POV PERCY

Vesti uma camisa social, jeans, e um blazer amarronzado. Annabeth disse que estava bom, então provavelmente estava mesmo. Já fazia algum tempo que não saíamos com nossos amigos, seria bom uma noite de diversão. Há duas horas eu havia levado as crianças até o apartamento de Connor, iriam passar a noite lá. Annabeth tinha ido até o salão de Piper se arrumar junto com a amiga. Preciso dizer que ela estava linda? Não, porque ela é linda todos os dias, em todos os momentos. Só digo que hoje estava mais sofisticada talvez. Estava com um vestido preto na altura dos joelhos, de mangas curtas, uma sandália vermelha de salto baixo, os cabelos lisos que iam até a cintura, uma maquiagem marcante, e um par de brincos de pérola que eu havia lhe dado de presente. Ela estava parada em frente ao espelho, verificando se estava tudo certo, me aproximei por trás dela, e lacei sua cintura num abraço. Encostei meu queixo em seu ombro esquerdo e fiquei a admirando por alguns segundos.

–Linda. – eu sussurrei.

Ela corou.

–Obrigada. – ela respondeu igualmente num sussurro. Ficamos nos fitando pelo espelho, até que o celular de Annabeth tocou. Era uma mensagem de Piper.

–Ela disse que eles já estão a caminho do restaurante. Vamos? – Annabeth disse.

–Claro. – eu respondi estendendo meu braço em um gesto cortês. Ela soltou um riso baixo, e enganchou seu braço no meu.

Entramos no carro, mas não ligamos o som. Annabeth estava pensativa.

–Tudo bem amor? – perguntei.

–Sim. Só estou preocupada com Connor.

–Connor?

–Sim. Será que ele vai dar conta das crianças? Ainda mais os três juntos, não sei não...

Eu ri com esse comentário.

–Bom, vamos torcer para que ele consiga controlá-las. Ou se elas controlarem ele, que ninguém se machuque.

–Está bem. – ela respondeu. Já estavamos em frente ao restaurante, não era longe de casa. Descemos, entreguei a chave ao manobrista, segurei a cintura de Annabeth, e virei de frente a mim.

–Ei, só vamos nos divertir hoje, ok? Nada de preocupações. – eu disse e esperei ela assentir, dei um beijo em sua testa e entramos no restaurante.

O lugar era realmente bonito. Eu tinha vindo aqui há alguns anos atrás, logo na inauguração, mas estava um tanto diferente. As mesas redondas, de no máximo quatro lugares, com toalhas brancas e assento das cadeiras vermelho escuro. Havia uma pequena banda ao fundo do restaurante, o que chamava a atenção era o piano reluzente no palco. A recepcionista veio ao nosso encontro.

–Boa noite! Bem vindos ao Overlook! Reservas em nome de quem? – a moça perguntou. Era baixinha usava um uniforme marrom.

–Jason Grace. – disse Annabeth.

–Perfeito. O senhor Grace e a esposa já ocuparam seus lugares. Sigam-me, por favor.

Nós obedecemos rapidamente. Ela nos conduziu a uma mesa afastada, ao lado direito do palco. Jason e Piper estavam sentados conversando, quando nos viram se levantaram. Jason estava com uma roupa parecida com a minha, um blazer azul marinho, e Piper estava com um vestido amarelo, de mangas. Cumprimentei-a com um beijo no rosto e a Jason com um aperto de mão. Nos sentamos.

–Ah, faz um bom tempo que não venho aqui. – Annabeth comentou.

–Era exatamente isso que eu estava dizendo a Piper. O lugar está um tanto diferente. – disse Jason.

–Muito mais elegante. E eles agora têm um pianista fixo! Maravilhoso! – Piper comentou toda empolgada.

–Quando ele começa tocar? – eu perguntei.

–Se não me engano, ele começa ás dez. – disse Jason verificando o relógio de pulso. Não iria demorar, afinal saímos de casa já eram nove e quarenta.

–Vocês já pediram alguma coisa? – Annabeth perguntou.

–Oh, não. Estávamos esperando por vocês. – Piper respondeu.

–Podemos pedir um vinho, que acham? – Jason perguntou.

–Um vinho está ótimo. – eu disse e Piper acenou para o garçom. Ela pediu vinho tinto suave.

Logo chegaram as taças, engatamos em uma conversa. Rimos, falamos de filmes que estrearam, espetáculos de teatro que não vimos, conversamos sobre os tempos de Acampamento, quando missões eram frequentes. Falamos sobre muitas coisas, menos filhos e trabalho. Até que Jason recebeu uma ligação do escritório e Piper o proibiu de atender. Eu sorri.

–Jason. Estamos aqui para nos divertir. Não para falar sobre trabalho e muito menos para se comunicar com o trabalho. Portanto desligue esse celular imediatamente. – ela disse. Jason iria discutir com toda a certeza, ele não gostava que mandassem nele desse jeito. Mas, Annabeth foi mais esperta, e tirou Piper dali na hora certa. Foram ao banheiro juntas. Não entendo essa mania de mulheres irem ao banheiro sempre juntas. Seja qual for o motivo, foi bom. Jason bufou.

–Ela é inacreditável. Cara é o meu trabalho! – ele exclamou.

–Eu sei. Mas ela não quer ser trocada pelo seu trabalho. Só isso. – eu disse. Eu disse isso mesmo? Nossa, acho que a idade me fez bem.

–Ciúmes do meu trabalho Percy? – ele perguntou.

–Tipo isso. Eu acho.

–Annabeth tem ciúmes do seu trabalho?

–Não. Não que eu saiba, mas ela nunca reclamou então provavelmente não se importa.

–E por que a Piper tem que se importar?

–Pergunta pra ela cara. Mas não agora. – eu disse vendo que elas já voltavam para a mesa.

Piper já não aparentava estar brava com Jason o que era ótimo, afinal não queríamos que a noite acabasse assim. Elas se sentaram, e agiam como se o pequeno telefone nunca tivesse atrapalhado o jantar. Logo fizemos nossos pedidos, e saboreamos a comida com uma conversa agradável.

POV ANNABETH

O jantar estava maravilhoso. Realmente. Piper teve uma ideia maravilhosa, nós quatro precisávamos nos divertir. O lugar estava muito bonito e aconchegante. Minha parte favorita? A banda que agora tinha a participação constante de um pianista. Durante o jantar ele tocou melodias que não reconheci, mas eram realmente bonitas e agradáveis. Algum tempo depois da apresentação começar, algumas pessoas que já haviam terminado o jantar, agora se dirigiam para um espaço a esquerda do palco, onde notei, era reservado para quem desejasse dançar. Por mais que Percy não gostasse muito de dançar, talvez, ele aceitasse. Mas resolvi esperar todos terminarem o jantar.

Quando finalmente terminamos, e os rapazes estavam conversando sobre um jogo de basquete que acontecera no último sábado, eu e Piper prestávamos atenção as musicas que o pianista tocava maravilhosamente bem. Piper seguiu meu olhar em direção a pequena pista de dança. Ela deu um pequeno sorriso, e disse.

–Jason, eu adoraria dançar, sabe? – ela disse como se estivesse elogiando a comida.

–Bem... Vamos então Pips. – ela disse sorrindo e a puxando pela mão. Ela olhou para mim e deu uma piscadinha. Tomei o cuidado de não olhar diretamente para Percy enquanto os dois saiam da mesa.

Ficamos alguns segundos em silencio, até que Percy finalmente se tocou. Continuava lerdo.

–Annabeth? Nós podemos, ahn, dançar se você quiser. – ele disse passando a mão pelos cabelos.

–Claro Percy! – eu disse empolgada me levantando. Ele me estendeu a mão e fomos até onde Piper e Jason dançavam.

Percy segurou minha cintura com as duas mãos e eu segurei seus ombros. Dançamos, duas ou três músicas, não sei ao certo. Eu só aproveitei o momento. Era incrível como depois de catorze anos de casamento, meu amor por ele só aumentou. Nossa família só me trazia alegrias, e isso realmente valia a pena.