Lost in The Echo escrita por BiiaPixieLott


Capítulo 51
Capitulo 50




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Ele estava preocupado. Só preocupado como sempre.

E eu quase o matei.

Eu estava com fome, e sentir o coração dele sobre minha mão, sentir o sangue dele corre pelo seu corpo para o coração... Aquilo despertou algo em mim. Era como se eu não comandasse mais meu próprio corpo e minha mente, tudo que eu conseguia pensar era em seu coração na minha boca. Do gosto do sangue dele, da deliciosa sensação que o liquido vermelho me fazia sentir... A alegria de poder ver o sofrimento da vitima, a pessoa se contorcendo com a tortura, com a morte que chegava. Ela sofreria enquanto eu arrancava seu coração lentamente saboreando o momento...

Meus olhos arderam. Minha boca salivou, e meu estomago implorava por tudo isso...

Sinto-me péssima. Não. Péssima é pouco para descrever como me sinto.

Estou tão assustada, não só com o sonho, a lembrança na verdade, que tive, mas também com o que quase fiz com Jackson. A cena martelava na minha cabeça sem para, meu coração dolorido se apertando dentro de mim e minhas lagrimas de horror molhando mais meu rosto.

Meu Deus...

Como pude pensar e tentar aquilo? Eu o machuquei, eu feri meu irmão, feri uma pessoa que amo.

O que ta acontecendo? Eu realmente pensei em matar ele? Em como seria o sabor de seu sangue? Eu quase...

Eu estava pasma. Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse aquele breve momento em que quase matei... Nossa! Como eu sou idiota! Burra! Estúpida! Sou um monstro! Sou um demônio!

Cada vez mais, a cada dia que passa, estou parecendo mais e mais com Leviathan.

Minhas mãos se fecharam em punho, as unhas perfurando minha pele com a força. Bati desesperada na minha cabeça com o punho das duas mãos dos dois lados.

__ Estúpida! Monstro! Burra! Demônio! Idiota! Idiota! Idiota! __ Sussurrei com os dentes serrados. A cada palavra eu batia mais e mais na minha cabeça tentando, de alguma forma, afastar as imagens na minha mente. Minha cabeça começou a latejar e uma breve tonteira me domou. Mas eu não liguei. __ Como eu pude...? Ah, meu Deus... Eu quase... O coração dele...

Eu me sentia tão suja e tão horrenda. Ainda não me conformava com meu ato.

Eu estava no meu quarto, Jackson devia ter me colocado na cama quando eu apaguei em seus braços. Estava tudo escuro, e quando me levantei para acender a luz, reconheci meu quarto. Eu ainda estava com a toalha branca amarrada em volta do meu corpo, e por um instante fiquei impressionada por ela ainda estar ali. Alguns segundos depois, a lembrança de Jackson me beijando, me fez sorri e esquecer por poucos segundos a lembrança de Meygo. Mas então, outra lembrança me fez chorar e me sentir mais apavorada, desajeitada cai no chão gélido do meu quarto e chorei mais.

Eu fiquei apavorada com a lembrança de que eu tentara arrancar o coração de Jackson. Os dois pequenos furinhos que duas unhas minhas fizeram em seu peito bem onde encontrava-se seu coração, me fez tremer de pavor.

No que eu estava me transformando Que tipo de monstro eu estava sendo? Quase matei Jackson!

Eu não queria ser como Leviathan. Não queria ser uma assassina, uma psicopata... Um demônio!

Aqui estava eu, ainda sentada no chão com apenas uma toalha cobrindo meu corpo nu e com as mãos na cabeça ainda em punhos. Eu não sabia onde estava Jackson ou como ele estava, acordei e ele não estava aqui. Com certeza ficou chateado e confuso, afinal eu estava machucando ele.

Desajeitada, levantei apoiando-me na parede ao meu lado buscando apoio. Arrastando os pés no chão, andei lentamente deixando pingos de lagrimas no caminho até a cômoda no outro lado do quarto.

Abri a gaveta e peguei qualquer roupa que me apareceu na frente. Vesti-as e penteei o cabelo na frente do espelho.

Uma estranha me encarava. Seus olhos violetas estavam inchados e tinham as beiradas avermelhadas, seu rosto também estava vermelho, sua expressão tão deprimente e sofrida. Seu corpo estava tão magro... Há quanto tempo ela não comia? Já não desejava comida já há um tempo... Desejava outra coisa.

Suas mãos estavam tremulas enquanto passava a escova com força nos cabelos embaraçados. Ela respirava rapidamente e pesadamente, como se algo estivesse atrapalhando um pouco a sua respiração de sair.

Eu sabia quem era essa estranha que me encarava no espelho. Essa não parecia com a Any. Mas se parecia com a nova Any... A que via no espelho nesse momento não é nem um pouco igual à Any de antigamente.

Essa sou eu agora.

Há um tempo atrás, na noite em que fui para Meygo, eu tive esse mesmo pensamento. Eu vi uma garota no espelho que não parecia ser eu. Eu não acreditava que aquela no espelho era realmente eu. Tão diferente, tão anormal, tão... Sobrenatural.

Mas agora, eu não estava tão alarmada, talvez um pouco assustada ainda. Tantas coisas ruins aconteceram, tantas mudanças tão rápidas, tudo de uma vez... Não é de se estranhar eu ficar um pouco assustada. Não é fácil saber que você é um monstro.

Assim que acabei de pentear o cabelo, sai de perto do espelho e calcei minhas botas pretas que estavam próximas a cama.

E então sai pela janela.

Eu não sabia que horas eram eu não havia checado e nem me importei se fosse tarde. Eu só queria sair dali. Eu precisava sair dali.

Consegui descer pela janela mais rápido do que a ultima vez. Comecei a andar distraída até o estábulo me direcionando para os fundos.

Eu não podia ficar em casa. Machuquei Jackson. E também já quase machuquei Jeniffer quando dei aquele empurrão nela na cozinha ainda cedo.

Eu estava ficando louca. Furiosa, descontrolada. E isso me faz cometer atos que não penso antes de começar a fazê-los. Estou me tornando um monstro realmente, no inicio nem me importei com nenhum dos dois casos, até mais tarde me sentir culpada. Eu estou machucando as pessoas. Machucando pessoas que amo.

Preciso me afastar. Não sei mais o que posso ser capaz de fazer. Jamais pensei que poderia machucar qualquer pessoa, principalmente as que amo. Já estava bem claro que eu já não tinha mais controle de nada. Nem mesmo dos meus atos.

Cheguei aos fundos do estábulo e andei encostando-me as taboas vermelho desbotado com a tinta descascado. Estava me sentindo tão fraca e assustada.

Meus pés se arrastavam pela areia. Eu estava fungando e chorando. E estava com fome.

Eu sabia que vovô trancava o estábulo antes de entrar em casa, e eu não duvidava que vovô mande Derek tranca as outras portas do fundo já que Derek dorme no estábulo, na parte de cima havia três quartos e um deles Derek ocupava.

Mas eu conhecia uma pequena entrada que ficava nos fundos do estábulo. Me ajoelhei no chão, na verdade eu praticamente me joguei no chão por causa da exaustão, e engatinhei me arrastando pela areia sujando minhas mãos e a calça jeans.

Como estava muito escuro, a não ser pelo fração brilho violeta dos meus olhos, tateei pelas madeiras do estábulos a procura de cinco madeiras que estavam molhes. Assim que senti cinco madeiras se mexerem com o meu toque, cavei um pouco a terra bem próximo as madeiras soltas, e então consegui solta-las da terra colocando-as encostadas na lateral. Me deitei de barriga para baixo na terra e me arrastei para dentro sentindo um pouco das farpas na minhas costas. Tentei não fazer muito barulho e controlar meu choro para não acordar Derek e assustar os cavalos.

Assim que consegui entrar, continuei agachada próxima ao buraco, depois estiquei a mão para fora e peguei as tabuas soltas do lado de fora e coloquei-as no lugar, não a fechei totalmente para que depois eu pudesse sair.

Então me levantei e caminhei lentamente até a baia de Espartano, estava um breu dentro do estábulo. Mas eu não precisava da luz para saber onde ficava a baia do meu cavalo, eu conhecia cada centímetro desse lugar, era tudo muito claro na minha mente.

A fraca luz violeta que meus olhos emitiam me ajudaram a destrancar a baia de Espartano. Eu sentia ele se mexer para longe, sua baia não era muito comprida, mas era grande o suficiente para caber três pessoas e o cavalo. Cheguei mais perto dele e toquei em seu corpo, ele se contraiu e se agitou fungando.

__ Sou eu rapaz. __ Minha voz saiu muito baixa e fraca. Mas não liguei.

Acariciei Espartano, mas ele se afastou novamente.

__ Eu vim me despedir. __ Falei tentando segurar o choro. Sem querer um soluço me escapou, tapei a boca e fechei os olhos com força, mas não consegui impedir que mais lágrimas se derramassem. __ Me desculpa amigo. __ Falei. __ Eu sinto muito amigão. Eu preciso ir... __ Funguei novamente e acariciei sem para, cheguei mais perto e deitei minha cabeça próxima ao seu pescoço. __ Você ficará bem, eu sei que eles vão cuidar de você...

Espartano chegou mais perto de mim e bufou novamente mexendo a cabeça para baixo, depois se afastou. Encostei-me na portinha da baia e me sentei no chão cheio de feno e sujeira. Não podia mais me conter.

Eu não conseguia segurar o choro, não queria ir embora, mas eu estava começando a machucar pessoas.

As luzes amareladas do estábulo se acenderam.

E então, senti uma energia forte, viva e calorosa encher o local.

__ Você não precisa fazer isso. __ A voz grossa e aveludada de Derek preencheu o silencio.

Me levantei, mas continuei de costas para ele. Se eu virasse ele veria meus olhos, e a última coisa de que precisava era de alguém me dizendo o que eu já sabia: sou uma aberração.

__ O que faz acordado há essa hora? __ Perguntei tentando desviar de suas palavras. Ele não sabia o motivo por eu tomar essa decisão, então ele não sabia do que estava falando. Ou será que sabia?

__ Te pergunto o mesmo. __ Mesmo de costas eu sentia que ele estava sorrindo enquanto falava.

__ O que você quer? Me deixe em paz. __ Falei com a voz fria.

__ Já te deixei em paz uma vez. __ Sua voz pareceu distante e triste ao responder. Franzi a testa confusa. O que ele queria dizer com aquilo? __ Eu só quero te ajudar...

__ Você nem sabe o que eu tenho! E eu nem te conheço, porque aceitaria a ajuda de um estranho que já esteve na cadeia?

Ele deu uma risada fraca e depois ficou em silencio por vários minutos.

__ Pode se virar Any. __ Sussurrou ele. Fiquei nervosa com seu pedido, mas não me movi. __ Quero te ver.

Uma risada áspera e sem humor escapou de meus lábios.

__ Vai por mim, você não vai querer me ver agora. Não estou nos meus melhores dias. __ Disse com raiva.

__ E se eu disser que quero te ver mesmo assim? __ Disse ele tão suavemente que um estranho arrepio percorreu meu corpo.

Um instinto estranho que eu sentia me mandava ficar longe dele. Mas, ele era humano, parecia ser inofencivel.

__ O que você quer? __ Perguntei novamente. Lagrimas desciam pelo meu rosto bem lentamente.

__ Deixe-me te ajudar Any. __ Disse ele. Ouvi o barulhinho do pino da portinha da baia de Espartano se abrir.

__ Não entre! __ Gritei. Espartano se agitou um pouco, toquei nele o acariciando para acalmá-lo. __ Me deixa em paz!

__ Any...

A raiva me dominou. Um grande fervor, uma energia forte e cruel tomou conta de mim. Minhas mãos se fecharam em punho. E então, sem pensar, me virei para ele e o encarei. Esperei pela surpresa e o medo tomar suas feições.

Mas seu rosto estava tão calmo e passivo, uma serenidade que me assustou. Não entendi porque, mas um estranho medo me atingiu ao olhar seu rosto tão calmo.

Fiquei em pânico por um momento, e então fiquei atônita. Não consegui desviar meus olhos de seu rosto. Era tão lindo. Tão belo.

Ele estava com uma blusa preta, de calça branca com as mãos no bolso e descalço, seus cabelos pretos bagunçado de um modo que deixava-o mais belo e sexy. Sua pele bronzeada parecia brilhar sob as luzes.

Ele parecia tão maculado. Cheio de brilho, e uma paz em seu rosto lindo.

Ele parecia um anjo.


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