Entendendo Os Sentimentos escrita por Andye


Capítulo 4
Almoço de Domingo - POV Rony Weasley


Notas iniciais do capítulo

Segue mais um capítulo... Espero que gostem.
Agradecendo a Julis, Zcarol e Lilian por seus comentários. Muito obrigada pela presença e leitura de vocês.



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OoO


Rony desaparatou nos terrenos da Toca um pouco atrasado e adiantou-se com uma mulher ao seu lado parando diante do portão da inconfundível casa torta dos Weasley. Sorriu animado ao perceber que praticamente todos já se encontravam na casa graças ao muito barulho que conseguia ouvir, as gargalhadas espalhafatosas de Jorge e Gui e a música que seria considerada alta pelos demais, mas que estava simplesmente agradável aos ouvidos da grande e animada família.

Abriu o portão de madeira que fechava a cerca que circundava a casa para que ambos entrassem. Ao fechar o portão, sentiu sua mão ser apertada delicadamente pela mulher ao seu lado. Lisa era sua atual namorada. Estavam juntos há quase quatro meses. Não a amava, era fato, mas gostava dela. Caminhou feliz para a família.

Observou ao redor, procurando com os olhos todos os que deveriam estar ali. Uma aglomeração de cabeças vermelhas estavam espalhadas pelos terrenos da Toca, mas uma cabeleira castanha era a que realmente o interessava. Ele a encontrou sem muito esforço. Ela brincava docemente com Teddy e Victorie até que Gina se aproximou dela e após algumas poucas palavras, ela olhou em sua direção...


Ela me viu. E agora?


Ela estava incrivelmente linda, simplesmente perfeita. Os anos que se passaram realmente fizeram muito bem para ela. Rony estava tão compenetrado na imagem da antiga namorada que mal ouviu a atual namorada reclamar que a música estava muito alta e a incomodava.

Linda, ele pensou. O vestido na altura das coxas, do tamanho ideal, os cabelos longos como ele sempre gostou amarrados em uma trança. A cintura marcada, a pele branca. Simplesmente perfeita, como sempre fora... Continua sendo.

Viu que Hermione estava um pouco atônita, desorientada talvez, e ligou o espanto ao fato de estar segurando a mão de uma mulher que ela não conhecia. Certamente estava assustada por vê-lo com alguém. Rony sentiu um embrulho no estômago e adiantou-se para a família desviando-se daqueles pensamentos e esta saudou os dois com alegria.

Ele até tentou, mas não conseguiu desprender os olhos dela. Ficou observando de longe a forma como ela conversava com Gina. O jeito que tratava as duas crianças, até que ela agachou-se e com Teddy nos braços, aproximou-se de onde ele estava.


– Ah, Mione querida – Rony ouviu a mãe dirigindo-se a Hermione - Vamos, deixe o Teddy, divirta-se minha linda.

– Mas estou me divertindo muito senhora Weasley – ela respondeu vestindo-se com seu mais belo sorriso. Estava linda – Está tudo perfeito. Estou muito feliz em estar aqui novamente.



Precisava falar com ela. Sentia um leão feroz devastando suas entranhas por reencontrá-la, Reuniu então suas forças e a obserou ainda falando com sua mãe. Tantos anos e ainda sentia-se constrangido perto da morena. O estômago gelado anunciava uma possível conversa que se formaria entre os dois.


– Oi Hermione – Rony respirou fundo e foi corajoso ao aproximar-se da amiga. Ela colocou Teddy no chão e virou-se para ele ainda sorrindo. Que sorriso perfeito.

– Olá Ronald – os olhos brilharam. Rony sentiu o estômago revirar novamente ao ver o sorriso da garota. Agora que a via mais próxima, poderia observar que ela estava ainda mais perfeita. A pele alva destacava as poucas sardas que ela tinha sobre o nariz. Os cabelos estavam ainda indisciplinados com alguns fios lhe caindo sobre a face. Parecia, sem dúvidas, uma boneca e ele pode sentir o delicado perfume de rosas que ela usava e que ele tanto gostava.

– Ronald – ele saiu do transe que estava ao ouvir a voz conhecida da namorada - Não vai me apresentar a sua amiga?

– Claro! – sentiu a face esquentar e ele tinha certeza que as orelhas estavam vermelhas – Esta é Hermione Ganger e esta é Lisa Holms.

– Quanta honra em conhecer a famosa Hermione Granger - Lisa sorriu estendendo a mão - Agora sim conheço o Trio de Ouro de forma completa.

– É um prazer conhecê-la também, embora nunca tenha ouvido falar de você – Rony prendeu a respiração. Sentiu vontade de sorrir, mas teve que se conter. Ouviu o pigarrear de Harry, o sorriso contido de Jorge e Gina e percebeu que Hermione estava com a face corada antes de serem interrompidos por seu pai.

– Vamos almoçar então?

– É isso ai papai! - Jorge falou - Finalmente um assunto realmente interessante.

– Eu gostaria de lavar minhas mãos antes - Hermione dirigiu-se a senhora Weasley.

– Hermione, querida - a mulher respondeu - Esta casa foi e sempre será sua. Fique a vontade. Você sabe onde está tudo.

– Obrigada.


Rony viu Hermione dirigindo-se a cozinha da Toca e sorriu ao lembrar que velhos hábitos nunca mudam. Desejou profundamente acompanhá-la, mas adiantou-se com os demais para a mesa posta e magicamente aumentada a fim de caber a família que estava cada vez maior e percebeu ao fitar discretamente que Hermione sorria enquanto voltava para a mesa posta.

Ao se aproximar, Hermione perdeu o sorriso e o ar sonhador. A forma como ela olhou para a cadeira vazia diante de Rony fez com que ele entendesse imediatamente o fechar do semblante da garota e sorriu intimamente ao perceber que ela ainda sentia-se constrangida perto dele.

Ela sentou-se em silêncio, de cabeça baixa e com a face corada. Era claro que ela estava envergonhada com tudo o que estava acontecendo ali. Poderia estar envergonhada, mas estava linda e nem se dava conta do quanto.

Rony então aproveitou que a namorada se servia e que Hermione olhava carinhosa para a pequena mesa onde almoçavam Teddy e Victorie para se alimentar. Estava faminto e as tortinhas de abóbora, o pastelão de rins e a torta de carnes estavam muito apetitosos.

Comeu desesperadamente e forçava a passagem com goles e mais goles de cerveja amanteigada até que sentiu quando Lisa lhe deu um cutucão na costela, e ao levantar o rosto afastando-se um pouco do prato, percebeu que Hermione sorria carinhosa. Sentiu-se bem.

Certamente ela estava se lembrando das horas das refeições em Hogwarts. Ela sempre ralhava com ele, mas sempre achou engraçado a forma desesperada como ele comia. Ignorou então a namorada e voltou com todo o ímpeto para o prato de comida que lhe parecia ainda mais saboroso.


– Está gostando querida? - ouviu a voz da mãe se dirigindo a Hermione.

– Estou sim. – ela respondeu com um sorriso no rosto.

– Mas me diga Hermione – seu pai começou a conversa e Rony percebeu a face de Hermione corar ao olhar para ele - Como anda seu novo projeto?

– Está tudo muito bem, senhor Weasley - ela respondeu corando ainda mais - Tenho tido alguns problemas com a Suprema Corte. Eles insistem em não concordar com meu projeto, mas já estou trabalhando em uma nova defesa.

– É – fitou o pai bastante pensativo - É mesmo difícil lidar com a Suprema Corte. Bruxos antigos, de tradições que consideram irrevogáveis... Você terá trabalho Hermione - ele respondeu voltando os olhos para a morena. Ela acenou com a cabeça ao confirmar e voltou-se para o prato.

– E teu novo projeto é sobre o que Hermione? – Angelina perguntou e Rony reconheceu a expressão de Hermione. Sentia-se incomodada por ser o centro das atenções. Ele sorriu discretamente vontando-se para seu próprio prato.

– Bem – Hermione respondeu olhando diretamente para Angelina - Faz quase um ano que consegui a aprovação da Lei da Folga para os Elfos Domésticos, e decidi incrementar. Criei um novo projeto que dará aos elfos, além do direito de um dia de folga, o de receber uma remuneração mensal.

– Que legal, Mione - Angelina comentou animada - Eu lembro do F.A.L.E. É bom saber que você não desistiu dos seus ideais e continua lutando.

– Obrigada – Rony não conseguia tirar os olhos dela. Ela estava feliz, realizando seus projetos e ele estava satisfeito e muito orgulhoso por ela. Sentiu a espinha gelar no momento em que ela o olhou novamente e rapidamente desviou.

– Mas... - Fleur iniciou - O que serria o pagamente?

– Eu gostaria que fosse alguns cicles, mas é difícil fazer elfos aceitarem dinheiro. Então, pensei em uma ou duas moedas de bronze.

– Formidável Hermione - Gui comentou.

– É... - foi a vez de Jorge comentar alegre - Senhorita sabe-tudo não sossega nunca.

– É muito bom mesmo Mione - Harry adiantou-se - Eu mesmo já pago ao Monstro. Foi difícil de convencê-lo. Eu tive que dar uma ordem para que ele aceitasse e usasse o dinheiro comprando coisas pra ele.

– Fico feliz Harry - Hermione falou orgulhosa do amigo – Infelizmente, de inicio, será realmente necessário que os donos mandem que eles recebam o pagamento, mas eu acredito que com o tempo eles mesmos cobrarão seus direitos.

– É - Jorge continuou - Colocamos no jornal que Harry Potter paga seu elfo doméstico e rapidinho a lei da Mione é aceita - todos riram e Rony se concentrou bastante antes de dirigir a palavra a morena.

– Parabéns Hermione – conseguiu então falar. A pulsação estava agitada e o pomo de adão entalava a garganta.

– Obrigada Ronald - ela sorriu e em seguida voltou-se ao seu prato.

– Eu também a parabenizo Hermione - Lisa falou e Rony quis que ela parasse, fitando pela primeira vez a namorada - É sempre bom lutar por nossos objetivos, mas sinceramente, acho esta história de dar direitos a elfos e seres inferiores uma perda de tempo - todos se calaram e fitaram Hermione. Harry engasgou-se e Rony teve o desejo de enfiar a cabeça em um buraco no chão.


Viu quando Hermione soltou os talheres delicadamente na borda do prato. Levou ainda em câmera lenta as mãos as pernas e fitou Lisa com um olhar assustador. Rony temeu pela vida da namorada. Era óbvio que Hermione estava extremamente irritada com o comentário e ele conhecia como ninguém aquele olhar assassino que ela fazia agora.


– Muito obrigada pela parabenização - Hermione respondeu ainda sorrindo, porém o semblante estava contraído. O sorriso não era sincero - Realmente agradeço. Mas é por culpa de pessoas que pensam como você que ainda temos seres em nosso meio considerados inferiores.

“Infelizmente, é muito difícil mudar pensamentos tão retrógrados quanto o seu, porque quem os tem geralmente são bruxos de linhagem considerada pura, que se acham superiores aos demais.”

“Sou uma bruxa, embora nascida trouxa, o que me ocasionou muitos problemas no passado, mas realmente, não me vejo melhor ou superior a qualquer um. Me sinto tão ser vivo quanto um elfo, um duende, um centauro ou você.”

– Hermione - Gina interrompeu antes da resposta de Lisa e Rony suspirou agradecido - Já provou as tortinhas de abóbora? Fui eu que fiz.


Hermione balançou a cabeça ao sorrir para Gina e Rony sentia que iria sufocar. A face queimava agora e ele desejou que aquele almoço acabasse logo. Viu que a mãe e Fleur tinham olhos arregalados enquanto Jorge, Gui e Harry sorriam discretamente. Angelina, Percy e Audrey pareciam em transe absorvendo o que havia acontecido ali.

Todos sentiram o clima pesado que se instalou durante o almoço. Todos se olhavam tentando amenizar os estragos, mas a cara que Lisa fazia ao ver Hermione, os olhares de Gina em sua direção e a moça ao seu lado, o silêncio que Hermione se jogou novamente, os risinhos incontrolados de Jorge e a tentativa frustrada de Harry e Percy contarem piadas não estava dando muito certo. Rony sentiu o estômago revirar.


– Então – ouviu a voz da mãe e a fitou temeroso esperando que ela iniciasse um assunto rasoável - Onde tem morado querida?

– Er... – Hermione corou novamente e parecia pensar em algo antes de responder - Consegui comprar um apartamento em Londres mesmo. É um bairro bruxo muito distinto e bem tranquilo. Está convidada a me visitar quando quiser.

– E olha que vou mesmo...

– Seria um prazer ter a senhora em minha casa.

– E como vai o Philip, Mione? - Angelina perguntou. Rony sentiu como se fosse acertado por um balaço errante bem no estômago, e ao fitar Hermione, viu que ela tinha a face corada.

– Quem é Philip? - A mãe verbalizou a pergunta que não se calava na cabeça do ruivo. Ele não percebeu o modo que era observado por sua acompanhante de tão irritado que se sentia.

– Philip, sra Weasley - Angelina continuou, mas Rony não consegui parar de fuzilar Hermione com os olhos. Ela estava ruborizada - Meu primo. O que era artilheiro do Chudley.

– Sim – Rony ouviu a voz do pai num tom afastado. Parecia que todos sussurravam, mas ele entendia o que era dito - Eu sei quem ele é. Bom jogador... E é seu primo Angelina? Não sabia.

– É sim senhor Weasley - Angelina continuou - Desculpe pela falta de não ter comentado com o senhor antes. Ele é meu primo de segundo grau, mas sempre nos demos muito bem.

– E de onde Hermione o conhece? – Rony conseguiu finalmente verbalizar algo, embora o som tenha saído um tanto que contraído e irritado, e mesmo que todos olhassem para ele agora, queria ouvir a resposta da boca dela - Até onde sei, você não gosta de Quadribol.

– Ele é namorado da Mione - Jorge respondeu por ela que demorou em falar. Rony não conseguia tirar os olhos da garota. Sentia raiva agora.

– Não - ela completou tímida ainda de cabeça baixa - Não somos mais namorados.

– Não? - Angelina pareceu ficar triste, mas Rony sentiu que um peso saia de suas costas - Mas ele sempre falava tão bem de você. Pensei que seria da minha família...

– Mas ela será da sua família, Angelina - Gina atraiu todos os olhares com o comentário. Harry se engasgava com cerveja amanteigada novamente e Hermione sentia-se envergonhada pela forma como era olhada por Gina - Sempre considerei Hermione como minha irmã, e ela faz parte desta família, e sempre fará.

– É verdade! - Gui completou quebrando o clima pesado – Todos a amamos como uma irmã.

– Não sei se todos a amamos como irmã - Gina olhou para o irmão mais novo e ele sentiu mais um cutucão vindo da Lisa – Ao menos eu sinto assim... Ela já faz parte de todos nós, e sempre será amada por todos, independente das idiotices que tenham acontecido no passado – Gina olhou novamente para Rony e ele apenas abaixou a cabeça para pegar sua bebida - Então, basta que você e o Jorge se casem de uma vez e serão da mesma família. Agora vamos, por favor, falar do meu casamento?


A tarde passou rápida, sem muitos contratempos depois dos incidentes a mesa. Rony percebeu que Hermione não queria ficar perto dele, porque sempre que se aproximava ela se afastava, indo ajudar sua mãe, conversar com Harry, Percy ou com quem estivesse por perto.

Viu que depois de um tempo ela subiu para o quarto com Gina. Provavelmente para falar do casamento e das coisas que aconteceram durante o almoço. Sabia que Gina iria falar mal da Lisa, elas não se suportavam desde que se conheceram. Devia ser ciúmes de irmã, provavelmente.

Sugeriu uma partida de xadrez bruxo com Harry e o moreno aceitou prontamente. Após algumas jogadas, Harry percebeu que se encontravam sozinhos na sala de estar.

Ouvia conversas paralelas. Jorge e Angelina foram os primeiros a sumir. Molly estava na cozinha e podia-se ouvir o sotaque de Fleur acompanhando a matriarca.

As outras mulheres estavam no jardim conversando e os demais homens da casa voltaram para a mesa e tomavam hidromel. Às vezes ele ouvia a voz da mãe pedindo que os homens não exagerassem na bebida e era seguida por gargalhadas.


– Que almoço, eim cara? – Harry quebrou o silêncio movendo o cavalo.

– Ou... Eu que o diga. Pensei que ia ser estuporado.

– Eu percebi.

– Mas tudo bem, tudo isso faz parte, não é? – Rony moveu o bispo.

– E como você está? – Rony olhou para o amigo, mas ele parecia concentrado na jogada.

– Eu estou bem.

– Você sabe do que eu estou falando, Rony – Harry falou ainda concentrado. Por fim, moveu o seu bispo.

– Não houve maiores atritos, nem brigas, nem feitiços – Rony falou olhando o jogo – Então acho que está tudo bem.

– Tudo bem? Cara, como você pode dizer que está tudo bem? – Harry agora olhava o amigo.

– E o que eu poderia dizer? – Rony o olhou aflito.

– Cara – Harry voltou os olhos para o jogo – Eu acho que todo mundo percebeu o jeito que você ficou olhando pra Mione.

– Jeito? Que jeito quatro olhos? Você tá vendo coisa onde não tem.

– Rony, você até pode tentar enganar todo mundo, mas você não pode se enganar – Harry moveu a torre.

– Não estou tentando me enganar Potter. Você está ficando louco, sabia? Acho que a Gina está tirando os parafusos da sua cabeça sem que você veja – ele voltou a observar o jogo.

– Rony, você por acaso percebeu como você ficou quando a Angelina comentou sobre o Philip no almoço?

– Não fiz nada – Rony olhou espantado para Harry – Apenas queria saber...

– Cara, você teve ciúmes claramente. Tão claramente que até a tua namorada percebeu. Você ficou vermelho, teus olhos ficaram escuros e parecia que você ia atacar o primeiro que passasse na tua frente. Você sempre ficava do mesmo jeito quando a Mione falava do Krum.

– Não precisa tocar no nome desse búlgaro idiota – Rony moveu o bispo novamente com um pouco mais de força do que deveria.

– Tá vendo, você tem ciúmes dela. Você ainda gosta dela. Por que vocês terminaram então? Vocês se amam, são feitos um para o outro...

– Eu não fui feito coisa nenhuma pra essa sabe-tudo irritante...

– E você foi feito pra quem então? – Harry moveu o cavalo e olhou para o amigo – Para Lisa? Ela não tem nada a ver com você e você sabe disso. Tua família a detesta e ela não faz nada pra mudar isso. Vocês não tem nada em comum além do curso de auror e é evidente que você não a ama.

“Rony, eu não sou ninguém além de um amigo que se preocupa, mas não desperdiça a tua felicidade tentando se enganar provando pra você algo que você sabe que não é verdade.”

“Eu sei e você sabe que gosta da Hermione, então por que você não se convence de uma vez que está fazendo tudo errado e conversa com ela? Eu tenho certeza que ela sente o mesmo por você, sempre foi assim. E eu queria mesmo que vocês dois deixassem de ser tão cabeça dura e se entendessem logo.”


Rony viu quando o amigo levantou-se da cadeira onde estava sentado e sentiu uma tapinha em seu ombro. Estava juntando as palavras para responder a Harry e dizer que ele estava enganado, mas não conseguia encontrar argumentos convincentes para tal coisa. Olhou o jogo ainda inacabado e viu que a torre e o bispo de Harry encurralaram sua rainha de uma forma que ele não poderia ter imaginado.

Recostou-se no sofá e colocou as mãos por trás da cabeça. Suspirou profundamente e fechou os olhos perdendo-se em seus pensamentos.

Harry está ficando louco, é claro, só poderia ser. Ela estava sim, mais bonita, mais adulta, mais sexy, mais perfumada, mas... Era só isso... Tinham sido namorados. É normal que ele a olhasse de uma forma diferente.


– Rony – ouviu quando a mãe o chamou – Você poderia chamar a Gina. Vou fazer a receita que ela que aprender.

– Vou sim, mãe.


Rony subiu as escadas em direção ao quarto da irmã e durante o caminho, que pareceu enorme, ele pensou nas palavras do amigo. Por tras da porta, que estava entreaberta, ele ouviu a voz da irmã e parou sem querer, mas querendo ouvir o que as duas conversavam.


– Mione – ouviu Gina falar - Quando você aceitar o que sente pelo Rony, tudo vai se resolver. Tenho certeza.

– Não tenho nada para aceitar Gina – Hermione foi firme e ele respirou fundo antes de entrar no quarto.

– Oi - Rony entrou no quarto e percebeu que Hermione ficou visivelmente sem graça.

– Oi Rony - Gina respondeu.

– A mamãe pediu que eu te chamasse. Ela quer te passar uma receita que ela vai preparar agora.

– Ah sim - viu Gina levantar-se animada - É a receita do purê que o Harry gosta. Volto já Mione. Juízo vocês dois.


Gina saiu animada do quarto e foi possível ouvir seus gritinhos de alegria pelo corredor. Hermione não controlou o riso e parou repentinamente, talvez percebendo que ele ainda estava ali. Ele a fitava e ela sentiu a face esquentar. Decidiu continuar o que já estava fazendo como se nada estivesse acontecendo.


– Tudo bem? - Rony percebeu que a voz saiu mais grossa do que ele queria, estava nervoso e não entendia ao certo o porque.

– Tudo - ela respondeu ainda olhando a revista de moda.

– Fiquei muito feliz por seu projeto está dando certo.

– Obrigada!

– É... Bem... Me desculpa pelo que a Lisa disse no almoço, acho que não foi por mal.

– Tudo bem Ronald. Todos temos o direito de termos nossas opiniões. O que seria do mundo se fosse e pensasse todos iguais?

– É verdade, você tem razão, como sempre - ela sorriu e ele não conseguiu se conter de sorrir também.

– E seus pais?

– Estão bem - ela suspirou - Estão aposentados agora e decidiram viajar. Foram passar uma temporada na Espanha.

– Aposentados?

– Sim - ela sorriu e ele imaginou que ela iria começar uma explicação, mas ela ficou envergonhada de repente, e logo depois continuou - Aposentar significa que eles trabalharam por anos e resolveram parar depois de acumular certa quantia e por não precisarem mais trabalhar. É como se um auror deixasse o trabalho, mas continuasse recebendo por ter prestado seus serviços por um bom tempo.

– Ah... Entendi. Que bom pra eles. E você tem morado sozinha? - Rony percebeu que ela corou.

– Tenho sim.

– Bom. Tem conseguido todos os seus objetivos. Conseguiu um bom cargo no Ministério, sua casa, morar sozinha...

– É! Mas nem tudo o que planejamos acaba dando realmente certo, não é mesmo?

– É - Rony sentiu as orelhas esquentarem. Sabia ao que ela se referia. Tinham planejado morar juntos depois que conseguissem um emprego.

– Muito bonita sua namorada.

– É. É sim, muito bonita - não tanto quanto você– Mione... Eu sinto muito por tudo.

– Não precisa se desculpar Ronald. Está tudo bem.


Rony caminhou de cabeça baixa na direção de Hermione. Estava envergonhado e sentia o revirar no estômago de anos atrás. Sentou-se na cadeira onde Gina estivera há alguns minutos e percebeu que Hermione o olhava apreensiva.

Ele não resistiu o desejo de sentir o toque de sua pele e a tocou no rosto. Ela tirou rapidamente os olhos da revista e o encarou um pouco assustada. Ele a olhou nos olhos, os olhos estavam ainda mais castanhos que antes. Como poderia ser tão linda? Ele não sabia.

Sentiu que ela se afastou e que iria levantar-se, mas por impulso segurou seu braço, mantendo-a ainda sentada na borda da cama de Gina, como estivera desde o início da conversa.


– Você está linda, Mione - foi o que conseguiu dizer - Simplesmente linda.


E era verdade. A mais pura verdade. Ela tinha conseguido um ar ainda mais doce e sereno que antes. Rony teve desejo de abraçá-la, de beijá-la e voltar no tempo. Precisava de um vira-tempo, mas lembrou que todos haviam sido destruídos quando eles foram ao Ministério há tantos anos atrás.

Hermione parecia nervosa, tensa. Queria saber o que se passava em sua mente neste momento. Queria poder decifrar os sonhos de Hermione Granger e saber como satisafazê-la. Ela sorriu. Era tudo o que ele precisa, um sorriso sincero. Soltou então seu braço e levantou-se. Ela levantou-se em seguida.

Ficaram então de frente um para o outra. Ela não se mexia, mas tinha uma expressão assustada. Ele a olhou novamente nos olhos e como um imã, sentiu-se puxado para ela. Era como se seus lábios desejassem os lábios dela. E ele aproximou-se cada vez mais. Ela poderia ter ido embora, sim, poderia, mas não foi.

Permaneceram ali, com apenas alguns poucos centímetros separando seus lábios de encontrarem-se novamente. Ela o olhou, ela tinha desejo e medo nos olhos... Ele não poderia fazer isto, mas o desejo de sentí-la era maior que seus pensamentos...


– Ronald? - Rony ouviu a voz de Lisa e viu Hermione piscar os olhos. Em seguida, afastar-se de perto dele. O momento havia sido quebrado. Então ele sentiu um ar de reprovação nos olhos dela. O reprovou por ter se aproximado daquela forma. Ela o culpou e ele sentiu a face esquentar.

– Ah, então era aqui que você estava escondido? - Lisa falou olhando dele para Hermione. Nenhum dos dois respondeu, mas Hermione movimentou-se, pegou uma das revistas por sobre a cama de Gina e se virou.

– Com licença - ela saiu sem ao menos olhar para trás.

– O que estavam fazendo aqui? - Lisa perguntou.

– Estávamos conversando. Nada mais... Rony apenas respondeu, ainda olhando para a porta e saindo em seguida.


OoO


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando. Essa semana tem mais! :D



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