POV PERCY

Uma semana tinha se passado, e pelo que me lembrava era hoje que Travis chegava. Eu disse a Connor que tirasse o dia de folga para ir receber o irmão, mas ele insistiu em dizer que não era necessário, e que Travis iria ficar em qualquer lugar menos na casa dele. Eu já tinha avisado Annabeth que talvez nós tivéssemos que hospedar Travis, afinal não poderíamos larga-lo na rua, por mais que Connor não se preocupasse. Chralie e Silena estavam curiosos sobre Travis. Eles até o conheciam, mas eram muito pequenos quando ele foi embora, e naquela época nós não éramos tão apegados ao Connor como agora, portanto eles não se lembravam dele. Eu mandei uma M.I. para Grover, pedindo que ele avisasse Quíron sobre a chegada de Travis, e se ele poderia ficar no Acampamento Meio-Sangue o tempo de suas ferias, mas Quíron pediu desculpa e disse que só poderia permitir que ele ficasse no Acampamento no período de férias, já que ele não era mais um campista de ano inteiro. Por isso, já que as férias só começavam daqui a cinco dias, Travis não teria onde ficar, a não ser que ele tivesse dinheiro suficiente para pagar um hotel. Mas Connor duvidava disso. Disse pra mim que Travis não tinha realmente um emprego como ele. Que ele fora embora por conta de uma proposta que um Filho de Apolo tinha feito para ele, de abrirem um negócio na Flórida, mas que o suposto negócio não tinha durado mais que alguns meses, e que depois disso, ele tinha morado no Texas por uns dois anos, mas depois acabou voltando para Flórida, e tinha ficado lá desde então. Naquela manhã de terça-feira, eu só iria ao parque aquático durante a tarde. Hoje Annabeth iria comigo, pois ela precisava dar uma olhada na obra do aquário que estava quase na reta final. Deixaríamos as crianças na casa da minha mãe, Sally, o que não as deixou muito contente afinal queriam conhecer o Travis. Mas Annabeth os convenceu de que teriam outras oportunidades e que fazer uma visita a vovó Sally seria legal. Fomos antes do horário de almoço, assim já aproveitaríamos e almoçaríamos com minha mãe.

O almoço foi tranquilo e logo já estavamos no parque. Quando chegamos Connor veio ao nosso encontro com uma cara nada boa.

-Deuses! Ainda bem que vocês chegaram. Ele tá vindo. Acabou de me ligar e disse que já chegou ao aeroporto e eu mandei ele pegar um taxi e vir pra cá.

-Boa tarde pra você também Connor! –Annabeth disse rispidamente indo em direção as obras.

-Calma Connor. Ele é seu irmão. Só isso.

-Irmão? Você chama aquele poço de ingratidão de irmão? Tyson sim é um irmão. Mas aquilo? Nunca! Um dia já foi, éramos parceiros em tudo, mas não. Quando foi pra se dar bem e ir ganhar dinheiro ele não se lembrou que o irmão aqui existia.

A revolta dele chegava a ser engraçada. Realmente eu não sei o porque do Travis ter ido embora sem ele, mas isso realmente afetou a relação dos dois.

-Olha, que tal você vir comigo até a entrada recebê-lo? Ele já deve estar chegando, e você não quer problemas com Hermes, não é mesmo? Seja um cara legal e vá dar as boas vindas ao seu irmão.

Dito e feito. Quando chegamos a entrada demos de cara com um rapaz bem parecido com Connor. Ele tinha os cabelos um pouco mais compridos na altura do pescoço que agora estavam lisos. Estava com uma camiseta rosa bebe e uma bermuda cáqui. Ele tinha uma aparência que me lembrava um surfista. Era bronzeado, e tinha os dentes bem brancos com um sorriso brincalhão, típico dos Stoll’s.

-Irmão! – Travis disse se aproximando e abraçando Connor – Ah, quanto tempo! Estava com saudades, e olha só – ele disse se virando para mim – Se não é o grande Percy Jackson.

-E aí cara, beleza? – disse estendendo a mão que ele recusou me agarrando em um abraço igual ao que deu em Connor. Ele tinha apenas uma mala e não tinha dinheiro para o taxi, Connor teve que pagar de má vontade. Convidamos ele para entrar, e nos sentamos a beira de uma piscina para conversarmos. E ele nos deu um pequeno resumo dos últimos cinco anos:

-Eu fui pra Flórida com o Joe, e abrimos nossa loja de tatuagens, mas aí uns policiais chatos e uns caras da prefeitura cismaram com a gente e tivemos que fechar nosso negocio depois de dez meses. Tivemos um bom lucro nesse tempo e quando nada deu certo eu resolvi ser Cowboy no Texas. E meus amigos, nada deu certo de novo. Joe voltou pros USA, não tive mais noticias. E eu arranjei um emprego em um canil. Foi legal nos primeiros três dias, depois eu enjoei daquele bando de animais. Resolvi ficar por um mês só pra receber o salário, mas aí eu conheci a Paloma, e a gente começou a namorar e eu resolvi ficar lá. Depois de quase dois anos a gente terminou e eu voltei pra Flórida. Até semana passada eu estava trabalhando num mercado. Era gerente.

-E agora você tá de férias? – eu perguntei.

-Isso aí. E nada melhor que vir visitar meu querido irmão.

Connor apenas resmungou alguma coisa.

Annabeth apareceu dizendo que já ia buscar as crianças e foi cumprimentar Travis que a agarrou num abraço demorado demais pro meu gosto. Ele perguntou das crianças pra ela, e ela disse que iria busca-las e que daqui a pouco as traria no parque.

Em nenhum momento nem eu, nem Connor perguntamos a Travis aonde ele ia se hospedar nesses dias antes das ferias. Até que ele citou que estava com saudades do Acampamento Meio-Sangue e falamos a ele que dali a cinco dias nós todos iríamos pro Acampamento passar as ferias. Não tive outro jeito se não convida-lo a ficar na nossa casa quando ele perguntou onde ficaria nesses quase quatro dias. Quando eu disse isso, pude perceber que Connor estava mais tranquilo, eu sabia que nu fundo ele se preocupava com o irmão.