Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 7
Mordida Letal




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/298372/chapter/7

― Lucian!!! – chama ela, aproximando-se rapidamente e vendo duas perfurações no ombro do cherokee, pois ele havia sido mordido.

Harry também se aproxima do círculo e se assusta com o que vê. Lucian se debatia ao chão enquanto seu corpo contraia-se para trás, rosnados doloridos escapavam por entre os dentes, o movimento de seus pés já formavam sulcos no chão, o branco de seus olhos começava a assumir uma coloração rósea e suas mãos agarravam a terra com força, tentando conter o ardor que sentia percorrer suas veias já saltadas.

― Foi o vampiro, Leah – explica Quil. – Nós conseguimos pegá-lo, mas já era tarde!

Hana, que também ouvira o uivo de Seth, corre em direção ao grupo e se desespera ao ver as marcas da mordida no ombro do irmão.

― Como isso aconteceu? Estavam todos avisados sobre o vampiro, por que ele veio para cá?

― Fui eu, mas... Eu não... – gagueja Harry.

― O que você fez Harry!!! – grita ela, não conseguindo mais controlar sua histeria. – Lucian não é perfeito como nós, seu olfato e audição apurados não existem mais... Você o mandou para cá e o condenou à morte!

O espanto com aquelas acusações toma conta de Harry, enquanto olhares condenatórios e rosnados lhe eram lançados por todos os lados, fazendo-o se sentir verdadeiramente culpado e um peso crescer sobre seus ombros. Somente Leah não lhe dirigia palavra ou olhar nenhum, preferindo cuidar primeiro de Lucian.

― Hana, o que faremos? – pergunta em aflição.

― O veneno de um vampiro é letal contra lobisomens e vice-versa... Nunca presenciei uma situação como essa, não sei o que fazer. Talvez eu possa injetar o veneno lupino novamente, pode ser que ele funcione como um contraveneno, mas não sei se funcionará – despeja rapidamente, aflita com toda a situação. – É a única coisa em que consigo pensar no momento.

― Faça isso – rosna Lucian, em meio a sua dor.

O cherokee ergue a mão suja de terra para Leah, que a segura rapidamente. Harry tenta oferecer ajuda, mas os olhares acusatórios do bando quileute o fizeram recuar, enquanto Hana iniciava o processo de envenenamento, salientando seus caninos e mordendo o ombro do irmão, bem ao lado da primeira mordida.

― Mais! – pede Lucian, fazendo a irmã obedecê-lo prontamente.

Hana distribui uma série de mordidas pelo corpo do irmão: braços e pescoço primeiro, seguido das pernas e por último o tórax, para impedir o veneno do vampiro de chegar ao coração. A cherokee se afasta do irmão em prantos e levando a mão a boca para limpar o sangue que manchava seus dentes. Ninguém sabia se daria certo e tudo o que podiam fazer, era esperar para vê-lo se curar ou definhar até a morte.

Lucian percorre os olhos estalados pelo ambiente a procura de alguém e, quando finalmente encontra o garoto assustado e excluído, lhe estende a mão livre... Harry sente algo apertar-lhe o peito e se aproxima rapidamente, mas, antes que pudesse alcançá-lo, o cherokee cai na inconsciência, deixando o braço tombar ao lado do corpo.

― Não, pai! – grita Harry, sendo rapidamente segurado por Quil.

Leah deita a cabeça no peito de Lucian rapidamente e suspira aliviada por ouvir seu coração bater, mesmo que num ritmo mais brando.

― Ele está vivo ainda, talvez esteja funcionando. Vamos levá-lo para casa!

― Paul, Seth e Embry, vasculhem a área – ordena Sam. – Temos que saber se o vampiro estava acompanhado.

Os três lobos assentem com suas enormes cabeças e partem rapidamente, enquanto os demais retornavam a forma humana e carregavam o corpo inconsciente de Lucian. Harry tenta ajudá-los, porém, é logo repelido por comentários como "você já fez o suficiente por hoje, garoto". Ele pensa em segui-los, mas também desiste dessa ideia, ouvindo uma risada debochada logo em seguida:

― Parabéns, garotinho especial. – Aplaude de maneira forçada.

― Me deixe em paz, Nicolas. – Faz menção de sair, mas o Uley bloqueia seu caminho. – O que você quer de mim? – pergunta derrotado.

― Curtir o momento... Você sabe, é a primeira vez que o vejo fazer uma grande besteira. Você é sempre tão queridinho e tão elogiado... – Pensa. – Não perderia sua cara de derrota por nada neste mundo!

― Já viu o que queria? Sente-se feliz agora?

― Sim, muito feliz! – Ri debochadamente. – E não se preocupe, eu gosto do seu pai... Vou torcer para que ele sobreviva, quem sabe assim você não ganha uma surra quando ele acordar.

Nicolas corre em direção à casa dos Clearwater, sem esperar qualquer tipo de resposta, deixando Harry para trás, já que ele preferia permanecer longe o máximo de tempo que pudesse.

Horas depois, quando ele retornou para casa, ainda haviam alguns quileutes ali, provavelmente em busca de notícias. Harry corre diretamente para o quarto, fechando a porta e fugindo dos olhares acusadores que alguns deles lhe lançavam. Lucian era muito conhecido e querido, e não era a toa que a maioria dos quileutes o estivesse detestando naquele momento tão denso.

Sentado no canto do quarto de maneira insegura, Harry não sabia ao certo o que aconteceria a seguir. E se ele morresse? Será que o expulsariam de La Push? E sua mãe, será que o odiaria?

Uma batida na porta o retirou de seus devaneios e, quando Leah adentra o quarto, ele se encolhe ainda mais, assustado e com medo de que o pai morresse por sua causa.

― Eu não queria isso, mãe, me desculpe! Eu não queria, não sabia que ele era assim... – lamenta-se, não conseguindo conter as lágrimas, que desciam como uma cascata.

Leah corre em direção ao filho, sentando-se ao seu lado e puxando-o para o seu colo. Ela acaricia seus cabelos de maneira afetuosa, até que seu choro cessasse.

― Quando você nasceu, seu pai foi o primeiro a vê-lo além de Carlisle e Esme – começa Leah, prendendo a atenção dele. – Ele o viu antes mesmo de mim... O pegou de forma tão desajeitada que quase me fez rir e ficou hipnotizado com o que viu. – Respira fundo. – Lucian o considerou o ser mais precioso e incrível da face da terra, passou noites a observá-lo dormir e riu de todos os novos movimentos que você aprendeu. Quase morreu de felicidade quando disse sua primeira palavra e de novo quando começou a caminhar, ele estava lá em todos os momentos, sempre a te achar o mais incrível e precioso!

Lágrimas silenciosas começam a brotar dos olhos de Harry, diante daquelas informações que, até então, desconhecia. Seu pai sempre o tratara com zelo e, em retribuição, ele agia como um completo idiota. Aquela história só o fazia se sentir ainda pior...

― O dia em que lhe contamos sobre lobisomens – continua Leah –, você ficou tão entusiasmado que pediu para vê-lo transformado. Quando seu pai se colocou a sua frente, com sua fera imensa e negra, seus olhos brilharam de deslumbramento. – Pausa. – E então você pronunciou as palavras que mudaram a vida dele com relação a você...

― E quais eram? – pergunta com voz embargada.

― "Pai, eu quero ser igual a você quando crescer" – repete Leah. – Ele ficou feliz, mas, ao mesmo tempo, triste, pois não era tão perfeito como você o enxergava. E, a partir daí, Lucian nunca encontrou uma maneira de lhe contar sobre sua deficiência, sem que você se decepcionasse.

― Como ele ficou desse jeito?

― É uma longa história, Harry. Nossa história juntos é muito comprida e complexa. Nunca contamos a você em detalhes e peço desculpas por isso...

― E o que acontecerá agora?

― Não sei. – Suspira. – Temos de esperar e torcer para que a teoria de Hana funcione.

― Mãe. – Se levanta do colo maternal para encará-la. – Não quero que ele morra! – Chora novamente. – Eu estava bravo, mas era só isso, nunca desejei de verdade que ele morresse... E se não der certo, mãe? E se o veneno o matar mesmo assim? Estou desesperado, é tudo minha culpa.

― Acalme-se! – O abraça. – Tudo vai ficar bem!

Leah não sabia se iria ficar tudo bem e a hipótese de morte lhe apertava o peito tão forte, que lhe dava falta de ar. Ela não podia isentar o filho daquela situação, afinal, ele fora mesmo o maior causador daquele acontecimento, mas também não queria deixá-lo ainda pior e tudo o que pôde fazer por ele, foi dispensar os "olhares acusadores" de sua casa e niná-lo até que caísse no sono.

O fatídico dia finalmente termina! Harry dormira profundamente por algumas horas, acordando durante madrugada devido ao terrível pesadelo que tivera. Ele caminha silenciosamente pela casa e adentra o quarto dos pais sem ser notado, querendo verificar com seus próprios olhos se Lucian ainda respirava e se o seu coração realmente batia.

― Está vivo – pensa aliviado.

O garoto se afasta silenciosamente, ou, pelo menos, o que ele pensava ser um modo furtivo, pois a loba notara sua presença e se alegrara em saber que estava preocupado com o pai.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Depois dessa o Harry volta a ser o bom menino que era antes... No próximo capitulo estarei finalizando nosso primeiro evento, mas como vocês já devem imaginar, as surpresas não terminarão por aqui. Ainda tenho umas coisas bem inéditas preparadas para esta história :3
.
Espero que tenham gostado...
No próximo veremos nosso lobo pai acordar. Vocês imaginam o que poderá acontecer? Capitulo 8: Não Mereço ser Seu Filho