Just a girl escrita por Emilly


Capítulo 1
Lembranças




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Narrado por Alícia:

2 anos atrás.

– Olha só quem chegou, a baleia da escola? - Um grupo de garotas se aproximou de mim- Por que você não faz um regime? Ta precisando! - Uma delas disse e todas riram.- Olha, porque você não vai pra um mundo de gente da sua espécie? - Outra disse e elas voltaram a rir.Logo em seguida derrubaram meu livros no chão e chutaram para longe, quando fui me abaixar para pega-los, elas me empurraram e eu cai. Logo em seguida elas foram embora.É assim sempre, todo santo dia. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas eu as segurei, não quero que elas escorram pelo meu rosto e mostrem como eu me sinto em relação a isso. Me levantei e recolhi meus livros, logo em seguida o sinal bateu e eu voltei pra sala.Assim que cheguei na sala, todos me olhavam e soltavam leves risadinhas. Eu estava me sentindo péssima, e tentei esconder isso. Fui até o fundo da sala e me sentei na ultima carteira encostada na parede. A tempo passou, e a hora da saída chegou. Quando todos saíram, eu me levantei e fui até meu armário guardar meus livros, e o estranho foi que ninguém veio mexer comigo, bom, melhor assim. Assim que terminei de guardar tudo, fui pra fora da escola. Quando me dei conta uma garota tinha me empurrado na grade de proteção da escola e eu já estava no chão. Logo me vi cercada por um grupo de garotas. Elas começaram a me chutar enquanto riam. Eu implorava para que elas parasem quanto protegia o meu rosto. Elas me levantaram e me empurraram novamente contra a grade. Nesse momento eu já chorava e meu corpo estava todo dolorido e já devia estar roxo por conta dos chutes que levava. Depois de alguns minutos, que para mim foram uma eternidade elas fugiram, me deixando jogada no chão. Eu me levantei e estava sentindo tanta dor que mal conseguia ficar de pé direito. Fui caminhando com dificuldade até em casa. Cheguei lá e para minha sorte minha tia ainda estava no trabalho. Moro com ela dês dos meus 7 anos quando meus pais morreram, eu não gosto muito de falar nesse assunto, mas eu sinto muito a falta deles. Fui pro meu quarto e tranquei a porta. Tirei minha roupa e me olhei no espelho. Meu corpo estava todo roxo e machucado. Eu estava me sentindo péssima com aquilo. As pessoas me odeiam por ser gorda, eu não vejo nenhuma diferença entre nós, todos somos humanos, todos temos sentimentos, mas acho que ninguém consegue ver isso. Eu não consegui me conter, e várias lágrimas escorreram pelo meu rosto. Eu não conseguia entender por que isso estava acontecendo comigo. Eu nunca tratei ninguém mal para me tratarem assim. Depois de pensar um pouco, eu limpei minhas lágrimas com a mão e peguei minha toalha dentro do guarda roupa, logo em seguida entrei no banheiro. Liguei o chuveiro e fiquei ouvindo o barulho da água caindo por alguns segundos e logo em seguida entrei. A água estava morna e amenizava a dor dos meus ferimentos. Assim que terminei, voltei pro quarto e vesti uma calça moletom e uma blusa de mangas compridas. E ouso meu celular tocar.Ligação on:- Alô?- Alícia? É a Carmen.- Ah, oi tia. - Você ta bem? Tá com uma voz de choro.- Estou bem sim, é que estou um pouco resfriada. - Falei forçando uma tosse.- Ok, eu só liguei pra avisar que não vou voltar pra casa hoje a noite.- Por que?- Vou passar a noite aqui no escritório pra terminar o projeto que comecei, vai ficar bem sozinha?- Claro tia, eu já tenho 14 anos, não sou criança. - Eu disse e percebi que ela riu.- Ok, toma cuidado viu?- Pode deixar. - Falei.Ligação OFF.Desliguei o celular e fui até a cozinha e abri a gaveta, onde vi uma lamina.- Não, eu não vou fazer isso. - Falei pra mim mesma, com os olhos cheios de lágrimas.Fechei meus olhos e aquela cena não saia da minha mente, lembrei os chutes que levei e o som da risada delas.Peguei a lamina sem pensar direito e fiz um corte no meu pulso direito e soltei a lamina no chão e fiquei encarando meu braço que sangrava. Eu não sabia o que tinha dado em mim, eu não sei porque fiz aquilo, mas de uma maneira estranha, eu estava me sentindo melhor, não sei explicar direito, mas era como se tudo que estava me machucando estivesse se concentrando bem ali, naquele corte. Eu sei que isso vai doer depois, mas, eu não sei o que deu em mim, fiz sem pensar. Corri até o banheiro e coloquei o pulso debaixo da tornei e liguei a mesma. Aquilo ardia muito, e eu não sei dizer ao certo se eu me arrependo ou não de ter feito isso.


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