Fim Da Justiça escrita por Darleca


Capítulo 7
Que os ataques comecem - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo, definitivamente, será o último deste ano. Pois, fecha o ciclo de ataques que ocorreram contra a Liga, ao menos para a grande maioria. E que provavelmente estarei bêbada demais para postar um outro capítulo antes do reveillon, e fazer as devidas revisões.

Só me resta desejar a vocês, boa leitura!



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Tudo começou há 22 anos. Numa noite, dois tiros a queima-roupa e tudo desmoronou. Não havia mais alegria, infância e amor. Crescera-lhe o ódio pelo assassino, juntamente com o desejo de se vingar por conta de suas ações. O que fez Bruce Wayne, aos 8 anos, prometer diante dos jazigos de seus pais, algo que nem ele próprio imaginava que lhe custaria tanto.

Agora, o crescido menino órfão, se tornou o solitário protetor de Gotham.

Batman ainda cumpria sua promessa com afinco. Salvou inúmeras vidas inocentes, impediu diversas vezes que lunáticos tomassem sua cidade a ponto de torná-la numa enorme casa de loucos. Quebrou leis e ossos (além dos próprios). Combateu de frente todos e quaisquer atos condenáveis. De bandidos à policiais/juízes/políticos corruptos. Combateu o crime em sua cidade, sozinho. Faria isso para sempre, se necessário.

Sua lamentação é não ter podido fazer por ele mesmo, o que depois acabara fazendo pelos outros.

No entanto, assim como viu aumentar as ondas de violência em sua cidade, no que o fez agir como vigilante mascarado, Batman também pôde presenciar o surgimento de heróis ao redor do planeta, com ou sem superpoderes e com distintos métodos, mas com a mesma intenção; acabar com o mal, como manda o figurino.

Eles pareciam não ser movidos por uma motivação pessoal tão forte quanto a do Batman, por exemplo. Pareciam fazer aquilo porque eram feitos, nascidos, para tal. O que levou o Homem-Morcego a crer que, talvez, não fosse uma boa ideia deixá-los "soltos por aí". Mais dia ou menos dia, alguns desses heróis passariam dos limites, o poder poderia subir a cabeça... Já imaginou? Quem os parariam?

Se aproximou, a seu modo, de todos eles. Investigou seus procedentes e avaliou se eram ou não confiáveis. Meses após, chegando a uma conclusão, foi proposto a união para que todos juntos formassem a força mais poderosa do planeta. Foi então criada a Liga da Justiça.

Foi uma maneira de mantê-los na linha? Deixá-los a seu alcance?

Batman, sentado em sua cadeira diante do seu enorme monitor, analisava o espelho que trouxera do banco. Era espesso de forma oval. Refletia imagens conforme um espelho qualquer. Mas nada tirava da sua cabeça que o assalto que ocorreu anteriormente era uma armação. Os vilões, o cenário escolhido e como tudo foi conduzido, desde a entrada ao banco até a saída pelo espelho, fora para chamar a atenção daquele que protegia o terreno.

Bruce via sua imagem refletida no objeto. O que lhe causou estranheza foi a figura, que surgiu de repente, de um pé de cabra direcionado a sua cabeça. Não houve tempo de desviar. Sentiu uma forte dor. E tudo se apagou.

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Sra. Martha não conseguiu dormir. Uma vez ou outra, isso acontecia. Principalmente quando tinha pressentimentos ruins. Procurou por Clark, até encontrá-lo na varanda.

— Mãe? O que faz acordada a essa hora? – Ficou surpreso em ver sua mãe na porta.

— Perdi o sono... Eu só queria—

O celular de seu filho tocou. Clark se desculpou enquanto via no identificador quem ligava.

— Oi, Lois... Está tudo bem? – Houve uma longa pausa por parte dele. — Ele o quê? Não pode ser... Estou indo pra ir. – Desligou o celular.

— O que aconteceu, meu filho? – Ela estava apreensiva. Nunca vira seu filho tão pálido.

— Jimmy está armado, no apartamento da Lois... Ameaçando se matar.

— Ô, céus...

— Preciso voltar...

Clark não hesitou em se despedir de sua mãe, antes de voar em direção à Metrópolis. Foi o mais rápido que pôde. E ainda assim, temeu não ser rápido o bastante.

—--

— O que você está fazendo aqui? – John se esforçou para esconder a fragilidade e o paradeiro da menina. Sinestro poderia fazer qualquer coisa contra ela.

— Desculpa-me... Mas, pensei que todo esse cenário fosse evidente...

— Agora deu para atacar a marinha? O que aconteceu? Você tentou fazer a mesma coisa em outro planeta, só que eles te chutaram de lá? Lamento, Sinestro, aqui vai acontecer a mesma coisa. Aliás, eu não tenho medo de você! – John Stewart lançou um raio esmeralda em Sinestro. Houve um clarão. Ao diminuir a intensidade, Sinestro foi se revelando intacto, dentro de um campo de força derivado do seu anel amarelo.

— Vocês, Lanternas Verdes, nunca aprendem... – Sinestro fez o mesmo, só que com mais potência. Ao receber a rajada amarela, John foi arremessado para o fundo do corredor. Quase atravessou o casco do navio. Sinestro deu prosseguimento: — Porém, não, estou aqui para mostrar o quanto você tem a perder.

Lanterna se levantou o mais rápido que pôde, bloqueou a passagem de Sinestro para o quarto onde ele encontrara a menina.

— Você não vai encostar nenhum dedo nela! – John esbravejou.

Esse era o indício que Sinestro precisava. A partir daí, ele sabia que o gás do medo começara a fazer efeito no herói. Com certeza, achou muito divertido ver o Lanterna Verde tentando defender um ser imaginário. Não tinha pretensão alguma de ser estraga prazeres.

Porém, o que John também não contava era que Sinestro tinha outro Ás na manga.

—--

Alfred Pennyworth trabalhava na Mansão Wayne muito antes de Bruce nascer. E quando Martha e Thomas Wayne foram assassinados, jurou para si mesmo que cuidaria do órfão herdeiro como se fosse seu próprio filho. Alfred acreditou por um certo tempo que conseguira, até o jovem patrão Bruce completar 18 anos e sumir pelo mundo.

Passados 5 anos, o fiel mordomo chegou acreditar que seu jovem patrão não voltaria mais para Gotham. Estava errado, outra vez. Bruce retornara de sua longa viagem 2 anos mais tarde. Era um homem feito, mas ainda amargurado. Apesar disso, Alfred nutrira esperança de que a vida seria boa para o jovem Wayne e que o mesmo fosse feliz, algum dia.

O tempo foi passando e Bruce se tornara cada vez mais recluso e obsessivo. E, depois de presenciar e, de certa forma, se tornar cúmplice da loucura criada por aquele homem, Alfred sabia que falhara novamente com ele e com a promessa que fizera de cuidá-lo. Se questionava o que deveria ter feito para que Bruce Wayne não chegasse aquele ponto. Só agora, Alfred entendia que não podia e não poderia fazer mais nada. Bruce sempre quis trilhar esse caminho. O caminho até os morcegos.

Ele estava predestinado a uma vida solitária de sacrifícios? Ou era a maneira de enfrentar seus próprios demônios?

De seus aposentos, Alfred pôde ouvir o som de uma assombrosa gargalhada vinda do esconderijo do alter ego de Bruce Wayne. Nada daquilo era normal. Colocou seu roupão, pegou sua espingarda e se direcionou para a entrada secreta da caverna. O grande relógio.

Mais altas e verdadeiras eram as gargalhadas. Alfred não ficara louco, ainda. Cauteloso, desceu os degraus até avistar a figura de um insano palhaço segurando uma ferramenta, logo depois, o seu jovem patrão, aparentemente, desacordado na poltrona.

Fez o mínimo barulho possível, checou sua arma e voltou a descer a escada, apontando a espingarda para o invasor.

—--

Em Metrópolis, Superman sobrevoou as ruas fortemente iluminadas, até chegar na varanda do apartamento de Lois Lane. Ele podia ouvir as tentativas de Lois convencer seu amigo fotógrafo a não fazer nenhuma besteira, de longe. E podia ver Jimmy Olsen tirar e jogar no chão o relógio que recebera dele, um sinalizador de vibração sonora de baixa frequência embutido, onde somente quem possuía uma audição mais aguçada que de um cachorro, poderia ouvir.

A enorme janela de correr estava aberta, Superman entrou.

— Jimmy... Está tudo bem, agora... Só quero entender—

— Eu cansei, cara! Cansei de tudo!

Jimmy estava em puro desespero. E estava diferente, fisicamente.

— O que aconteceu? – Superman fez menção que se aproximaria de seu amigo.

— NÃO SE APROXIME, SUPERMAN! – Apontou a arma para Lois, até se aproximar dela o bastante para usá-la como escudo.

— Jimmy! Não! – Lois gritou.

Olsen engatilhou a arma com a mão esquerda.

— SENÃO EU ATIRO!

Pela primeira vez em sua vida, Superman ficou diante de uma situação a qual não tinha explicações que levaram a mesma acontecer. O grande amor da sua vida sendo ameaçado por seu melhor amigo, que tinha intenção de se matar. O que estava acontecendo, afinal?

No entanto, se pegou reparando na arma que Olsen segurava. Mais precisamente como a segurava... Com a mão esquerda.

— Jimmy... Eu quero entender... E ajudar no que for preciso. Mas, por favor, não faça isso – dizia com firmeza, mas com compaixão.

— Eu não pararia essa bala, Superman... Ela daria um fim em tudo que fiz, criei... De errado. – Jimmy tirou, lentamente, a arma de perto da cabeça de Lois e apontara para a própria.

Superman usou sua visão de raio-x naquele que se dizia Jimmy Olsen. Não se deixara enganar, buscou uma pequena cicatriz no braço direito, foi o ferimento que o fotógrafo sofreu alguns meses atrás, quando tirava fotos da luta de Superman contra Metallo. Para a sua confirmação, não havia cicatriz alguma. Aliás, Clark Kent sabia que Olsen não era canhoto. Por fim, conseguiu enxergar através da máscara-holográfica que tinha um programa manipulador de voz, quem de fato era.

— Jimmy não fez nada ou criou nada de errado. Agora, não posso dizer o mesmo de você... Lex Luthor.

Não houve surpresa por parte do opositor, pelo contrário. Lex abriu um sorriso cínico.

— O quê!? – Lois, por puro instinto, se desvincilhou de Luthor. E o encarou, pasma. Não acreditava que fora tão ingênua a ponto de não reparar nas formas físicas distintas. Porém, Lex se apresentou muito mais magro e usava as típicas roupas grunge que Jimmy costumava usar. — Seu... Maldito! – completou.

Furioso, Superman rosnou para Lex.

— Onde ele está, Luthor? E o que pretende com isso?

— A pergunta que não quer calar é: você realmente pára todas as balas no peito? – E atirou.

—--

John Stewart temia que Sinestro fizesse qualquer coisa contra a menina. Ela, dentro do quarto, chorava pedindo a mãe e implorava para que o "homem-roxo" não a pegasse. John nunca se sentiu tão acuado e vulnerável. A menina estava com medo... Ele estava com muito medo.

Sinestro, usando seu anel, trouxera um corpo de alguém. À primeira vista, John não o reconheceu, já que o local ainda se encontrava sem luz, a pouca iluminação que as chamas faziam não era suficiente. Soube quem era somente quando a mesma, fracamente, pronunciou seu nome:

— John... Me ajuda...

— Shayera! – berrou em reflexo.

Sinestro imaginara uma espécie de um pegador gigante, que trouxera Shayera pendurada pelas asas. Ela estava muito machucada.

— Você foi imprudente entrando aqui sozinho. Sua... Amiga... Foi mais valente. Ao menos, ela tentou, sabe?

— Solte-a, Sinestro... – John queria salvar Shayera. Porém, era impedido pelo medo.

— Então me diga, do que você tem medo? – Fez pausa como se aguardasse a resposta do outro, contudo, Sinestro não viu razão para não buscar uma resposta plausível de sua própria pergunta. — Você tem medo que ela morra? Você tem medo de falhar em salvá-la? Tem medo de ser um fracasso?... Tenho algo a dizer, Lanterna... Você falhou.

Sinestro imaginou uma espada amarela, que atravessou o dorso da Mulher Gavião. John berrou por ela. O vilão retirou a espada e arremessou o corpo inerte para perto do oponente derrotado.

— Você nunca foi digno desse poder, humano... Nenhum de vocês. São fracos, vulneráveis... Inúteis. Acredite, desta vez, não estou aqui para lutar. As mortes foram necessárias para que você veja a verdade. O quão impotente você é.

John abraçou Shayera já falecida, não podia acreditar que aquilo acontecera. Começara a ouvir sons estranhos de lamentação. As vozes pareciam culpá-lo por suas mortes. Muitas pessoas surgiram no corredor, o acusando. Eram espectros. Inclusive, a menina que chorava pela mãe. De joelhos no chão, com Shayera em seus braços, John começara a chorar.

Sinestro não estava satisfeito. Queria aproveitar a oportunidade para matá-lo de uma vez por todas, assim como fez com Hal Jordan. Mas a verdadeira Shayera entrou no corredor, carregando um ser inconsciente nos braços. Ele estava vestido de palha.

— Encontrei seu amiguinho medroso no meio do caminho... – Foi neste momento que Shayera viu John Stewart no chão. Deixou de lado o vilão Espantalho e voou em direção ao John.

— Imaginei que esse cara não daria conta de você. Mas eu posso.

Sinestro avançou contra a Mulher Gavião, que por impulso, usou a clava. Acertou diretamente o rosto de Sinestro. A força foi tanta que ele ultrapassou a divisória de um dos quartos.

Ao ver o clone seu nos braços de John, imediatamente, Shayera soube o que Sinestro pretendia fazer. Insinuar que o herói falhou em sua missão, instalar o medo no Lanterna Verde para que o mesmo não pudesse usar seu poder, o tornando assim vulnerável.

Mulher Gavião decidiu acabar com a raça do Lanterna Amarelo, no entanto, não o encontrou onde ele deveria estar. Shayera se aproximou de John, outra vez e tentou retirar o clone de seus braços. Mas o Lanterna a segurava com muita força. Shayera se esforçou e acabou arrancando a cabeça da "gêmea".

Era um robô. A cabeça veio acompanhada com emaranhados de fios. E o que chamou mais sua atenção foi ver em um dos fios a letra "L" num formato de pirâmide. Shayera soubera na hora quem providenciou o brinquedo.

Ela largou a parte do robô, de lado e pousou suas mãos no rosto de John:

— Olha para mim! Essa... Coisa aí... Não sou eu! Está vendo? Estou aqui, John! Estou viva! Olha para mim!

John sussurrava algo repetidamente:

— Não sou digno. Não sou digno. Não sou digno.

— John! Isso foi uma armação do Sinestro! Não é real, John! Olha para mim!

Sem paciência, Shayera o pegou pelos braços, desajeitada e voou para a saída daquele navio.


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Notas finais do capítulo

Olha o Lex Luthor aí, geeente! Hahaha'

Espero que tenha gostado deste capítulo, Beto! *.*
Ô, povo! Podem comentar, eu não mordo... ;)

Feliz Ano Novo para todos!

Beijão.