Faltava uma semana para eu fazer 18 anos, e nascida e crescida no Brasil, sempre quis viajar pra fora. Nunca fui dessas garotas 'filhinhas de papai' que se acham melhor que tudo e que todos, sabe? Aquelas que gastam todo o dinheiro dos pais comprando roupas, sapatos e maquiagens sem necessidade. Odeio esse tipo de meninas, são frescas, são insuportaveis. Sempre tive meu proprio dinheiro e gastava com as coisas que realmente preciso. Com os 18 anos chegando perto, achei que essa seria a oportunidade, mas a minha mãe não concorda comigo. Minha melhor amiga, Laryssa, que é meses mais velha que eu, tem alguns parentes que moram fora do Brasil. O avós paternos dela, moram em uma cidadizinha, (tão pequena, que eu nem sei se pode chamar de 'cidade') no litoral do estado de Washington, La Push o nome dela. " La Push, baby! La Push " É,  se eu ganhasse 1 real a cada vez que a Laryssa repetisse isso, eu seria milionaria. La Push não era um dos primeiros lugares que eu queria ir, mas depois me animei ao procurar na Wikipédia sobre ela. É uma praia, não tem muita coisa, mas é linda. Eu queria muito ir, mesmo, mas a minha mãe: 

 - Você tá ficando maluca, Maria? Viajar por aqui eu até deixo, mas pro outro lado do mundo? Logico que não! É eu nem sei onde fica esse tal de La.. La Pu.. La sei lá o que!

- LA PUSH, MÃE! 

- Tanto faz! Você não vai e ponto.

 Em pleno domingo, ao perceber que não seria hoje que conseguiria convencer ela, arrumei o meu material, o meu uniforme, peguei meu fone e procurei na playlist 'Pollo- Vagalumes' - sempre preferi rap, principalmente Projota, Pollo, poetas os caras - coloquei no último volume, e, mesmo com música, consegui dormir.

 A noite foi tranquila, sem sonhos. Quando cheguei na escola, a Laryssa veio correndo falar comigo: 

 - E aí? Conseguiu?

 - Nada. Será que dá pra sua mãe ligar pra minha? Sabe, falar pra ela que é seguro e tals. Talvez ela deixe...

 - Sim, sim. Eu vou pedir pra minha mãe - disse ela, piscando pra mim. Respondi com um sorriso e sentei no meu lugar.

 A aula foi chata, e passou rápido, para minha alegria. Quando cheguei em casa, minha mãe estava fazendo o almoço, eu passei direto pela cozinha. Hoje eu não iria insistir, pelo menos não agora, estava esperando a ligação da mãe da Laryssa. Almocei e liguei o computador, me surpreendi ao ver que as páginas mais acessadas ultimamente era sobre La Push. Meus pensamentos foram interrompidos ao ao ouvir o telefone tocar. Será que era quem eu estava pensando? Sai correndo em direção a mesinha do telefone e atendi :

 - Alô?

 - Oi, Maria? É a mãe da Laryssa, tudo bem?

 Meu sorriso foi instantâneo:

 - Tudo certo, melhor agora! E a senhora?

 - Tudo bem, minha flor. Sua mãe está por aí?

 - Tá sim, vou passar pra ela!

 Que demais! Fui até o quarto, onde minha mãe estava deitada e dei o telefone pra ela. Como nos tiamos dois telefones, dava pra ouvir a conversa, corri até o telefone reserva:

- Alô?

- Vanessa? Oi amor, eu queria falar com você!

- Pode falar, Beth.

- É sobre a viajam das meninas.

-Ah - disse a minha mãe com voz de quem tá de saco cheio - foi a Maria que mandou você me ligar, né?

- Foi sim, mas não é um pedido dela, é um pedido meu! A deixe ir, é seguro, eu garanto! Além do que os pais do meu marido são super responsaveis, nada irá acontencer!

- Mas elas iram sozinhas, eu tenho medo. Além do mais, eu nem sei onde fica a casa dos seus sogros...

- Eu sei, eu sei. Mas olha, ela já vai fazer 18 anos, uma hora você sabia que isso iria acontecer, ela iria amadurecer e isso esta acontencendo, não atrapalhe o crescimento de sua filha, a deixe ir! E olha, a casa deles é pertinho de La Push!

- Como assim ' pertinho'? Não era dentro?

- Imaginei que a Laryssa teria dito isso, mas não é assim. Eles vivem um pouco atras do povoado de La Push, que é a atração de lá, eles vivem nessa praia. Não há perigo algum...

 Eu senti que ela teria escondido alguma coisa, como se sim, houvesse perigo, mas era melhor não saber, falaria com a mãe da Laryssa depois sobre isso, sem a minha mãe, pois ela não percebeu que no silêncio da Beth, existiam palavras escondidas:

- Tudo bem então, eu vou conversar com o pai da Maria e vamos pensar juntos sobre isso..

- Promete que vão pensar com carinho?

 Minha mãe demorou um pouco a responder, mas sua resposta me deu esperanças:

- Sim, eu prometo.

- Então tá bom, obrigada!

- Nada!

- Tchau!

- Tchau.

 Desliguei o telefone reserva. Minha mãe entrou na sala, colocou o telefone na base e saiu, assim sem palavras. Não consegui desifrar o seu silêncio, mas também não iria perguntar agora. Esperaria a conversa entre meu pai e minha mãe.

 O dia passou e então ouvi o portão da casa abrindo. Sim, era o meu pai. Ele entrou na casa e foi tomar banho. Quando terminou, entrou na sala, onde estava eu e minha mãe. Senti que iria começar a conversa, na qual eu senti que não participaria, levantei e fui pro meu quarto. Até queria escutar a conversa, mas tava cansada, então fui dormir. 

 O dia não foi nada interessante, e quando cheguei em casa,  vi que o carro do meu pai já estava na garagem. " Estranho " - pensei.

 Entrei em casa e não falei com ninguém, nem vice-versa. Quando acabei do banho, os dois estavam sentados na mesa:

 - Maria, senta aqui.

- Por que?

- Nos queriamos conversar com você...

- Sobre?

- Sem mais perguntas, só sente-se.

 Fui até a mesa, e me sentei, minha pai passou a palavra pra minha mãe:

- Filha, eu e seu pai conversamos ontem e chegamos a uma decisão sobre sua viagem...

  Ok, é agora:

- ...... Sim, você vai para La Push com a Laryssa.