- Qual era a aparência da garotinha?

- Ela tinha longos lisos cabelos negros que cobriam seu rosto, sua pele era extremamente clara, tão branca quanto seu comprido vestido e ela estava descalça. Sua pele era seca, porém... fria... - senti um pequeno arrepio ao me lembrar de meu sonho e de sua pele gelada.

- Ela falou com você alguma vez?

- Sim, só uma. Ela falou algo sobre fogo, como se estivesse queimando e disse que estava presa. Disse que nunca estaria à salvo e que eu também não...

- Mais alguma coisa?

- Tinha outra coisa, sim... mas não me lembro...

- Hum... Interessante... - ele dizia enquanto anotava em seu caderno. - Você disse que tinha uma possível pista, qual é?

- O vestido, ele era antigo. Parecia algo feito na década de setenta. Entendo muito de tecidos. Meu... pai... já trabalhou em uma loja de roupas... então, eu acho que é dessa época... - senti uma lágrima descendo pelo meu rosto. Droga, eu estava chorando. - Desculpa, Josh, é que eu ainda não me recuperei totalmente...

- Tudo bem. - ele disse me abraçando e me dando um beijo na bochecha. - Olha, esquece isso, vai passar. Mas, você disse que era um vestido da década de setenta, certo?

- Tenho quase certeza... - falei secando as lágrimas.

- Vamos dar uma olhada nas notícias dos anos setenta.

- Você tá maluco?! Devem ter milhões de notícias! Precisamos ser mais específicos!

- Está bem... Você lembra de mais alguma coisa? - na mesma hora, me lembrei do que ela tinha falado.

- Me lembrei! Lembrei o que ela também disse para mim!

- E o que foi?

- Foi...

Flashback's ON

- Onde estão seus pais?

- No hospital, me esperando...

- Por que eles estão lá?

(Silêncio)

Flashback's OFF

- E ela não te respondeu?

- Não...

- Faz ideia de qual hospital é?

Ela não havia me dito o nome do hospital, mas quando fui respondê-lo, ouvi algo vindo do meu subconsciente: Alchemilla Hospital. Meu coração disparou e eu me arrepiei. A voz que havia me contado o nome do hospital era da garotinha dos meus sonhos.

- Alchemilla Hospital...

- Ótimo, não fica longe daqui. Vamos!

Ele me pegou pelo braço e fomos andando para fora da biblioteca. Fomos até um local, onde havia um taxi estacionado e pedimos para que ele nos levasse até o hospital. Até que não era muito longe. Pagamos apenas oito reais e saímos do carro. Aqui está ele, bem na nossa frente: Alchemilla Hospital. Respirei fundo, agarrei o braço de Josh e entramos. Não estava cheio, mas os médicos e as enfermeiras não paravam nenhum instante. “Vá para o corredor!” Estremeci de novo, era ela falando comigo. Mais à frente havia um corredor com as salas dos pacientes, mas eu a desobedeci. “O que está esperando? Vai!” Essa maldita voz no meu subconsciente já estava me dando nos nervos.

- Josh?

- O que?

- Podemos ir até aquele corredor? - falei apontando.

- É claro!

Sim, eu sou fraca. Eu tinha que ver o que ela queria me mostrar. Fui andando com Josh pelo corredor, todas as portas estavam trancadas... menos uma. Olhei para os lados para ver se vinha alguém, a barra tava limpa. Abri a porta com cuidado e quase desmaiei com o que vi. Era ela. Ela estava deitada naquela cama com vários ferimentos e queimaduras à mostra. Pela primeira vez, vi seu rosto pálido e ferido. Ela usava o mesmo vestido de meus sonhos e estava desacordada. Vi uma prancheta na mesa ao lado, era o diagnóstico. Nele dizia que ela havia pulado da janela de seu quarto e batido a cabeça, por causa de um incêndio que havia ocorrido em sua casa quando ela estava sozinha, agora ela estava em coma. Pobrezinha, deve ter sofrido muito. Olhei no final da pauta e vi seu nome: Samara Morgan. Oi, Samara... finalmente te conheci.

- Há quanto tempo ela está em coma? - dei um pulo de susto, estava tão distraída que esqueci que Josh estava ali.

- Aqui não diz...

- Então, vamos perguntar.

Concordei com a cabeça e fomos em direção à recepção. Nos aproximamos de uma das atendentes e Josh falou:

- Com licença, gostaríamos de saber há quanto tempo uma de suas pacientes está em coma.

- Tudo bem, qual é o nome dela?

- Samara Morgan. - eu disse.

A atendente virou a atenção ao computador e começou a procurar. Quando ela finalmente achou, fez uma cara de espanto e eu estranhei.

- Queridos?

- Sim?

- Vocês tem certeza que é ela?

- Temos sim, por quê?

- Porque aqui consta que Samara Morgan morreu há trinta e quatro anos atrás.

“Ops!” Samara disse seguida de uma pequena risada. Agora, eu estava começando a ficar com medo...