Lost in The Echo escrita por BiiaPixieLott


Capítulo 45
Capitulo 44




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/298663/chapter/45

Antes eu não acreditava em demônios ou em anjos. Mas minha vida virou de ponta cabeça, e eu já não sei mais no que acreditar.

Lembro-me de uma vez em que eu era pequena, há muitos anos atrás antes de Fredd ir embora, e Jeniffer ia toda noite ao me quarto para me contar histórias de contos de fada. Normalmente as histórias dela eram relacionadas a fadas, aos campos verdes com uma luz branca e pequenas fadas voando pelos campos, ela dizia que o lugar era um paraíso das fadas, um lugar tranquilo, lindo e calmo.

Mas ela também me contava histórias de outros seres encantados, algumas histórias eram relacionadas a anjos. Anjos bonzinhos que viviam na terra, anjos que nos protegiam e eram nossos amigos. Anjos que queriam a paz, Anjos que desceram pra Terra para salvar o mundo, para trazer paz.

Anjos.

__ Anjos? __ Sussurrei. __ Não existem. __ Sussurrei novamente e olhei para ao longe da clareira. Para a parte mais escura.

Leviathan tocou em uma pétala da rosa e suspirou exausto.

__ Se existem Demônios então existe Anjos. A um equilíbrio pra tudo. Se tiver o bem, também terá o mal. __ Disse ele. Sua voz deixava transparecer sua exaustão. As feridas que a corda fez não estava se curando como era para ser. Ele disse que se cura sozinho e rápido, assim como eu, mas não dessa vez. __ Não somos os únicos seres nesse mundo.

Olhei para ele confusa. Eu queria perguntar o que ele queria dizer com isso, mas eu já estava tão confusa com tudo isso... e também não sabia se queria saber mais do que já sei.

Não precisei perguntar, pois logo em seguida ele explicou:

__ A seres místicos por toda parte... por todo o Mundo. Por todas as dimensões. __ Sussurrou ele com a voz fraca. __ Diferentes seres mágicos... místicos, encantados __ ele deu de ombros __ chame-os do que quiser.

__ E esse negócio __ indiquei com a mão seu corpo ferido __ de Anjos...

__ É um instrumento de combate dos Anjos, feito por eles com a magia e a glória deles. Não é fácil para um demônio se curar com ferimentos que Anjos provocam. Assim como também não é fácil para eles quando nós os machucamos. __ Disse ele.

Lembrei-me das vezes em que me cortei e os cortes se fecharam em dez segundos deixando apenas um vermelhão no lugar.

Puxei o ar e o prendi por alguns minutos antes de solta-lo. Parecia que tinha uma arvore pesada em minhas costas.

Minha cabeça girava, minha mão doía, meus olhos continuavam a arder mesmo estando violetas, e a confusão na minha cabeça não melhorava as coisas. Me deixava com mais raiva e sem paciência!

__ Então é isso que você é... Um Demônio? __ Não foi exatamente uma pergunta. Balancei a cabeça e soltei uma risada fraca e sem humor.

Ele não respondeu. Continuou a tocar em uma das pétalas da rosa e respirar fundo com dificuldade.

Olhei para minha mão e vi que ainda sangrava. O corte não se fechará. Minha blusa e minha calça estavam manchadas com o sangue fresco.

__ E você é a filha de um Demônio. __ Disse ele depois de um longo minuto calado. __ O que te torna um...

__ Não! __ Disse com ódio. Eu não queria ser um monstro, eu já me sentia uma aberração nesses últimos dias. O pior agora seria saber que eu sou um monstro. Um Demônio.

Ele riu. Uma risada fraca e seca.

__ Aceite Any. Já esta na hora. __ Disse ele, e então um pequeno gemido, tão fraco e baixo que achei que eu tinha ouvido coisas, escapou de seus lábios sujos de sangue. Ele apertou mais a pétala da rosa. __ Depois de tudo o que você tem passado... Já esta na hora de aceitar quem você realmente é. E mais... A hora já esta chegando. A Lua cheia está próxima. __ Seu esforço para falar era evidente. Ele fechou os olhos e quando os abriu estavam negros. Ficaram assim por algum tempo até voltarem ao violeta. __ Quando chegar à hora, você se lembrara de tudo... E vai ter de aceitar.

Revirei os olhos e tentei ignorar a raiva.

__ Porque você esta quase esmagando essa flor? __ Perguntei tentando mudar um pouco de assunto.

Meus pelos estavam todos arrepiados.

__ Não estou. __ Ele jogou a cabeça para trás e fechou os olhos apertando-os. __ A energia ajuda um pouco.

__ Energia? __ Perguntei olhando para a rosa.

__ Vai me dizer que você nunca sentiu algo anormal nesse lugar? Principalmente algo incomum na rosa? __ Sua voz estava tão baixa e fraca que tive que chegar mais perto para ouvi-lo. __ Ela é uma fonte. Ela tem um grande poder. Ela é a energia que deixa nossa casa ainda viva. É a energia de todos os portais, mas principalmente do nosso.

__ Como é? __ Perguntei meio confusa. __ Como assim deixa nossa casa viva? E... Nós, quer dizer você, tem um portal?

__ Meygo. __ Ele disse entre suspiros. __ Meygo tem uma grande energia, e é ligada a rosa. A partir do momento que você pisa na área de Meygo, você está entrando em um portal, em um local cheio de poder.

__ Isso não faz nenhum sentido. __ Falei.

__ O que faz sentido na sua vida Any? __ Sua voz ficou um pouco mais alta e eu pude sentir a raiva nela. __ Chega de perguntas. Estou cansado.

Ele deitou na grama alta sem tirar os dedos da pétala. Ouvi um suspiro pesado e depois um silencio desconfortável.

Minha cabeça estava cheia de perguntas como sempre. Mas eu sabia que ele estava muito fraco para consegui responder todas. E eu duvidava de que ele iria responder, mesmo forte como era antes disso acontecer, todas as perguntas que tenho.

Fiquei pensando em como ele havia entrado nessa enrascada. Até agora a imagem que eu tinha de Leviathan na minha cabeça é de um homem poderoso, talvez vingativo, um homem cheio de maldade e ressentimentos, um homem que quando quer alguma coisa ele faz até o imperdoável para conseguir, um homem que não tinha medo e que lutaria até a morte de seu inimigo. Era essa a imagem que eu tinha de Leviathan, não a que vejo hoje na minha frente: um homem ferido, sofrendo pelas dores, fraco, cansado, e indefeso. Ele parecia até mais velho comparado a sua beleza jovem de todos os dias.

O que ele poderia ter feito? Será que eram muitos? Será que ele estava no lugar errado na hora errada?

Não consegui me segurar, então perguntei:

__ O que exatamente aconteceu aqui?

Ouvi-o rosnar. Ou pelo menos, pareceu ser um rosnado.

__ Quero as respostas, agora! E não me diga que viram na hora certa! Acabei de salvar sua vida! Mereço que você me explique pelo menos o que aconteceu! __ Disparei com a voz banhada de ódio. Meus olhos arderam novamente e eu senti minha mão formigar um pouco.

Ele ficou quieto por alguns minutos ainda de olhos fechados sem tirar a mão da pétala da rosa. Estava prestes a discutir novamente quando ele suspirou e começou a falar:

__ Eles invadiram. Ou pelo menos tentaram.

__ Porque?

Novamente, ele ficou longos segundos sem falar. E então respondeu com esforço evidente na voz:

__ Eles queriam uma coisa. Uma coisa que eles não podem ter, mas precisam desesperadamente.

__ E o que é? __ Perguntei sem paciência.

__ Não sei, mas é algo do meu domínio com certeza. Não é de hoje que eles estão atrás de mim. Não é de hoje que eles desejam o que não tem. __ Respondeu.

__ Ta me dizendo que eles estão atrás de algo que você possa ter, e não sabe o que é? __ Aquilo não fazia nenhum sentido. Nada parecia fazer sentido ultimamente. Na verdade, parecia ser algo inventado.

Que tipo de pessoa, ou nesse caso criatura, tem inimigos que estão atrás de algo que a pessoa tem, mas nem a própria pessoa sabe o que é?

__ Não sei, já tentei descobri o que é... Mas não sou de me meter com Anjos. __ Ele levantou a cabeça e olhou para mim. __ Ou pelo menos, não toda hora.

Balancei a cabeça.

__ Eles te pegaram de surpresa? __ Perguntei.

__ Sim e Não. __ Ele suspirou, voltou a deitar a cabeça na grama e fechar os olhos. __ Bom, eu sempre fico aqui, quer você veja ou não. E como todos os dias, eu estava aqui... eu senti uma presença, uma energia estranha. Foi quando me prenderam nessa droga de instrumento angelical. __ Disse ele com raiva cuspindo as ultimas palavras. __ Foi rápido, mal tive tempo de me virar e combatê-los, quando vi eu já estava no chão sendo eletrocutado. Tentei lutar e me soltar. Mas eu sabia que com os Instrumentos dos Anjos não era algo fácil. __ Ele sorriu de leve. __ Afinal, não é a primeira vez que me encontro nessa situação, e também não será a última. __ Enquanto ele falava isso, sua voz pareceu distante e séria. __ Essa desgraça de Instrumento tira toda a minha energia, era como se estivesse sugando tudo de mim. __ Ele cuspia cada palavra quando falava, e entre gemidos de dor ele cuspia sangue no gramado verde. __ Eu podia ouvi-los, sim era mais de um... Não conseguia entender muito bem. Não falo a língua dos Anjos __ ele riu sem nenhum humor. __ Eu tentei escutá-los, um deles falou comigo, ele me perguntou uma coisa...

__ E o que ele te perguntou?

Leviathan olhou para mim por um longo tempo, depois abaixou a cabeça e voltou a se deitar na grama dando de ombros.

__ Não consegui entender. Já disse, não fala a língua dos Anjos. __ Respondeu ele secamente.

Ele estava me escondendo algo, eu podia sentir isso. Ou eu estava ficando paranóica... Isso não seria nenhuma surpresa.

__ Eles ficaram por uns vinte minutos antes de você chegar. Quando vi você... Tentei me comunicar com você. __ Disse ele respirando fundo antes de continua: __ Eles me pegaram nas margens da clareira, eles não podem entrar aqui... Seriam queimados. __ Com essas ultimas palavras ele sorriu. Um sorriso vingativo cheio de ódio.

__ Então é isso? Eles apareceram do nada e te surpreenderam. __ Falei.

__ É, eu poderia ter resumido assim. __ Disse com um sorriso sem humor estampado em seu rosto manchado de sangue.

Revirei os olhos e bufei. Levantei-me e o encarei.

__ Você ta seguro agora... Já que eles não podem entrar aqui, você ficara bem eu suponho. __ Falei me afastando um pouco.

Ele riu, a sua risada sinistra, sem humor e monstruosa de sempre.

__ Ficarei mais que bem.

Dei as costas para ele e não olhei para trás até chegar a Espartano.

Espartano estava agitado, e eu sabia que montá-lo agora seria um suicido, ele não me deixaria ficar montada nele, tentaria me derrubar e pisotearia em mim. Ou aconteceria algo parecido a isso. Segurei suas rédeas e o puxei para longe da clareira.

Suspirando, dei uma olhada para trás. Mas Leviathan não estava mais lá, e a rosa estava em pé novamente, viva e brilhante do mesmo jeito de quando cheguei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

bjs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lost in The Echo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.