As Crônicas De Íon-O mistério dos Titãs escrita por Yuri Nascimento


Capítulo 2
Capítulo II - A conversa com as sombras




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Já era noite. Minha visão estava bem melhor agora. Eu estava deitado em uma cama, num quarto pequeno. Havia um armário velho, um quadro muito chamativo pendurado na parede, uma janela e uma porta que estava entre aberta.

Eu ouvia vozes. Não eram vozes claras. No começo eram apenas sussurros. Vinham do outro lado da porta. Com o passar do tempo o tom daquelas vozes estavam cada vez mais autas. Percebi que eram duas pessoas discutindo, um homem e uma mulher. Eu comecei a entender o que estavam falando.

– Não deveria ter trago esse garoto pra dentro da nossa casa – disse a mulher com uma voz roca e muito assustada.

– Você realmente não tem coração – disse o homem em um tom bem arrogante.

– Nem sabe quem ele é, ou o que ele é. Pode ser um monstro, uma maldição dos deuses. Ele usa roupa estranha. Aquilo é grego, boa coisa não é – disse a mulher bem preocupada.

– Ele parece ser jovem. Deve ter se perdido e caído naquele buraco, onde encontrei. Eu não podia deixa-lo. Com certeza caiu em uma armadilha de gigantes. Aquele buraco estava próximo ao Monte Rasu. Lá é território deles- disse o homem tentando melhorar a situação.

Então ele abriu a porta e olhou para mim, a mulher estava bem atrás dele. Era a primeira vez que eu via humanos. Eles eram de estatura mediana, pálidos e tinham feições meio indígena. Aproximadamente tinham uns 37 anos de idades cada um.

Ficamos alguns segundos encarando um ao outro. Dai fechei os olhos. Eu estava desacordado a um bom tempo. Porem ainda estava muito cansado.

– Ele está cansado. Vai ficar bem melhor amanha. Vamos deixa-lo sozinho – o homem sussurrou.

– Mas querido... – a mulher nem terminou de falar e ele a cortou. – Amanha nós conversamos sobre esse assunto – o homem fechou a porta e complementou. – Também estou bem cansado, tive um dia de caçada bem dura. Vá preparar aquele javali que eu trouxe hoje. Do jeitinho que só você sabe fazer.

As vozes estavam cada vez mais distantes. Pareciam que está andando pelo corredor. Não conseguir ouvir mais nada. Ajeitei-me na cama e dormi.

Acordei em um lugar bem diferente. Um lugar tão lindo. Eu estava nas nuvens. Cantorias angélicas e um som vindo de uma lira que me fazia pensar que estava perto dos meus ouvidos. Aquilo fez me sentir ótimo. Acho que nunca se sentir bem assim. O sol era tão forte que mal consegui abrir os olhos direito. Olhei para o céu. Havia três pontos pretos se movendo vindo bem de longe. Eles estavam bem rápidos e seguiam em na minha direção. Mas eu não podia acompanha-los, quanto mais eu olha para o céu minha vista ardia ainda mais. Cocei os olhos e surpreendentemente sombras em forma de gente estacionaram-se ao meu redor. Eu continuei deitado mas bem assustado. Olhei para uma delas que estava bem na minha frente, próximo ao meu pé. Tinha a silhueta de uma mulher. Cabelos compridos e um vestido longo.

– Onde estou – perguntei àquelas sombras.

– Íon, preste bastante atenção - dando a mínima para minha pergunta uma das sombras então disse. Era a voz de um homem. Vinha do meu canto direito.

– Nosso pai proibiu de nos comunicar com você. Mas ele não sabe o que diz. Ele não pensa como antes, está agindo de uma forma que nunca tinha agido – disse a outra sombra do meu canto esquerdo. Com uma voz masculina. Que parecia bem nervoso.

– Precisamos de sua ajuda no olimpo. Só você pode descobrir o que está acontecendo com nosso pai. Só você pode... – a mulher com uma voz doce e suave não quis completar o que queria falar.

– Cumpra sua missão na terra, o mais rápido possível. Só assim chegarás ao olimpo de novo – ordenou-me um dos homens.

– Vamos um dos guardiões vem por ai.

– Ele está muito perto.

– Ele não pode nos ver! – dialogaram aquelas sombras preocupados com o que poderia acontecer.

– Mas quem são vocês? Que lugar é esse? Como eu vim parar aqui? – perguntei muito angustiado.

– Desculpe Íon. Talvez outro dia – respondeu a mulher com um aperto no coração.

– Vamos embora Palas! – um deles gritou. Enquanto o outro decolou e voou rapidamente em direção a lugar nenhum.

– Íon não se preocupe. Tudo vai dar certo. Vá em busca do oráculo. Lá terá as respostas que precisa – disse a mulher enquanto preparava para decolar com o outro homem que acabou esperando-a.

Os dois voaram tão rápido que perdi de vista.

Os sons divinos, que me faziam sentir bem melhor pararam de tocar. Acho que só tocavam na presença daquelas pessoas.

Só depois de alguns dias após o sonho fiquei sabendo que eu tinha acabado de falar com deuses. Eu acabara de conhecer três filhos de Zeus. Hermes o mensageiro, Ares o deus da guerra e Atena a deusa sábia.

De repente, tudo ficou escuro, o céu reluzia estrelas extremamente brilhantes, eram centenas ou milhares delas. Lindas estrelas. Fiquei um bom tempo admirando-as. As nuvens que me sustentavam, estavam ficando transparentes. Cada vez mais transparente. Chegou a um certo momento que não pude velas e nem senti-las. Foi quando de repente cai.

Não quis olhar pra baixo. Se eu olheasse só iria me trazer mais desespero. Eu sacudia as pernas e meus braços achando que aquilo aliviaria a cituação. Cair em queda livre por uns dez segundos.

Então fechei os olhos. Já estava imaginando minha morte. Minha dolorosa morte.

Ao abrir os olhos novamente. Em vez de um céu estrelado. Deparei-me com um teto de madeira, que por sua vez estava repleto de cupins. Aquele cenário era bem familiar. O armário, a janela e o quadro com cores extravagantes que sempre me intrigava estavam lá, do mesmo geito que eu tinha visto antes de acordar no céu. Era o quarto onde eu estava hospedado. Então percebi que aquilo tudo não passava de um sonho. O som angelical, a conversar com os deuses, as nuvens, aquelas lindas estrelas. Parecia tudo tão real.



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