Sempre tive um talento natural para saquear, sequestrar e trollar as pessoas. Hoje eu entendo o porquê, afinal sou uma filha de Hermes.

Há sete meses descobri isso, muitas mudanças aconteceram desde então. Mudei-me do Texas para o Acampamento Meio-Sangue, vivo no chalé de Hermes, sempre com tantas pessoas, isso me irrita um pouco porque eu gosto de paz e silêncio, coisa difícil no meu chalé.

Apesar de morar com tantas pessoas, nunca fui tão popular assim. Nem em minha antiga vida, nem agora.

Minha lista de amigos é minúscula: meus irmãos Travis e Connor Stoll, os irmãos/amigos mais troll’s que alguém pode ter; o filho de Hades, Nico Di Angelo, o mais sombrio, bonito e gentil, sou apaixonada por ele desde que cheguei aqui; o filho de Hefesto, Leo Valdez, ele sempre faz palhaçadas, é um cara bem legal; a filha mais legal de Afrodite, Piper. E só.

Hoje de manhã antes de todos acordarem, resolvi saquear alguns bolinhos do refeitório.

Levantei e me troquei, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo simples, e olhei-me no espelho. Cabelo castanho, olhos azuis, pele clara e quando sorrio pareço uma maníaca. Eu não sou uma das pessoas mais normais ou simpáticas ou bonitas, nem uma das mais altas, afinal eu tinha 1,65 de altura, daquele lugar.

Entrei no pavilhão do refeitório e procurei pelos bolinhos, mas tinham acabado. Droga, Connor e Travis estiveram aqui antes de mim.

Corri até o nosso chalé e acordei ambos.

– Eu também quero bolinhos. – sussurrei para eles.

– Por que acha que fomos nós, pequena Summer? – perguntou Connor.

– Passem-me alguns bolinhos logo! – sussurrei impaciente.

Travis tirou três bolinhos de dentro da jaqueta e me entregou. Voltei para minha cama e guardei os bolinhos no bolso secreto da minha mochila. Cochilei por uns instantes e já era hora de tomar o café-da-manhã.

Fui até o pavilhão do refeitório, peguei meu café e me sentei à mesa de Hermes, muita agitação para uma simples manhã de sábado. Comi rapidamente e fui até o Anfiteatro, que a essa hora não tinha ninguém, sentei-me em um lugar qualquer e comecei a ler meu livro.

– Sabia que te encontraria aqui, Summer. – disse uma voz conhecida.

Ah, como ele estava bonito essa manhã, com as habituais roupas pretas. Aqueles olhos e cabelos negros, aquela pele pálida, o jeito como ele era gentil comigo. Ele era demais.

– Aconteceu algo? – perguntei desconfiada.

– Falei com Bianca ontem. – foi tudo que disse, mas entendi tudo. E eu não sabia o que falar nesse momento, então apenas olhei para ele com ar triste.

– Está tudo bem. Ela está feliz. – disse ele, finalmente.

– Você sente falta dela, não é? – perguntei, e logo vi que foi um erro perguntar isso. É claro que ele sentia falta da irmã. – Desculpe, eu não queria me intrometer...

– Algumas vezes, sim. Outras vezes, não. – ele deu um meio sorriso.

– Hazel está bem? – tentei mudar de assunto. Perguntar da meio-irmã romana de Nico talvez aliviasse aquela nuvem negra acima de nós.

– Está, faz tempo que não a vejo, – ele disse. – mas não quero falar disso, longa história. – acrescentou.

Assenti e ficamos em silêncio, depois de um tempo do incomodo silêncio Nico foi até seu chalé. Voltei a ler, até Piper aparecer sorridente e vir até onde eu estava.

– Quíron quer falar com você, Summer. – ela disse.

Piper me deixou perto da Casa Grande e foi falar com Leo. Cheguei sozinha até a Casa Grande. Quíron me esperava na porta, assim que cheguei perto dele, ele disse:

– Preciso que você vá até uma escola, um semideus foi encontrado, mas o sátiro de lá sumiu.

Droga. Eu não gostava de ajudar a pegar semideuses, eles sempre chegavam para encher meu chalé, mas assenti em concordância.

– E essa escola é a sua antiga, no Texas. – ele continuou.

– Não pode mandar outra pessoa? – perguntei.

– Você precisa acertar algumas coisas por lá não é? – Quíron perguntou. – É a oportunidade perfeita, todos saem ganhando.

– Que seja. Vou me arrumar.

– Chame Travis para ir com você. Connor irá para outro lugar, quero evitar problemas desses dois. – Quíron disse.

Maravilha. Travis é um irmão legal e tudo o mais, porém não é minha melhor definição de “parceiro de missão”.

– Em que ele vai ajudar? Dois filhos de Hermes em busca de um semideus? – perguntei.

– Nico também vai. Avise-o. – ele disse.

Bufei e sai de lá com má vontade. Por sorte, avistei os dois logo e os chamei.

– Quíron mandou vocês irem ao Texas comigo. Teremos que ajudar semideuses lá. – expliquei a eles. – Estejam daqui vinte minutos na frente do Pinheiro de Thalia.

– Connor não vai? – perguntou Travis.

– Quíron tem outra missão para ele. – disse. – Agora vá pegar suas coisas!

Travis foi arrumar suas coisas e Nico foi logo em seguida sem objeções.

Corri para meu chalé e peguei minha mochila, separei meu iPad (Era proibido tê-lo, mas quem liga?), passei no pavilhão do refeitório e peguei algumas latas de refrigerante e bolinhos, que teve seu estoque abastecido. Estava passando pela Casa Grande quando encontrei Piper e Leo.

– Ele te deu uma missão? – Leo perguntou.

– Sim. Semideus no Texas. – contei e dei um sorriso torto.

– Você não quer ir, mas precisa. Esse semideus precisa de você. – Piper sorriu.

– Não gosto do Texas, sempre que estou lá coisas ruins acontecem comigo. – afirmei.

Me despedi deles e fui até o Pinheiro de Thalia. Nico estava lá, sentado embaixo da árvore e nem sinal de Travis.

Sentei ao lado de Nico e esperamos Travis por muitos minutos. Quando ele apareceu estava ofegante e com um sorriso.

– Que droga Travis! Onde você estava? – perguntei.

– Saqueando alguns novatos. – ele respondeu, e trocamos um sorriso.

Saquear novatos, uma das coisas mais divertidas que se pode fazer naquele Acampamento. Saquear qualquer um é divertido, na verdade.

– Enfim, vamos logo. – Nico apressou.

Saímos do Acampamento para a nossa busca pelo semideus texano.