu nunca tive um momento de paz com a Clara. E a sensação era melhor do que eu podia imaginar. Era como se todos os pesos que antes me cansavam, tinham sumido.
Fomos interrompidos por alguém batendo na porta. Sua mãe abriu a abriu e deu um sorriso ao ver que estávamos abraçados.
- Desculpa interromper vocês, mas é que tem um menino aí em baixo.
- Quem? – a Clara perguntou, confusa.
- Aquele que veio aqui os outros dias. O Renato.
Mas o que o Renato estaria fazendo aqui?