Estrela De Um Céu Nublado escrita por NallaTonks


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei se alguém ainda acompanha a história depois de tanto tempo. Desculpem a demora. Tive algumas problemas para deixar o capitulo do jeito que eu queria.



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  — O que faz aqui, Quinn? - Perguntou novamente quando ela não lhe respondeu.

  Quinn continuou quieta olhando pela janela com o rosto sério. Ela parecia a mesma de quando deixou Lima antes dele, sem nem olhar para trás, mas ao mesmo tempo parecia tão diferente.

  Finn caminhou escassos passos até o pequeno sofá da sala e colocou a mochila no chão, ao lado dele, passando direto por Quinn para chegar à cozinha estilo americana enquanto ela acompanhava seus movimentos pela visão periférica.

  — Se vai ficar ai parada olhando para o nada a noite toda acho melhor ir embora. Tenho coisas à fazer amanhã e preciso dormir cedo. - Disse sem levantar os olhos para ela enquanto preparava um sanduíche. Sempre acabava comendo besteiras na boate e por isso não jantava.

  — Eu vim só fazer uma visita, Finn. Queria ver se continuava com essa estupidez de ser ator ou se já estava fazendo algo de útil. - Quinn tirou a jaqueta jeans e a colocou nas costas do sofá ficando ao lado de Finn na cozinha e ajudando-o.

  Finn suspirou pesadamente.

  Ia começar outra vez. Pessoas lhe dizendo o quanto era incapaz e burro por estar seguindo seus sonhos. Será ninguém poderia lhe dar um voto de confiança? Principalmente ela, que foi tão importante em sua vida quando estava no colegial?

  — O que está fazendo? - Ele perguntou quando sentiu ela lhe tirando de perto da bancas.

  — Preparando algo decente pra você comer. Coisa que você nunca soube fazer. Só come porcaria, parece criança.

  — Sei me virar sozinho. - Disse levemente ofendido dando a volta no balcão para ficar do lado de fora, de frente à ela.

  Ficaram em silêncio por um tempo. Quinn parecia ocupar todo o pequeno espaço da cozinha, se movendo para todos os lados perguntando, ocasionalmente, onde ficavam algumas coisas e repreendendo Finn por ter uma dispensa tão vazia de 'comida de verdade invés dessas porcarias congeladas que vão acabar lhe matando antes dos 40'.

  Finn sentia uma enorme nostalgia no peito. Era assim quando namoravam. Ele lhe protegia quando ouvia alguém falar coisas ruins sobre ela, coisas sobre as quais ninguém sabia a verdade e não tinham o direito de julgá-la. Lhe confortava quando a pressão sufocante que sempre reinava na mansão Fabray era demais e ela ameaçava quebrar. Podia contar nos dedos quantas vezes ela tinha desistido e chorado em seus braços quando ninguém podia ver ou ouvir, mas tinha perdido as contas de quantas vezes viu seus olhos frios e vazios, todas as vezes que seus pais brigavam, todas as vezes que ouvia o que todo Mckinley pensava sobre ela, a Rainha do Gelo, a cheerio sem alma e sem coração.

  Enquanto Quinn era a que cuidava dele, briga e as vezes até lhe batia quando fazia algo errado ou muito estúpido, cozinhava pra ele por que, segundo ela, ele iria acabar se matando se tivesse que cozinhar para si mesmo. Quando ficava doente, triste ou muito estressado antes dos jogos importantes, dormia com ele, lhe contava histórias engraçadas que tinha visto ou ouvido, só pra que se divertisse um pouco.

  Como tudo foi dar tão errado com eles? É verdade que ele muitas vezes foi egoísta ao ponto de não enxergar que ela estava ferida por algo de ruim que fez ou disse e acabava por machucá-la ainda mais, e ela podia ser tão egocêntrica que se estivesse se sentindo mal faria de tudo para fazer com que não só ele, mas todos ao seu redor, se sentissem mil vezes pior.

  Em menos de um segundo podiam se completar ou se destruir. Era uma montanha russa de emoções e sentimentos. Sempre foi. Mas no meio de toda aquela bagunça eles se importavam um com outro, se... Amavam!?

  — Aqui, veja se está bom. - Saiu de seus pensamentos quando Quinn colocou um copo de suco industrializado e um sanduíche, que tinha tanta coisa que mais parecia uma refeição inteira, na sua frente.

  — Está muito bom, obrigado. - Disse depois de dar uma mordida. Não tinha percebido o quanto sentiu falta dos cuidados dela e nem o quanto estava com fome. Mas…

  — Você não veio aqui só pra me fazer comer direito. - Disse entre uma mordida e outra. Já sabia porque Quinn estava ali, não era burro. Além do mais, ela já tinha dito mesmo.

  — O que pensa que está fazendo, Finn? Jogando sua vida fora desse jeito por algo que sabe que não pode conseguir. - Ela começou suave e pausadamente como se ele não fosse entender se falasse mais rápido. Ela sempre fazia isso e fazia com que ele Finn se sentisse uma criança que não sabe das coisas. Sentiu o sangue começar a ferver e passou a mastigar com mais energia para impedi-lo de atacá-la. Queria ouvir até o fim. — Você sabe Finn. Todo mundo sabe que você não. tem. talento. para isso. Insistir nessa palhaçada é burrice demais, até mesmo para você. Você queria ser jogar profissional, lembra? Esse era o seu sonho, Finn, ser um jogar profissional do Cincinnati Bengals. Você queria mostrar que Ohio também tem um super time. Fazê-lo ganhar o Super Bowl. Fazê-lo voltar a gloria... - Quinn já parecia estar perdendo o controle andando pelo apartamento enquanto a raiva de Finn só crescia. — O que aconteceu, Finn? Você poderia ter tido tudo isso, era o único do Mckinley que sabia jogar. O aconteceu? - Ela parou em frente à ele, que permanecia de costas, virado para o balcão quase curvado sobre ele.

  — As pessoas mudam, Quinn. Eu queria, sim, ser jogar, mas porque eu pensava que era a única coisa que eu poderia fazer. Mas o New Directions me mostrou que eu tinha outras opções. Que eu poderia fazer qualquer coisa que eu quisesse se eu tivesse coragem e vontade o bastante para isso. Eu estou lutando, Quinn. Lutando para fazer com que meu sonho se realize e eu vou fazer isso acontecer por-

  — MAS QUE DROGA, FINN! - Quinn o interrompeu. Cada palavra que saia da boca do ex-namorado a fazia sentir mais raiva e pena dele. Será que ele não via a maluquice que estava fazendo? — Você consegue se ouvir quando fala ou tem um buraco negro enorme entre a sua boca e os seus ouvidos nisso que você chama de cérebro? O Glee Club era só um extracurricular. Um hobbie. Só porque você pode fingir cantar e dançar num concurso de corais contra outras pessoas igualmente sem talento, e ganhar, NÃO significa que você seja bom o bastante para isso de verdade. Com pessoas que tem talento de verdade. Isso não é uma competição idiota, é a sua vida que você está jogando fora por NADA. Você acha que pode fazer isso, mas não pode. Porra, Finn você entrou nessa escola porque o Burt te colocou lá. Te passou pela cabeça que nem pra ESTUDAR sobre como ser um ator você tem capacidade? Precisou que alguém te colocasse lá. E advinha só. VAI. SER. ASSIM. SEMPRE. Se você continuar com essa palhaçada. - Quinn cuspiu as palavras em cima dele que segurava o balcão com força. Finn tremia de raiva conforme o discurso avançava. Ela não tinha o direito de falar assim com ele. Não de novo. Ele ficou calado da primeira vez quando contou a ela que não iria para faculdade. Ela gritou, esperneou, xingou, exatamente como agora.

 

  Já chega.

 

  — Se você já acabou com esse seu discurso ridículo. - Falava baixo e pausadamente, tinha medo de perder o controle se falasse mais alto. — Eu sugiro que você saia da minha casa. Eu não preciso dessa merda.

  Ouviu a risada cheia de cinismo e sarcasmo atrás dele. Já tinha ouvido essa risada antes. Ele a odiava.

  — Você não enxerga mesmo, não é? Você é mais burro do que eu pensei que fosse. Quer saber, se quer ser o maior fracassado da cidade o problema é seu, lavo as minhas mãos. Eu tentei, juro que eu tentei fazer entrar alguma coisa nessa sua cabeça, mas você é tão obtuso que isso é impossível. Acho que você nunca aprendeu nada, quer dizer, a única maneira de você ter se formado é porque pagou metade dos professores do Mckinley para não te reprovarem. - Finn virou abruptamente para ela com os olhos arregalados. Como ela sabia disso?

  — O que? Achou mesmo que eu não ia ficar sabendo? O único imbecil aqui é você.

  — CALA A BOCA. - Finn levantou e se aproximou de Quinn ameaçadoramente, que não se moveu. — Eu já estou cansado de você. Você invadiu a minha casa, me humilhou, me xingou... JÁ CHEGA. Você não tem o menor direito de tentar me dizer o que fazer e muito menos de me dizer que não sou bom o bastante pra fazer o que eu quero. EU VOU SER GRANDE. Eu você ainda vai se rastejar aos meus pés. - Seus rostos estavam tão próximos que os narizes quase se tocavam. Finn estava tremendo, ofegante, nunca tinha ficado desse jeito. Nenhuma das suas explosões de raiva foi tão forte quanto essa.

  Quinn o encarava inabalável. Sua má atitude e temperamento não pareciam ter efeito nenhum sobre ela e isso o deixou ligeiramente desconfortável. Um sorriso irônico, o mesmo que sempre lhe causou arrepios, se formou nos lábios da ex-cheerio.

  — Você é um grande babaca. Na melhor da hipóteses, vai fuder com toda a sua vida. Sinto pena da Carole, ela não merecia uma decepção tão grande quanto você. Literalmente.

  — Cala a boca, cala a boca, cala a boca. - Finn tinha os olhos fechados e murmurava baixinho. O tom baixo e frio da voz melodiosa parecia fazer com que seus ouvidos sangrassem. Estava cansado e sem forças pra continuar discutindo. Ela tinha ganhado, ela sempre ganhava.

  — Você é um grande pedaço de merda. Uma aberração que um dia eu chamei de amigo. Mas o amigo que eu amava não existe mais, acho que nunca existiu e só agora eu vi o quão insignificante, burro, descerebrado e completo imbecil você é. - Cada palavra jogada contra seu rosto era uma facada em seu peito. Em seu orgulho. Nunca se sentiu tão ferido.

  — Espero mesmo que você consiga alguma coisa, apesar de que eu tenho certeza que isso nunca vai acontecer. Tenha uma boa noite, tomara que saiba o que você está jogando fora.

  Finn sentiu ela se afastar e alguns segundos depois ouviu a porta abrir e fechar. Abriu os olhos lentamente. Seu apartamento nunca lhe pareceu mais vazio, mais melancólico.

  Algum tempo depois não se lembrava de quando pegou a mochila e foi para o quarto, nem de quando ficou alguns minutos a mais no chuveiro ou de quando se trocou. Não se lembrou do cartão no bolso da mochila. Estava no piloto automático.

  Se jogou na cama de solteiro. Estava cansado, com dor de cabeça. Só queria dormir…

  Talvez para sempre.


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