Desliguei o telefone e corri para o banho, não podia me atrasar. Corri até o banheiro, tirei as roupas e entrei no box. Um banho longo e quente, era disso que eu precisava. Peguei minha toalha e fui até o armário. Uma calça jeans e uma regata vermelha iriam dar conta do recado. Peguei minha mochila, calcei meus sapatos e fui em direção à sala. Lá estava minha mãe, sentada no sofá assistindo televisão. Ela era muito solitária, já que meu pai morreu há três anos e eu era filha única. Eu tentava dar o máximo de atenção a ela, porém a escola não deixava com que fosse muito tempo. Ela ouviu os passos dos meus tênis e virou sua atenção para mim, imediatamente, sorriu.
- Já vai? - ela me perguntou

- Já... - dei um sorriso falso, eu odeio ter que fazer isso, minha mãe não merecia que eu faltasse à aula.

- Está bem... Não volte muito tarde

- Às três horas estarei aqui. Até mais!

- Tchau, querida!

Fechei a porta atrás de mim e me encaminhei até a Biblioteca. Eu estava aflita, eu tinha um pouco de medo em matar aula, mas era preciso. Aquela garotinha... Será que ela tem nome? Só falei com ela uma vez, e sua resposta foi enigmática...

Flashback's ON

- Você está gelada...

- Impressão sua...

- Não, você está fria, eu tenho certeza!

- O fogo me queima...

- Do que você está falando?

- Estou presa... Não consigo sair!

- Como assim? Sair de onde? Você não está presa em nada! Está aqui, está à salvo!

- EU NUNCA ESTAREI Á SALVO! E você também não...

Flashback's OFF

Passaram-se três dias... eu ainda não sei o que ela quis dizer. Ela me persegue e me assusta. Talvez Josh tenha razão, quando se sonha de mais com alguma coisa, essa coisa se realiza. Mas eu quero isso! Por mais estranho que pareça, eu quero que se realize. Eu quero ver essa garotinha de perto, quero confrontá-la... quero saber o que ela quis me dizer. Como assim ela não está à salvo? “O fogo me queima...” não havia fogo nenhum no meu sonho! Ela também não estava presa, estava sentada na minha cadeira por livre e espontânea vontade. Isso já está virando loucura, desse jeito, irei parar em um hospício.

Cheguei até a Biblioteca, Josh já estava na porta me esperando, obviamente, preocupado comigo.

- Finalmente! - ele disse me abraçando, a melhor sensação que tive em uma semana de sofrimento. - Vamos logo, antes que alguém nos veja!

- Fica tranquilo, ninguém vai nos achar aqui!

Josh estava visivelmente nervoso. Era a primeira vez que ele mataria aula. E eu? Bem, deve ser a oitava vez, não me importo. Agarrei a mão dele e entramos na Biblioteca. Havia mesas compridas em todos os cantos, então decidimos nos sentar em uma que estivesse vazia. Nos sentamos e Josh se apressou a tirar uns cadernos e livros de sua mochila, fiz o mesmo. Logo ele pegou um lápis e abriu seu caderno.

- Para começar, vou fazer algumas perguntas sobre o seu sonho, tudo bem?

- Tudo bem...