Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 6
A Família Desunida




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Sam e Paul se apresentam ao local do confronto, minutos depois do chamado de Leah. Seth havia lhes explicado o pouco que sabia, enquanto tentava entreter a fera de Hana para que não retornasse para perto de seu alfa. E qual não foi a surpresa de ambos os quileutes, ao perceberem que Harry realmente se tornara um Filho da Lua, e que agora, Leah estava ferida.

Eles se aproximam cautelosamente da loba, temerosos pela resistência do lobisomem negro, contudo, ele nada fizera, tamanho era seu arrependimento. A fera poderia muito bem curá-la, como fizera da última vez, quando Kiary a machucara, mas ele estava fora de si, arrebatado pelo remorso e sentindo-se acoimado pelos gemidos de sua companheira, cujo corpo tremia com a dor.

O alfa quileute verifica o estado de Leah, que apesar de não haver quebrado nenhum osso, mal conseguia se mover devido às feridas profundas. Paul circunda a dupla, tentando evitar que principalmente Harry fizesse alguma besteira. O lobisomem cinzento parecia estar dividido, parte dele queria atacar e aniquilar o seu oponente, mas, sua outra parte, queria ajudar a loba agonizante, fazendo-o ficar imóvel por alguns instantes.

A fera negra, ainda desorientada, salta para cima de uma árvore, de onde fica a espreitar a loba, e o seu oponente, estava receoso em atacar por acreditar que Sam e Paul faziam parte da matilha de Lucian. Os quileutes tinham medo de fazer algo, de voltarem à forma humana ou de tentarem retirar Leah dali e acabarem sendo atacados por um ou pelo outro lobisomem, por isso, eles optaram por permaneceram inertes. E assim correu o resto daquela noite...

Levou tempo até que o Sol começasse a raiar no horizonte, porém, quando aconteceu, o lobisomem negro desceu da árvore e retornou a sua forma original. Lucian cambaleia alguns passos, exausto, e olha ao redor tentando se localizar, entrando num imenso desespero ao ver o que acontecera a sua esposa.

― Leah – estende o braço em direção à quileute, finalmente reparando na própria mão manchada de sangue. – Céus! O que foi que eu fiz? – lamenta-se, caindo sobre seus joelhos e não conseguindo conter o choro.

Ali perto, Harry também retornava a sua forma humana, com um pouco mais de demora, mas também exausto, desorientado e dolorido, como se houvesse apanhado a noite toda. Ele pousa a mão no arranhão em seu peito, perguntando-se como aquilo havia parado ali, porém, como não conseguia encontrar resposta, cambaleia em direção ao grupo de lobos e se assusta com os enormes rasgos na lateral do corpo de sua mãe.

Bastou que ele acompanhasse o som de um lamento, para encontrar o responsável por aquele ferimento, com a mancha vermelha nas mão e a culpa estampada em seu rosto.

― Mãe! – grita desesperado. – O que foi que você fez?

Harry caminha em direção ao pai, mas é impedido por Paul, que retornara a forma humana minutos antes e o segurava com força. Lucian nada respondia, nem sequer se defendia, pois não tinha como se proteger visto que era mesmo o culpado. Tudo o que conseguia fazer era levar as mãos à cabeça e chorar como uma criança.

Leah se levanta vagarosamente, já com as feridas bem menos profundas devido ao seu processo de cura acelerado, e se arrasta ao encontro do cherokee, dentando-se à frente dele e colocando sua enorme cabeça em seu colo, dizendo-lhe palavras consoladoras, pois, no fundo, sabia que não fora sua intenção feri-la, e vê-lo daquela forma era doloroso demais para ela.

― Mãe, o que está fazendo? Ele machucou você! – grita Harry já chorando de raiva.

― Isso é imprinting, garoto – diz Paul ainda o detendo. – Magia de lobo. Ele nunca a machucaria de propósito e a dor de um torna-se a dor do outro...

― Me perdoe, Leah – clama Lucian em prantos, abraçando o focinho da loba.

Não foi culpa sua, foi um acidente... Prefiro sentir a dor deste ferimento a ver minha família se destruindo.

― É tudo culpa minha, se eu não fosse o que sou, isso nunca teria acontecido. Harry tem razão ao desejar não ser um monstro como eu.

Se você não fosse o que é eu nunca seria feliz! Nunca teria um imprinting, nunca teria alguém que me escolhesse. Não diga estas coisas, tenha orgulho de você como eu tenho.

Harry sente o coração apertar com as palavras do pai, contudo, ainda não estava pronto para perdoá-lo. Seu orgulho não o deixava, ainda mais depois do que fizera à sua mãe.

Sam, que ainda permanecia em forma de lobo, escora Leah de volta para casa, sendo seguido de perto por Harry, e deixando Lucian para trás. O cherokee permanecia de joelhos, encarando as próprias mãos e imaginando se havia uma forma de se redimir, porém, tudo o que conseguiu, foi lembrar-se das palavras do filho o chamando de "monstro".

O dia passa com o clima de tensão a dominar a casa dos Clearwater. Lucian não tivera coragem de retornar à residência, limitando-se a ficar na praia a olhar o mar, mesmo que seu corpo clamasse por descanso. A noite cai e os ferimentos de Leah, antes profundos, agora mal podiam ser sentidos por ela, que já conseguia se movimentar naturalmente.

― Onde está Lucian? – pergunta ela.

― Você está se sentindo bem? – pergunta Sue, evasiva.

― Onde está Lucian? – insisti.

― Mãe, a pessoa mais importante aqui é você! Está se sentindo bem? – pergunta Harry.

― Nunca ficarei bem enquanto meu marido não estiver bem! – responde asperamente.

― Pare com isso, mãe, ele feriu você, como pode estar preocupada com ele?

― Ele matou o melhor amigo numa noite de lua cheia, Harry, como acha que está se sentindo por ter me machucado? Você não sabe nada sobre ele, não permitirei que diga mais nenhuma palavra contra seu pai! – grita.

― Está do lado dele agora? – confronta Harry.

― Por favor, parem os dois! – suplica Sue.

― Preferia que ele nunca existisse – lança Harry em seu acesso de raiva –, antes uma mãe solteira do que um pai como ele!

Harry se cala de repente, ao sentir o ardor da mão de sua mãe, que acertara seu rosto com velocidade e força. Aquilo era demais para Leah. O que ele sabia, afinal? O que Harry sabia sobre eles? Nada, ele não sabia nada e nem sequer notara a gravidade de suas palavras.

― Se ele não existisse, Harry, você não existiria! – desabafa Leah, sentindo as lágrimas caírem silenciosamente seus olhos. – Eu seria uma loba estéril e amargurada pelo resto de meus dias, pois somente este homem, a quem você ofende, foi capaz de me dar um filho!

Antes que o garoto pudesse assimilar tais palavras, Leah desaparece de sua vista, indo de encontro ao marido, onde quer que ele estivesse. Sue abraça o neto com carinho e puxa o garoto confuso em direção ao sofá, a fim de explicar-lhe melhor os fatos ditos pela filha, finalmente esclarecendo toda a profundidade do relacionamento da quileute e do cherokee.

Do lado de fora, Leah caminha apressada por entre as casas de La Push, e, após pedir algumas informações, finalmente segue para a praia... Lucian continuava lá, sentado na areia, com a mão a denunciá-lo por seu pecado. Ela se aproxima do marido em silêncio, agachando-se atrás dele e abraçando-lhe o tronco, cantarolando uma música qualquer que ouvira no rádio.

― Não sei o que lhe dizer – sussurra ele num fio de voz –, estou sem chão.

― Não precisa dizer nada... Eu sou o seu chão, apenas apoie-se em mim e volte para casa.

O cherokee assente com a cabeça, aceitando a ajuda de Leah, quando ela se colocou a sua frente e o puxou pelas mãos, conduzindo-o até o mar até que a água lhes atingisse o umbigo. A quileute lava as mãos do marido nas águas salgadas de La Push, até que o vestígio do acidente desaparecesse e pudessem finalmente voltar para casa.

Lucian se dirige ao chuveiro assim que adentra a residência, enquanto Leah se detém na sala, onde fica a pensar no que deveria fazer a seguir.

― Mãe – diz Harry entrando no cômodo –, me perdoe... Eu não sabia daquelas coisas.

― Existe muita coisa sobre nós que você não sabe, Harry. – Respira fundo. – Tivemos um dia cheio, vá se deitar e conversaremos melhor depois.

Harry nada diz, apenas se vira e retorna para o quarto, ainda sentindo o peso do arrependimento sobre seus ombros. Entretanto, apesar de arrependido, ele ainda não conseguia perdoar o Lucian...

Depois de duas faltas seguidas na escola, Harry pôde respirar aliviado com a chegada do fim de semana, apesar disso significar passar dois dias inteiros na companhia do cherokee. Pai e filho se tratavam como completos estranhos e Leah temia pela desunião permanente de sua família, pois os dois homens mais importantes de sua vida estavam brigados e ela não sabia o que fazer para consertar a situação. De um lado, a quileute tinha que trabalhar duro para fazer o cherokee se esquecer do acontecido na lua cheia e, do outro, tinha de lidar com o filho e convencê-lo a perdoar o pai, mas nenhum de seus esforços parecia dar realmente certo.

Harry ignorava Lucian com frequência e, quando lhe era obrigado a responder, o fazia sempre com arrogância e impaciência. Já era domingo quando Leah decidiu sair bem cedo rumo à casa de Emily, a fim de se distrair de seus próprios problemas e saber das últimas novidades do bando quileute, deixando o filho em casa, diante da televisão.

Lucian acorda cerca de uma hora depois e caminha lentamente pela casa, procurando por algum sinal de vida. Ele enxerga o filho na sala, mas nada diz, apenas toma o seu café e procura Leah por todos os cômodos. Porém, ao não encontrá-la, o cherokee não vê alternativa a não ser iniciar um diálogo com Harry.

― E sua mãe, onde está?

― Foi dar uma volta – bufa ele, já se irritando.

― Se importaria de me dizer para onde? – pergunta ainda impassível.

― Na floresta – menti.

― Obrigado – agradece, saindo logo em seguida.

― Vai e não volte! – ataca Harry, fazendo-se ouvir claramente.

Lucian afunda suas mãos no bolso da calça e caminha rumo à floresta, tentando se mostrar indiferente à maneira de agir do garoto. Ele desaparece entre as árvores e, cerca de meia hora depois, Leah retorna para casa apressada e agitada.

― Seu pai já acordou?

― Já.

― Onde está agora?

― Na floresta procurando por você.

O rosto da quileute torna-se branco de repente, seus olhos se arregalam e um forte calafrio sobe-lhe a espinha, fazendo Harry se levantar rapidamente do sofá.

― Por que ele está na floresta? – pergunta pausadamente.

― Ele estava me enchendo e acabei mentindo sobre onde você estava. – Dá de ombros.

― Harry, o que você fez? – grita. – Sam me disse que encontrou rastros de vampiros em nossas terras!

― Ah! – resmunga – E que diferença isso faz? Ele é um lobisomem de qualquer forma...

― Ele não pode se defender sozinho! – rebate já em desespero, correndo porta afora e sendo seguida por Harry, que ainda não entendia o porquê de tanto alarde.

Ambos adentram a floresta ainda na forma humana e logo um uivo rasga o ar de maneira intensa, era Seth, alertando a posição em que os membros do bando deveriam seguir. Leah corre rapidamente, ziguezagueando por entre as árvores até encontrar a roda de lobos imensos, que observavam Lucian se contorcer desesperadamente no meio deles.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo .-.
O próximo será: Mordida Letal