Narração Normal

 Gabrielle abriu a cortina  e encontrou uma garota que a encarava pela janela. Ainda fosse uma garota normal, vá lá, mas era uma adolescente de 16, 17 anos, que usava uma camisa do anime Bleach por cima de uma blusa listrada, calça jeans e All Star colorido levemente surrado, com uma  meia maior que a outra e uma touca com orelhas de neko, além de ter uma expressão assustada tão esquisita que ninguém estranharia  muito se o pescoço dela girasse 360 graus e ela começasse a escalar paredes.

 - Posso ajudar você? – perguntou Gabrielle, com a voz calma

 - Quem sabe – respondeu a menina, colando o nariz no vidro – Eu e meu amigo somos detetives e estávamos fazendo algumas perguntas s obre as mortes recentes por aqui. – só então Gabrielle  reparou a presença, a uns passos de distância, de um rapaz de cabelos cinzentos e roupas de skatista.

- Queiram entrar, mas não vejo no que posso ser útil. – disse educadamente,  abrindo a porta

- Hajimemashite*. Miruku desu. (Prazer em conhecer*)

- Shitsurei shimasu. Sou Tikara, perdoe os maus modos dela, ela não sabe o que faz – falou, torcendo o nariz

- Quero ver  seus bons modos quando tu desce ladeiras com um carrinho de rolimã descalço segurando um vaso de cristal pra ficar mais difícil. – Miruku falou educadamente. O rosto do rapaz ficou vermelho.

- Me chamo Gabrielle, fiquem à vontade, sentem-se – indicou um sofá em frente a poltrona em que acabara de se instalar.

Do lado de fora, a casa era amarela, com flores por toda a parte e muros brancos dos lados. A parte de dentro, arrumada e recém-decorada. Gabrielle era uma moça de uns 37 anos no máximo, com cabelos escuros, rosto arredondado e olhos cor de mel.

- O que querem saber?

- Vamos ser sinceros – Miruku suspirou, fuçando sem parar nas orelhas de neko da touca – É sobre os assassinatos que vêm acontecendo nessa região do Rio de Janeiro, e que a polícia considerou como em série, ou então continuação feita por algum macaco de imitação. Os assassinados não eram criminosos, nem envolvidos em qualquer coisa errada, e confirmamos essa semana que como os motivos de vingança não poderiam ser de coisa muito grande, partimos pra coisas pequenas possivelmente ocorridas no passado. Procuramos um missing link e havia a causa mortis, por sufocamento e cortes no corpo feitos após o falecimento, e uma pessoa chamada Lucas Ferreira... parece que a maioria das vítimas estavam, de alguma forma pequena ou grande ligadas a ele. – examinou com cuidado as expressões faciais de Gabrielle, tentando captar alguma mudança qualquer. – Você o conhece, não conhece?

- Se eu o conheço? Claro. Foi uma paixonite de infância, como dizem. Se eu ainda gosto dele? – sorriu – Águas passadas não movem mais moinhos.

- A não ser que elas retornem de alguma forma – Miruku acrescentou, fitando-a nos olhos com a expressão completamente vazia

- É, pode ser. Aceitam chá? Ta uma delícia – sorriu novamente de modo simpático

- Não, arigato gozaimassu – disse Miruku, retribuindo o sorriso, porém de modo um pouco diferente – Pode, onegai, nos contar sobre ele?

- Ah, ele era uma pessoa bem simpática com aqueles que ele gostava... E sempre foi lindo, muito bo- foi interrompida por mIruku

- Lindo como o Jerry Trainor? Cara, o Spencer é uma GRAÇA *-* – perguntou a garota, entusiasmada, se apoiando de modo estranho na poltrona

- Jerry o quê? – Gabrielle fez uma careta

- iCarly, duh – Miruku respondeu, como se fosse a coisa mais conhecida no planeta Terra e muito óbvia. Tikara já suspirava, impaciente.

- Ah, sei, assisto de vez em quando. – levantou uma das sobrancelhas – Sério que tu acha ele bonito?

Tikara pigarreou bem alto – RETOMANDO o assunto...

- Ele era um rapaz fofo, e eu gostava dele, mas ele não parecia sentir o mesmo por mim. Nunca conversamos na vida apesar de sempre estudarmos na mesma escola, só que em salas diferentes, ele nunca me deu bola – fez um sinal de indiferença – Então eu fiz o que devia fazer: esqueci ele quando fiz 15 anos e nunca mais voltei e pensar nele do mesmo jeito.

Miruku se remexeu incomodada no sofá. Algo que Gabrielle dissera lhe trouxera um mal-estar imenso.

- A senhorita tem qualquer sentimento negativo quanto a ele? – Tikara perguntou, formalmente.

- De forma alguma.

- Nunca teria vontade de fazer mal a ele?

- FAZER MAL À LUCAS? DE QUE PLANETA ESTÃO FALANDO? – ofegou – Eu nunca tocaria em um fio de cabelo dele nem o machucaria! – a voz e os olhos transbordavam a mais pura sinceridade.

E ela dizia a verdade.