POV Jasper

Saí da sala meio incerto sobre qual rumo tomar. Terminei indo meio que inconscientemente para o banheiro masculino e andei até a pia, onde eu joguei água da torneira no rosto. Mas a raiva parecia nunca ir embora

Quando eu lembrei do aceno da Alice para o Alec as imagens dos dois na escada, na festa, voltaram à minha mente também e a raiva pareceu me consumir de vez. Soquei o espelho do banheiro com tanta força que terminei criando uma rachadura nele. A minha mão começou a sangrar e a de repente estava doendo muito. Eu olhei para o sangue e me senti enjoado.

– Você é um idiota. - Eu disse para o meu reflexo rachado no espelho. - Você se apaixona por uma garota e começa a fazer um monte de besteira, uma atrás da outra. Você é muito idiota mesmo. E você tem que consertar todas as burradas que fez.

O diálogo com o meu reflexo estava sendo muito produtivo, mas alguém nos interrompeu ao entrar no banheiro. Era o Edward, e ele parecia estar procurando justamente por mim.

– Sua mão! O que você fez, seu louco?

Fiz uma careta ao encarar a minha mão novamente. Estava começando a ficar inchada e eu fiquei feliz por ter socado o espelho com a mão esquerda e não com a direita.

– Vem comigo. - O Edward disse. - Eu vou te levar até a enfermaria.

Eu suspirei, ainda me sentindo esquisito e, sem sair do lugar, liguei a torneira para jogar água no rosto novamente.

– Vocês precisam parar com isso, sabia? - Edward falou. - Sério. Você e a Alice precisam se resolver. Urgentemente. A única coisa que vocês estão conseguindo é machucar um ao outro com todos esses joguinhos. Vocês estão parecendo duas crianças.

Mas eu continuei sem falar nada. Porque eu sinceramente acreditava que o único machucado ali era eu.

Depois da festa eu fiquei sem ver a Alice por quatro semanas. Faltei aos dois primeiros dias de aula pois ainda não sabia como iria encará-la depois de tudo. Quando finalmente tomei coragem para fazê-lo, ela é quem havia decidido não ir ao colégio e eu supus que talvez ela tivesse meio mal também. Como eu estava enganado!

Hoje ela me aparecia no colégio totalmente sorridente e linda, como se nada tivesse acontecido e como se eu não existisse. E, minha nossa, como ela era linda. Realmente linda. Ela era tão linda que chegava a me machucar. Cada parte de mim parecia se rachar quando eu lembrava dos nossos beijos, do seu corpo junto ao meu, e de como eu sentia falta daquilo.

Edward me levou até a enfermaria e lá eles cuidaram da minha mão. Não foi necessário colocar um gesso, mas eles enfaixaram dos meus dedos até o meu antebraço e me recomendaram não fazer muito esforço.

Terminei pedindo para ser liberado e, como eu já tinha dezoito anos, só precisei assinar um papel para que pudesse ir embora. Um funcionário trouxe a minha mochila até mim e eu dirigi para casa com certa dificuldade por culpa da minha mão enfaixada.

A raiva e a confusão já haviam passado, mas eu ainda estava com a cabeça um pouco quente. A única decisão que eu conseguia tomar no momento era que eu definitivamente não iria ao colégio no dia seguinte. Aquilo só pioraria tudo; eu não suportaria ver a Alice sequer conversando com o Alec. E tinha certeza que vê-la sorrindo, linda do jeito que ela era, ia terminar me matando. E, mesmo que fosse apenas figuralmente, aquilo ainda seria algo muito ruim. Decidi que era melhor não arriscar.

***

POV Alice

Caramba! O Jasper devia ter algum problema. Ou muitos problemas, porque não é possível! Eu mal entro na sala e, ao me notar, ele me encara como um esquizofrênico e em seguida sai correndo como se estivesse com uma dor de barriga insuportável.

Estava ficando cada vez mais difícil compreendê-lo.

Depois disso ele não voltou para a aula, e nem eu nem mais ninguém o viu pelo resto do dia. Só tive notícias dele bem depois, quando estava indo para casa após o termino das aulas e encontrei com o Edward no estacionamento.

– Onde o Jasper foi parar?

Edward me encarou por uns segundos e depois suspirou, parecendo exasperado e chateado.

– Eu vou te falar exatamente a mesma coisa que eu falei pro Jasper, Alice. Vocês precisam dar um fim nisso o quanto antes. Parem de machucar um ao outro.

Só fiquei ali, parada. Ainda estava digerindo as palavras do meu irmão. Ele já havia virado para ir até o seu carro, mas então voltou-se para mim novamente.

– A propósito, o Jasper já está em casa. Ele foi para a enfermaria depois que saiu da aula e terminou sendo liberado mais cedo.

– Tá tudo bem com ele? - Perguntei por impulso.

– Eu acho que se você realmente quer saber você devia perguntar ao próprio Jasper.

Aquilo foi mais eficaz que um tapa na cara.

Dirigi com o mínimo de pressa até chegar em casa e quando finalmente estava lá só queria saber da minha cama. Fiquei muito tentada a ligar pro Jasper, ou mandar uma SMS. Cheguei a começar a digitar uma, mas parei no meio do caminho. Acho que eu era meio covarde, no fim das contas.

Tomei um banho quente e relaxante lá por volta das nove horas e fui dormir. Terminei acordando só no dia seguinte e me vesti rápido para o colégio. Queria muito ver o Jasper e, talvez, tentar conversar com ele.

Mas, para a minha frustração, ele nem deu as caras naquela manhã.