Saí do abraço do Caio e olhei pra ele assustada, ele me olhou com a mesma feição. A única coisa que me veio na cabeça na hora era sair correndo atrás dela, e foi exatamente o que eu fiz. Quando desci as escadas, a encontrei em pé, parada no meio da sala, estática, com as mãos no cabelo e os olhos cheios de lágrimas. A Carol, o Bernardo e o Thomas estavam também em pé, olhando pra ela, tentando entender aquela cena. Eles olharam para mim e para o Caio, que tínhamos acabado de descer as escadas, e os três arquearam uma sobrancelha ao mesmo tempo.
- Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui? – o Bernardo disse chegando perto de mim e do Caio e olhando a gente de cima a baixo. Ele abriu a boca pra falar alguma coisa e depois fechou.
- Como vocês tiveram coragem? – a Leandra sussurrou deixando as lágrimas caírem. A Carol cerrou os olhos e o Thomas ficou perplexo.
- Calma, todo mundo, calma. – o Caio começou. – Não é nada disso que vocês estão pensando.
- Eu não preciso pensar nada. A cena que eu vi no seu quarto já foi muito clara. – a Leandra falou.
- Como é que é? – a Carol deu a volta no sofá e chegou mais perto da gente.
- Deixa a gente explicar pelo amor de Deus. – eu disse quase chorando.
- VAI, EXPLICA! QUERO OUVIR A DESCULPA DE VOCÊS PRA ISSO! – a Leandra gritou apontando pra nossas roupas, ou a falta delas. Não aguentei e comecei a chorar também. O Thomas correu pra perto de mim e me abraçou forte, afagando meu cabelo.

Caio POV
Eu tinha que me explicar alguma forma. Me explicar pela Clara também. Eu não podia deixar todo mundo pensando sobre algo que nunca aconteceu. Eu não podia deixar a Leandra duvidar de mim.
- COMEÇA A FALAR LOGO, EU QUERO OUVIR! – ela gritava e chorava ao mesmo tempo.
- Leandra, se acalma e me escuta, por favor. – pedi. Ela parou e ficou me encarando com os olhos vermelhos.
- Não, não fala nada. Na verdade eu não quero ouvir nada de vocês. Muito menos de você. – ela disse olhando pra Clara, enquanto ela saía dos braços do Thomas e se recuperava, olhando pra gente. – Vocês realmente querem dar alguma explicação, depois que eu encontrei vocês abraçados, praticamente sem roupa, dentro de um quarto, e ainda com a Clara com essa marca medonha do pescoço. Vocês me acham uma idiota mesmo, não é possível. – ela riu sem humor nenhum.
A Clara imediatamente levou a mão ao pescoço. Eu a olhei confuso. O Bernardo tirou a mão dela do próprio pescoço e olhou a marca, os dois se olharam assustados. Todos ficamos em silêncio.
- Fui eu que fiz isso nela. – o Bernardo disse, olhando pra cada um de nós.
- Você o quê? – perguntei.
- Ontem. A gente ficou, fui eu que fiz isso nela. – ele disse passando de leve a mão pela marca, a Clara tirou a mão dele dali, abaixando a cabeça.
- Pega o menino que até ontem jurava odiar e transa com o melhor amigo. Tudo na mesma noite. Parabéns Clara, parabéns. Você se provou uma verdadeira biscate.