Eu não sabia muito bem o que fazer. Fiquei sem reação. Então resolvi tentar lembrar do que tinha acontecido antes de cair naquela cratera. Mas nada veio em minha cabeça. Já tinha se passado alguns minutos, quando bateram na porta. Era o homem que me tirou do buraco, literalmente. Eu o devo muito.

Ele abriu a porta devagar, e perguntou se eu estava tudo bem.

– Sim, estou bem melhor – respondi.

– Mas não me lembro de nada. Como vim parar aqui? Como sai daquele lugar? – perguntei.

– Eu te tirei de lá com a ajuda dos caçadores do vale. Você esta na minha casa, na casa dos Dartts. Mas qual é o seu nome? – perguntou o homem.

– Eu não sei ao certo, acho que Íon. – respondi com um pouco de insegurança.

Eu não queria dizer que me chamavam por esse nome no sonho que tive. Ele ia achar meio estranho. Só disse Íon porque não veio outro na minha memória, que eu já não tinha.

Ele parecia bem desconfiado. Eu acabara de ter dito que não me lembrava de nada. Mas eu disse meu nome. Foi quando me encurralou com uma pergunta que fiquei meio sem jeito de responder.

– Mas se não se lembra de nada. Como sabe o seu nome? –

Eu não podia mentir. Afinal aquele homem salvou a minha vida.

– Tive um sonho e eles me chamavam de Íon – respondi ao homem.

– Quem são ‘’eles’’, desse seu sonho – o homem mais uma vez encurralou-me.

Eu queria dizer, mas alguma coisa me segurou como se aquilo fosse algo proibido.

Fiquei calado por um tempo. Mas foi como se ele nunca quis ter feito aquelas perguntas que depois de um tempo ele me pediu desculpas.

– Perdoe-me. É que não é todo dia que trago um desconhecido para minha casa. Sei que você não é uma ameaça, mas minha mulher está bem atormentada. Estamos em tempos difíceis - disse o homem um pouco triste.

– Qual é o seu nome? – perguntei.

– Meu nome é Árvila, moro com minha esposa e meus dois filhos Javier e Ximem. Eles foram levados por monstros há duas luas e meia pasada – então o homem respondeu.

Eles contam o tempo em lua. Uma lua queria dizer um dia. Meia lua que era a representação da lua minguante e da lua crescente, era a metade de um dia. Era um pouco sem lógica. Eu nunca compreendi aquele calendário. Pra mim era bem confuso, porém era bastante organizado. Não tinha muito o que reclamar, só que eu não conseguia me adaptar ao novo estilo de contar os dias.

– Quem os levou? – perguntei.

– Não sabemos direito. Parece que foram as drideres. Mas um amigo meu estava na floresta um pouco antes dos desaparecimentos e disse que viu uma revoada de harpiasrondando por lá – disse Árvila.

– Quem são esses, drideres e harpias? – perguntei-lhe bem curioso.

– Nossa! - exaltou-se. - Você não sabe de nada mesmo em – disse Árvila assustado.

Ele sentou em um dos cantos da cama, botou a mão em meu braço e disse algumas palavras que eu guardaria para sempre.

– Jovem Íon, o mundo está em caos. O olimpo não é o mesmo já faz muito tempo. Os deuses não olham mais por nós.

Naquele estante eu não entendi nada, mas aquilo ficou marcado na minha memória.

Árvila levantou da cama e foi em direção à janela. Olhou lá para fora, para ver o que estava acontecendo. Depois olhou-me e contou uma história que eu daria tudo para aquilo se torna uma mentira.

– Não sei por onde começar. Tal vez quando os titãs airam do...– ele ficou um tempo pensando e me explicou tudinho.

– Há muito tempo atrás os titãs saíram do Tártaro. Foi ai que tudo começou. Ficamos sabendo de tudo, que para nós não passava de contos e mitos. Ao mesmo tempo ouve um desentendimento entre dois dos três supremos. O olimpo estava dividido. De um lado Zeus, com seus filhos e sua mulher. Do outro Poseidon e seus aliados. Eram duas guerras em uma. Os deuses contra os deuses e os deuses contra os titãs. No começo alguns titãs e deuses foram destruídos. Zeus sabia que era desperdício a morte de qualquer deus ou de um titã. Porque aquilo traria um grande desequilíbrio na natureza, cada um deles têm um papel para que o mundo não entre em confronto consigo mesmo. Por exemplo se Hades o deus supremo do mundo inferior fosse destruido o submundo cairia tambem, assim não teria onde colocar todas aquelas almas. Elas ficariam vagando por ae. Eu não iaqueria abrir a portada minha casa e dar de cara com uma alma penada. Não queria mesmo! Chegu-se a uma conclusão de que os deus e os titãs são os estabilizadores natural da terra, que sem eles não somos nada. Mesmo assim a guerra tornou a acontecer. Milhares de vidas foram terrivelmente massacradas, cidades completamente destruídas, tempestades monstruosas e erupções vulcânicas por todo lugar. Estava decretado a segunda titanomaquia que pelos humanos foi chamada de terceira guerra mundial. Foi quando tudo estava perdido que Zeus tomou uma posição. Com a ajuda de feiticeiras, ele criou uma arma. Tal arma capaz de acabar com a guerra. Ela unificava os poderes dos deuses e titãs mortos em uma coisa só. Mas aquele poder não era o bastante para mandar os titã de volta as profundeza do Tártaro. Então Zeus tirou parte dos poderes do titã Cronos. O titã que destruiu o próprio pai, para ficar com o mundo só para ele. A batalha entre Cronos e Zeus foi dura, no final o rei dos ceus pensou que Cronos tinha morrido mas na verdade estava desacordado. Foi assim que Zeus conseguiu retirar parte do divino de seu pai. Eles chamavam a arma de: ''O ultimo harliano’’. Expressão batizada pelos próprios deuses. Que queria dizer, o ultimo patrono dos céus.

– Mas o que tem a ver isso com essas coisas... que sequestram pessoas, os drideres e as harpias? – perguntei.

Então ele continuou a história.

– A guerra dos titãs acabou, o olimpo venceu mais uma vez. Mas o caos no mundo só estava preste a começar. Ai que entram os monstros e também os mestiços. Que por sua vez não tinham mais o porquê de se esconder. Uma nova guerra começou. Uma guerra entre os humanos os monstros e os mestiço. A guerra que dura até os tempos de hoje. Os drirderes são uma mistura de homem com aracnídeos. Primeiro te embrulhão em uma rede de teia até que você entre em decomposição. Depois devoram você lentamente, membro por membro. Já as harpias são bem diferentes. São como uma galinha de um metro e vinte de altura, elas tem cara de gente e voam. Gostam de destroçar suas presas antes de comer. Mas pra nossa sorte são muito estúpidas porem estão sempre em bandos. - eu engolir aquilo a seco. Foi então que Ávila lembrou de uma coisa que não suportava. Quer dizer nenhum humano gosta deles. Os niteres.

– Ainda tem os niteres, que se acham os donos do pedaço. Mal sabem, que nós humanos já fomos a maioria, por milênios. Apesar de parecem conosco é bem fácil identifica-los. Quebre um pedaço de galho e eles vão rebater. Te xingarão de todos os tipos possível de nomes na língua deles. É que eles têm um elo muito grande com a natureza.

Depois que ele acabou de falar contei-lhe meu sonho. Eu tinha certeza que ele me acharia um louco. Até da missão eu falei, a uníca coisa que eu não disse foi do oráculo. Dai ele começou com outra história. Dessa vez falava baixo, parecia que estava contando um segredo.

– Ninguém tem fé nos deuses. Não depois de tudo que aconteceu com a nossa gente. Eu sou uma das poucas pessoas que resta que acredita na volta dos olhares dos deuses sobres nós. Minha família também tem esse pensamento. Mas depois que meus filhos foram levados minha mulher perdeu a fé neles, ela deixou de acreditar nos deuses. Eu sei que você tem uma ligação com a coisa grega. Tive esse pressentimento por causa de sua roupas. Aquela tanga estranha, tem algo de diferente dela. Vou lhe ajudar à descobrir de onde você veio. Vamos saber que tal missão é essa. Não se preocupe, Tudo vai dar certo. -

Fiquei feliz por ter ouvido aquilo. De uma coisa eu tinha certeza, eu não estava sozinho.

Ele então voltou a falar normal. Bem mais animado e disse-me:

– Aqui está! Minha mulher separou algumas roupas do meu filho Javier pra você. Deve-lhe servir, ele teve ter sua idade. Nós estamos te esperando na mesa, para tomar café. Venha conhecer minha esposa. Mas primeiro, tira essa tanga estranha e tome uma boa ducha. O banheiro fica na porta em frente e a cozinha no final do corredor, do lado esquerdo – Árvila saiu do quarto e bateu a porta.

Levantei da cama, peguei a roupa e sai do quarto. O corredor era bem iluminado por um janelão lá no final. Havia varias portas. Entrei no banheiro, que como tinha dito Árvila ficava bem em frente ao quarto que eu estava hospedado.