Just a girl escrita por Emilly


Capítulo 27
Devo perdoa-lo?




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Depois daquela longa noite em "família", finalmente voltamos pra casa. Fui direto pro meu quarto. Guardei o bloquinho em uma gaveta com chave. Anny com certeza o viu, e pode tentar pego-lo, melhor prevenir. Peguei uma toalha e fui direto pro banheiro, tomei um banho rápido. Voltei pro quarto e coloquei uma legging preta até os pés e uma blusa de mangas compridas soltinha. Tranquei a porta do quarto e me sentei na cama, fitando o bloquinho que estava em minhas mãos.
- Lá vamos nós. - Falei fechando os olhos e passei a capa.
"Era meu primeiro dia de aula em um novo colégio, novas pessoas, fase de mudanças. Não estava nervoso como muitas pessoas geralmente ficam no primeiro dia de aula, tinha certeza de que ia fazer amigos, por ser descontraído e conviver fácil com as pessoas. Ao chegar na nova escola, logo uma garota veio conversar comigo, mas eu não prestava atenção em nada do que ela dizia, pois, uma garota me chamou a atenção. Uma linda garota do cabelo loiro e dos olhos azuis sentada no chão do pátio. Ela estava com um caderno e um lápis na mão, estranhei mais ainda o modo que estava vestida em uma manhã tão quente como aquela. Ela estava sozinha e parecia infeliz. Perguntei quem ela era rapidamente, e a garota com quem conversava me disse que seu nome era Alícia. O sinal bateu, sem que eu pudesse trocar alguma palavra com ela. Alícia, estava na mesma sala que a minha e ela sentou-se na fileira do lado da qual eu estava, o que me deixou inquieto, eu queria muito falar com ela, mas ela parecia tão fechado para o mundo, que resolvi ficar quieto. As aulas passaram, e assim que o sinal bateu, eu peguei minhas coisas e saí da sala. Andando pelos corredores, eu vi Natalia colocar o pé na frente de Alícia a fazendo cair, eu corri imediatamente até lá e ajudei ela a se levantar. Sua boca sangrava. Depois de dar uma bronca em Natalia, fiquei de frente pra Alícia, e olhei dentro dos seus lindos olhos azuis. Perguntei se ela estava bem, e ela se afastou rapidamente de mim dizendo que estava. A puxei pelo braço e perguntei se ela queria companhia para ir até a enfermaria, mas ela logo recusou se soltando de mim. Natalia me olhou irritada e discutimos um pouco, mas eu não queria arrumar confusão no primeiro dia e fui embora. Ela não saia da minha cabeça, e alguma coisa me dizia que eu devia saber mais sobre ela, ajuda-la de alguma forma..."
Parei de ler e fechei os olhos. 
- Então você reparou em mim desde que chegou lá? Não foi, Gabriel? - Falei com algumas lágrimas nos olhos. - Pensei que apenas tinha me ajudado, como ajudaria qualquer pessoa. - Sorri de leve e continuei a ler.
"Chegando em casa, larguei a mochila no chão. E fui andar pela praia, que ficava em frente de casa. Vi uma garota sentada nas rochas, fitando o mar. Me aproximei dela e a chamei pelo nome. Ela não demonstrou reação, apenas perguntou o que eu queria. Tentei conversar com ela. Ela se cortava, percebi ao ver os cortes em seus braços. Ela cortou o assunto, dizendo apenas que odiava ser questionada.Seu pulso estava cheio de cicatrizes e alguns cortes ainda não cicatrizados. Mesmo não a conhecendo, mesmo não sabendo nem a idade dessa garota, alguma coisa dizia que eu tinha que ajuda-la, alguma coisa me dizia que ela estava implorando por socorro, mesmo sem dizer uma palavra. Coloquei minha mão na sua e ela me olhou, e tirou sua mão e colocou no seu colo, e percebi que suas coxas também estão com cicatrizes. Lembro até hoje de cada palavras que ela me disse.
– Não quero me meter na sua vida, mas... por que se corta? Tem alguma coisa a incomodando? - Perguntei.
– Já disse que odeio ser questionada. - Ela respondeu e olhou para o nada novamente.
– Você é sempre difícil assim?
– Na maioria das vezes.
– É fria comigo, porque não gosta de mim?
– Não, sou fria com todos.
– Não vou nem perguntar por que, sei que você odeio ser questionada. - Falei e ela sorriu de leve, tentou esconder, mas eu percebi.
Ficamos em silêncio novamente, era difícil conversar com ela, confesso, mas fico feliz por ter conseguido arrancar um sorriso seu.
– Eu já vou indo. - Ela disse se levantando.
– Sua casa fica longe daqui? - Falei caminhando junto a ela pela areia perto do mar, onde a água molhava apenas nosso pés.
– Não. - Ela disse olhando pro vazio.
– Desculpa em ser curioso demais. - Falei.
– Ok. - Ela disse.
– E o corte da boca? Ainda dói.
– Não.
– Quer companhia até sua casa? 
– Não precisa, já me acostumei em ficar sozinha.
– Não sente falta de alguém com você?
Perguntei e ela ficou em silêncio e fitou o chão.
Ela se despediu de mim e correu. Fiquei ainda mais preocupado, e aquelas cicatrizes em seus pulsos, não saiam da minha mente."

- Chega, depois eu leio o resto. - Coloquei as duas mãos no rosto. - Eu nem imaginava que você lembrava disso. - Falei como se ele estivesse ali. - É engraçado relembrar todos esses acontecimentos narrados por você. 
"No dia seguinte, ela estava no mesmo lugar. Natalia se aproximou dela e jogou o caderno em que ela desenhava em seu rosto, depois de debochar do desenho. Corri até lá no mesmo instante e acariciei seu rosto onde o caderno havia batido. Perguntei se ela estava bem, e ela disse que sim. Peguei o caderno, e com sua permissão, olhei os desenhos. Eles eram incríveis, nunca havia conhecido alguém que desenhava tão bem como ela. Ela perguntou meu nome e eu sorri.
-– Meu nome é Gabriel.
Tentei puxar assunto com ela, mas Alícia logo o cortou. Peguei em sua mão e a ajudei a se levantar, indo então pra sala de aula. Natalia me abordou, e perguntou se eu sentava ao seu lado hoje, eu aceitei. Ela me abraçou e eu revirei os olhos me sentando. Alícia não saia da minha cabeça nem por um instante. No fim da aula, passei em casa deixando minha mochila. Fui até a praia com esperanças de encontra-la lá, e como esperado, Alícia estava no mesmo lugar, assim como no dia anterior. Me sentei ao seu lado, e começamos a "conversar", mesmo que isso fosse um pouco difícil, senti que ela começou a se abrir mais pra mim."

- E como eu me arrependo disso. - Falei fitando as folhas do bloquinho, onde aquelas palavras estavam escritas. - Acho melhor eu continuar a ler amanhã, certo Teddy? Não! Eu vou ler agora.
"Contei a ela um pouco do meu passado. Conversamos. Natalia chegou e me abraçou, ignorando completamente a Alícia. A cumprimentei, ainda olhando Alícia, ela saiu correndo pra longe. Natalia me questionou um pouco, até que foi finalmente embora. Corri em direção a onde Alícia devia estar, e a vi jogada na areia. Me aproximei,me abaixando perto dela, e em seguida perguntando se ela estava bem. Dizendo que estava ela se levantou e perguntou rapidamente o que eu queria, sem que eu pudesse ver o seu rosto. Eu queria destrai-la um pouco dos problemas que ela tinha, e a chamei pra dar uma volta comigo, a noite. Ela apenas me respondeu que talvez iria, e foi embora."
Continuei lendo tudo que ele havia escrito. Ele narrou todos os fatos que aconteceram desde que nos conhecemos, e confesso que sinto saudades de como éramos no começo. Sem a Anny as coisas eram "perfeitas". Cheguei na ultima página.
"Apenas queria te lembrar de tudo que aconteceu, minha princesa. Eu sei que você esta brava comigo por eu ter preferido confiar na Anny em vez de você, e como eu fui idiota de ter acreditado nela. No começo eu não sabia direito o que eu sentia, mas agora eu tenho certeza de que é você que eu amo. Acho que me apaixonei por você, desdo primeiro momento em que te vi, mas eu não tinha admitido isso até agora. Eu sei que não sou o cara mais perfeito do mundo, eu sei que eu já te fiz sofrer muitas vezes, mas se eu pudesse voltar no tempo, eu teria feito de tudo para nunca te machucar. Nunca foi minha intenção de te ver sofrer. Eu sei que vai ser difícil conseguir o seu perdão, mas eu apenas quero que você saiba que eu te amo, Alícia. Espero que um dia você possa me perdoar."
Joguei o bloquinho em cima da cama e abracei Teddy com força.
- O que eu faço, Teddy?


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