Ela conseguiu dormir quando o sol já estava se pondo, e depois de algumas horas ela já ia ter que acordar para ir a escola. O alarme tocou, mas ela não ligou e continuou a dormir. A mãe abriu a porta e foi até a filha.

-Acordando, tem aula hoje. –A mãe disse tirando o coberto da filha delicadamente. Rose não queria acordar quanto menos ir na aula.

-Mããe to com muita dor de cabeça, posso faltar hoje? – Rose falou fechando o olho e tateando na cama para ver se achava a coberta. A mãe colocou a mão na testa de Rose para ver se estava febril, e depois fez uma careta.

-Só hoje, mas vai ser repouso, vai descansar por que amanha não vou dar essa folga. –A mãe disse colocando a coberta nela.

Rose estava fechando os olhos quando ouviu a buzina de Lucas. Rose colocou o travesseiro na cara para ver se amenizava o barulho. A mãe levantou da cama e foi até a porta.

-Vou falar para ele que você esta mal e não pode ir, mais algum aviso? –Rose discordou com a cabeça e voltou a dormir.

As dez da manha Rose acordou com o estomago roncando. Desceu até a cozinha pegou uma maça e subiu as escadas e ficou vendo a vista da janela embaixo das cobertas. Melissa estava saindo da casa, entrou sozinha no carro do Gabriel e saiu pela rua cantando pneu.

Rose ficou pensando neles. Gabriel e Lucas. Tinha como sua vida ficar mais complicada?

Falando nele, Gabriel apareceu no quarto, provavelmente ele acabara de acordar, por que o cabelo dele estava todo bagunçado, mas bonito. Ele a viu pulou pela janela e foi até a dela e entrou no quarto. Rose se perguntava por que ele não usava a porta, deve ser mais emocionante ficar pulando de casa em casa. 

-Faltando à aula hein! Que feio... – Gabriel disse andando pelo quarto dela. O coração de Rose começou a bater mais rápido.

-Não é você que ta com a cabeça quase explodindo... –Rose disse levantando e fechando a porta para que mãe não visse.

-Ontem você foi espetacular. -Gabriel falou e fez um movimento grandioso com a mão.

-O estranho é que eu não me lembro muito bem, as imagem estão embaçadas. Eu só sei que matei a vampira, e também me lembro de ver o corpo dela pegando fogo, do grito dela, mas do resto, de como eu fiz isso eu não me lembro. -Rose estremceu lembrando da cena, se sentia mal por ter matado alguem. 

-Isso é estranho mesmo. –Gabriel concordou com Rose. Ele se levantou e foi até ela e pegou sua mão e ficou passando  dedo sobre ela. –Quando você vê uma bruxa ou algo assim, um ser... "poderoso", ele é cercado por uma energia que os “sobrenaturais”podem sentir. Antes eu não conseguia sentir isso em você, por que você era fraca. Mas agora... da para perceber que você é muito poderosa.

Gabriel deu mais um passo na direção dela, ela foi tentar se afastar, mas a parede estava logo atrás. Ele a encurralou. O coração de Rose estava saindo do peito. Gabriel aproximou a cabeça para a dela, Rose pensou que ele ia beijar-la, mas ele só chegou a encostar o lábio no dela. Uma mexa do cabelo dela caiu na cara e ele a tirou com os dedos e a prendeu na orelha. Ele chegou mais perto até que o corpo deles ficaram juntos.

-Você sabia que é errado espionar a conversa dos outros? –ele sussurrou com a boca colada na dela e com a mão no pescoço.

Rose sentiu algo estranho no corpo dela, os pés e as mãos começaram a formigar, ela teve tontura, mas voltou rápido ao normal. Gabriel a fitava com aqueles olhos verdes. Ela colocou a mão no pescoço dele e fundou um beijo, Gabriel correspondeu e a beijou delicadamente, acariciando seus lábios. Ele pegou sua cintura e a levantou, e ela enroscou a perna nas costas dele.  Ele sentou na cadeira com ela em cima. Ela se afastou ofegante e ele ficou olhando para ela, colocou a mão no rosto dela.

-Seus olhos, -ele aproximou o rosto dela, olhando fixadamente para ela. – Eles estão, diferentes.

-Vou te falar o que está diferente... –Rose se aproximou mais e o beijou. A mão de Rose subiu pela barriga musculosa de Gabriel, ela conseguia sentir os músculos flexionados.

Gabriel a afastou e a colocou de pé e começou a andar pelo quarto angustiado, repetindo as mesmas palavras: “Tem algo estranho”, “Você está diferente”, “O que está acontecendo”... Rose estava entendendo tudo, ele não queria beija-la, Rose forçou a barra!

-Ai meu deus, me desculpa... –Rose colocou a mão na cabeça querendo esquecer aquilo. Gabriel parou de andar de um lado para o outro e ficou meio confuso. –Me desculpa, você não queria me beijar, fui longe de mais... Se Lucas descobrir ele vai pirar, vai me matar, eu não devia ter feito isso. Nunca mais vou ter coragem de olhar no olho dele, e beija-lo... Ai meu deus, sou uma idiota, otaria...

Gabriel foi até ela e segurou o rosto dela, ele balançou a cabeça e passou os dedos pelos lábios dela.

-Rose, você acha que eu não queria que me beijasse? –Gabriel riu. –Não é isso, é que você está diferente, seus olhos. –Gabriel  acariciou seu rosto e a levou até o banheiro e a colocou na frente do espelho.

Rose levou um choque. Ela estava diferente, muito diferente. Os olhos estavam mais escuros do que o normal, suas bochechas estavam mais rosadas, seu nariz mais empinado, cílios maiores.  Seu olhar estava confiante, e mais maduro, um olhar perigoso.  Rose ficou atordoada ao ver seu reflexo. Ela teve tontura, sua cabeça começara a doer, ela se agachou no chão com a mão na cabeça soltando gemidos de dor. Gabriel foi para seu lado tentar acalma-la, mas a dor só piorava. Ela olhou para o espelho seu reflexo não estava mais lá, forçou a vista e o espelho explodiu em cacos de vidros. Gabriel a pegou no colo e a colocou na cama e ficou do lado dela tentando acalma-la. Rose ouviu passos apressados atrás da porta, eram de sua mãe.

-Rose, está tudo bem? Filha, ouvi algo quebrando! –A mãe tentou abrir a porta mais estava trancada. –Filha? Abre a porta...

Gabriel sussurrou no ouvido dela “Rose vou sair invente algo, uma desculpa... Quando ela sair eu volto, e a gente vê o que vamos fazer com sua cabeça.”Ele a beijou delicadamente na testa “Isso fica entre a gente” E saiu pela janela.

Rose fechou a porta do banheiro para a mãe não ver o espelho quebrado, respirou fundo e abriu a porta do quarto. A mãe entrou no quarto assustada.

-O que está acontecendo?

-Nada mãe, é que minha cabeça estava doendo. –Rose disse dando de ombro para o espelho quebrado.

-Mas eu juro que eu ouvi vidro quebrando. –A mãe olhou em volta so para ver se não tinha nada quebrado mesmo. –Filha é melhor eu te levar em um hospital para ver o que é essa sua dor de cabeça. –A mãe foi até a filha e colocou a mão na cabeça dela.

-A não precisa, é que... é que eu to naqueles dias, deve ser isso! –Rose disfarçou, e a mãe caiu direitinho.

-Ah, quando sair o jantar eu te chamo. –A mãe de Rose saiu do quarto e fechou a porta.

Rose foi até a janela e a trancou e fechou a cortina, não queria falar com Gabriel nem com Lucas. Queria pensar na besteira que ela acabara de fazer, beijar Gabriel. Se Lucas descobrisse... Nunca mais ia olhar na cara dela. O maior problema foi que ela o beijou, não ele a beijou. Foi como se ela não pensasse, agisse por instinto, algo a dominou naquele momento.