Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 38
Daniel.


Notas iniciais do capítulo

Tá aí! Prometi para as meninas na página e cumpri hahah ;)
O último capítulo está prontissimo. Era para ser grande, mas resolvi dividí-lo. Enfim, espero que gostem ♥



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Quando voltamos para o carro as palavras de Evan ainda assombravam minha mente. Seu tom de despedida fazia meu coração queimar e meus olhos arderem. Eu não gostaria de pensar naquilo como um adeus. Não gostaria de acordar no dia seguinte e não o vê-lo mais.

Procurei aproveitar o momento que tivemos lá dentro o máximo possível. Cada toque, cada beijo, cada palavra. Memorizando tudo no fundo de minha mente e deixando que a sensação corresse de formas estranhas pelo meu corpo.

Não toquei no assunto mais, apesar do medo eu sabia que daria tudo certo, Evan não desistiria de mim depois de tanto tempo. E nem eu dele.

O silêncio era perturbador, como se fosse a única coisa que existia entre nós naquele momento. Seu celular posicionado em seu colo enquanto ele esperava tranquilo pela ligação de Charlote, ao contrário de mim, que estava à ponto de ter um surto de desespero e me entregar as lágrimas me jogando em seu colo.

Uma música baixa do The Kinks escapavam pelo chiado do rádio me possibilitando ouvi-la com clareza. O sol estava  quase se pondo e a ansiedade começava a dominar meu corpo, como se já o conhecesse antes.

Suspirei encostando meu rosto no vidro da janela, fechando meus olhos e tentando acalmar meu coração que parecia saltar do peito. Algo dentro de mim dizia que o "encontro" com Daniel estava próximo e eu sabia que não estava pronta para encarar o rapaz que chamei de primo desde que conheci por gente e agora estava ali, querendo me matar.

Evan percebeu meu desconforto e retirou uma das mãos do volante a depositando sobre a minha, que estava pousada em meu colo. Meus dedos reconheceram os seus e os abrigaram dentre si rapidamente. Não retirei meu rosto do vidro, porém abri meus olhos deixando que os mesmos se perdessem na paisagem.

- Não fique tão ansiosa, Mel. - Murmurou por fim. - Vai dar tudo certo. Confie em mim.

- Confio em você - Sussurrei de volta, me desencostando para encarar seus olhos que se fixaram nos meus. - Não confio em Daniel, sei que ele vai nos machucar.

- Daniel não vai machucar você.

- Claro que vai, o que pensa que ele quer fazer comigo? Jogar truco?

Seus olhos se voltaram para o caminho e pareciam chateados.

Eu havia sido rude, admito. Mas qualquer pessoa em sã consciência, que estivesse em meu lugar, agiria da mesma forma. A calma de Evan me dava nos nervos e só servia para me deixar mais apreensiva.

- Desculpe. - Chiei apertando sua mão na minha. - Não queria ser mal educada. Só estou com medo, Evan.

Antes que ele pudesse responder seu celular vibrou e ele soltou minha mão para pegá-lo, apertando o botão rapidamente e o colocando no ouvido.

Fiquei em silêncio, eu mal podia respirar. Por sua expressão eu sabia que era Charlote e pude ter certeza disso quando ele murmurou um "Obrigada Char." e então olhou para mim.

- Daniel quer nos encontrar hoje à noite. - Ponto para minha intuição feminina. - Disse para irmos sozinhos.

- E vamos?

Eu podia jurar que minha voz subiu uns dois tons, mas não me importei em abaixá-la. Estava muito em cima da hora, o sol já estava sumindo no horizonte e uma brisa fria entrava pela janela do motorista. Evan provavelmente não conseguiria se preparar para encarar Daniel, quero dizer, chamar ajuda ou alguma coisa assim.

- Não.

- Como não?

- Sophie sabia que eu iria pedir para Charlote contatar Daniel. - Respondeu virando na curva à esquerda, seguindo em direção ao Pico Da Viúva. - Ela só não sabia que seria hoje. Irei avisá-la sobre essa mudança de planos, pedirei ajuda. Alguns Caídos me devem favores e iram nos ajudar, Mel. E então, pedirei que ela fique próxima, caso alguma coisa dê errado.

- Você acha que algo irá dar errado? - Não pude evitar o choro em minha voz. Era exatamente isso, eu estava prestes a chorar. Era bobo, porém não gostei da forma como Evan falou e não pude impedir essa reação espontânea. 

- Acho que Daniel irá nos surpreender, mas não sei como. Sou um dos adeptos aquele velho ditado "antes prevenir do que remediar". - Então riu. - Fique tranquila, sairá tudo bem.

- Essa sua confiança toda me assusta. - Sussurrei, notando que havíamos passado pelo Pico e que seguíamos em frente. - Aonde estamos indo?

- Aonde tudo começou.

E assim ele terminou o assunto, sem mais nenhum detalhe e sem mais nenhuma pergunta de minha parte. 

Minha garganta se arranhou levemente e eu esfreguei meus olhos, sentindo o cansaço se alojar em meus músculos. Aquele havia sido um dia e tanto, e parecia não estar nem perto de terminar.

Evan parou o carro em uma estrada de terra que dava de frente para um bosque, um tipo de vale. As folhas, das poucas árvores que não estavam secas, eram de um verde escuro e assustador e como já era de se esperar a neblina fria já tinha se alojado ali.

- Aonde estamos? - Perguntei descendo do carro e encarando Evan que já se posicionava à meu lado.

- No Vale aonde você...foi morta a primeira vez.

- Eu... - Sussurrei, aproveitando sua proximidade, para abraçar minha mão na sua. - Sempre vivi aqui?

- Sim. - Concordou usando a mão livre para tirar um cigarro do bolso. Após ascendê-lo e colocá-lo entre os lábios, ele continuou. - Normalmente as pessoas renascem em lugares diferentes dos quais viveram sua última vida. Mas parece que sua paixão por Rockford vem de muito tempo.

Ele riu nervoso, tragando o cigarro e soltando a fumaça que rapidamente se juntou a neblina. Levantei meu rosto para encarar seus olhos que insistiam em transbordar toda aquela calma. Encostei meu rosto em seu ombro e suspirei.

- O que faremos agora?

- Primeiramente, avisarei Sophie que estamos aqui e falarei à ela o que fazer. - Deu de ombros, pendurando o cigarro nos lábios e pegando o telefone em seu bolso. Depois de digitar alguns segundos, ele o recolocou no lugar e então voltou a olhar para mim, continuando a responder minha pergunta. - E agora, vamos entrar e esperar por Daniel.

- E como ele vai saber que vamos encontrá-lo aqui?

- Não precisa pensar muito para saber disso, Mel. - Respondeu rindo e revirando os olhos. Sua mão puxou a minha e meu rosto se desencostou, voltando a posição normal.

Evan parecia firme ao caminhar em direção ao Vale me puxando junto à ele, totalmente inabalável, como sempre. Gostaria de ter um pouco de sua confiança, principalmente naquele momento.

Depois de caminharmos, mais ou menos, cinco minutos ele parou em uma espécie de clareira que me parecia ser o centro do lugar. Seus olhos vasculharam os arredores em meio as árvores, procurando por algum sinal de Daniel.

Que veio logo em seguida.

- Daniel.

Minha mãos gelou e minhas pernas tremeram quando a voz de Evan preencheu o lugar e alcançou meus ouvidos. Fechei os olhos, tendo dificuldades em olhar para frente.

- Fico feliz por ter vindo, irmão. - Respondeu. Pude ouvir seus passos sobre as folhas secas, mas ainda assim não voltei o olhar para ele. Apertei a mão de Evan com o máximo de força que pude e tentei me concentrar apenas naquele contato. - Bom vê-la, Mel. Espero que não se importe, mas trouxe companhia.


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