- Ansiosa? - Esme perguntou, de brincadeira, enquanto nós estávamos no carro.

     - Um poquinho... - Respondi no mesmo tom, embora, no fundo, eu estivesse falando a verdade.

     Nós estávamos a caminho da loja de vestidos de noiva mais cara e chique de Seattle. Não que isso fosse uma surpresa porque, afinal de contas, era o casamento de uma Cullen com um Hale, as famílias mais ricas da redondeza. 

     Entramos na loja e eu fiquei deslumbrada. Eram tantos vestidos brancos! Quem nunca sonhou em entrar numa igreja vestida de branco? Aposto que até as garotas que não pretendem casar já sonharam com esse dia.

     - Olá. Posso ajudá-las? - Perguntou uma atendente simpática da loja. 

     Quanto tempo nós ficamos lá? Eu não tenho ideia! Só sei que, quando saímos, já era noite. Escolher um vestido terminou sendo uma tarefa bem mais difícil do que eu imaginei, porque todos eram lindos e eu tinha que experimentar cada um. Por fim, terminei me apaixonando por um sem alças, e justo até a cintura, onde se abria numa linda calda. 

     - Você está maravilhosa, querida. - Esme disse, sorrindo.

     Naquele momento eu estava realmente feliz porque eu podia fingir que estava vivendo um casamento real, com um noivo que me amava, e pude imaginar que eu seria feliz. Mas, infelizmente, o encanto acabou assim que eu saí da loja. 

     O vestido precisaria de alguns ajustes, pois eu era um pouco magra e pequena para ele, mas em dez dias ele estaria pronto, segundo a costureira da loja. Acho que eu estava começando a me animar pro casamento. Quer dizer, não pro casamento, mas para a festa, sim.

*

     - Psiu, emburrada!

     - Argh, será que dá pra você parar de me chamar assim, Jasper?

     - Hum, acho que não. Mas, ei, nossa apresentação de literatura é amanhã, certo? Quer ir lá em casa hoje pra gente repassar as falas?

     - Ah, tudo bem. 

     Eu andava muito desanimada esses dias, e tanto o Edward quanto a Bella comentaram isso comigo, mas nem eu mesma sabia qual era o motivo. Eu só me sentia esgotada com os preparativos para o casamento, porque Esme achava que eu devia opinar em tudo, e por um lado eu até gostava, por outro, eu não aguentava mais!

     Depois do colégio eu fui para casa com Edward e, ao chegar, não almocei, não tomei banho, só deitei na cama e dormi. Eu ainda estava dormindo profundamente quando ouvi umas batidas na porta.

     - Senhorita Cullen? - Era a voz da Janett.

     - Hmmm. Oi, Janett. Oi? - Eu falei, ainda meio que dormindo.

     - O senhor Jasper está na sala de estar, esperando pela senhorita.

     Ai-meu-Deus. Eu esqueci completamente que o Jasper ia passar pra me buscar! Abri o guarda-roupas apressadamente, procurando por uma roupa. 

     - DIZ PRA ELE QUE EU JÁ VOU, JANETT! - Gritei, enquanto escolhia uma roupa às pressas.

     Terminei optanto por um visual à la Bella mais uma vez: jeans e camiseta. Mas eu, ao contrário dela, estava de salto. Depois que tomei um banho correndo e me vesti, desci até a sala de estar.

     - Uau. Mas que demora, hein? - Jasper ergueu uma sobrancelha.

     - Eu não demorei, você é que chegou cedo demais. - Mostrei a língua para ele. 

     - Ou não. Vamos? - Ele perguntou e eu concordei. 

     Só quando nós estávamos em seu carro, indo para sua casa, é que eu realmente acordei, e um pensamento me passou pela cabeça.

     - Ei! - Eu falei e ele virou-se para mim. - Por que a gente não ensaiou na minha casa mesmo? Eu estava lá, você também...

     Ele sorriu, apenas, e aquilo me irritou bastante.

     - JAAAAAAASPER! - Eu gritei em seu ouvido.

     - Você está na TPM, Alice? - Ele me encarou e perguntou com o rosto sério, embora eu soubesse que ele só estava fazendo graça.

     - Por que a gente não passou as falas lá em casa? - Perguntei de novo e ele suspirou.

     - Porque nós não vamos repassar as falas agora. Eu tenho uma surpresa pra você.

     - Que surpresa? 

     - Se eu disser, não será mais surpresa. Dã!

     Ele continuou dirigindo até que nós estávamos em Seattle. Quando ele finalmente estacionou, percebi que o lugar no qual nos encontrávamos era perto da loja onde eu havia ido escolher meu vestido de noiva, só que andamos na direção oposta.

     - Nós vamos à uma loja? - Perguntei.

     - Sim. - Foi o que ele me respondeu. Só "sim", sem mais nada. 

     Andamos mais um pouco até que ele me segurou pelo ombro, me fazendo parar, e tapou meus olhos com as mãos.

     - Ih, me solta! - Falei enquanto tentava me desvencilhar, mas ele era muito mais forte e alto que eu, o que fez a minha tentativa ser inútil. 

     - Pronto, chegamos. - E, embora eu não pudesse ver seu rosto, eu sabia que ele estava sorrindo. Então suas mãos escorregaram dos meus olhos e eu pude ver outra vez.

     Nós estávamos numa loja de discos e, na minha frente, estava uma coleção completa de CDs e LPs de Oasis. Eu me virei para ele, sem palavras.

     - Obrigada. - Foi tudo o que eu disse.

     - Ah, isso não foi nada. - Ele falou, meio sem jeito. - Você estava cantando naquele dia, no carro, e eu achei que seria legal te trazer nessa loja. Foi aqui onde eu comprei aquele CD e tudo mais.

     - Obrigada, Jasper. De verdade. Eu adorei.

     Eu nunca havia ido numa loja de discos antes, e não posso dizer outra coisa além de que adorei o lugar! Saí de lá com três camisetas de bandas e cinco CDs, aos quais o Jasper fez questão de pagar.

     - Eu estou me sentindo um pouco culpada por não ter ensaiado. - Comentei com ele.

     - E quem disse que nós não vamos ensaiar? - Ele riu.

     - Mais surpresas? - Perguntei, animada.

     - Mais surpresas! - Jasper respondeu.

     Ao invés de dirigir de volta à Forks ele dirigiu até o centro de Seattle, e estacionou na calçada de uma rua comercial.

     - Vai tapar meus olhos outra vez, Hale?

     - Não dessa vez, emburrada.

     - Eu não estou emburrada! - Fechei a cara para ele, que riu.

     Andamos um pouco mais até que ele me fez parar. Nós estávamos na frente de um teatro lindo, e quando eu me virei para ele, prestes a perguntar qual era a surpresa, ele tirou umas chaves do bolso, ergueu-as diante dos meus olhos e balançou.

     - Não?! - Eu perguntei, rindo.

     - Sim! - Ele respondeu, enquanto segurava minha mão e me puxava, correndo, até a entrada. Você já tentaram correr de salto alto? Pois é, eu não recomendo!

     Acontece que o dono do teatro era um grande amigo do pai de Jasper, e ele emprestou as chaves para o meu futuro marido, que resolveu que seria legal se nós ensaiássemos lá. E foi o que fizemos. 

     Já passava das seis da noite quando Jasper me deixou em casa, e eu estava bem feliz. Foi uma tarde legal, e com certeza nosso trabalho seria um dos melhores, porque creio que fomos os únicos a ter o luxo de ensaiar num dos teatros mais chiques de Seattle. 

     Cheguei em casa contente por todos esses motivos e porque enfim eu estava me dando bem com o Jasper. Pelo visto ele estava certo quando disse que quando é para fazer uma coisa, ele gosta de fazer essa coisa bem feita.