I Feel Infinite escrita por Mr Brightside


Capítulo 1
Prólogo - 05 de Novembro de 2009


Notas iniciais do capítulo

Desde que vi o primeiro trailer do filme homônimo ao livro, tive essa ideia de adaptar ao estilo Faberry. O prólogo terá sim suas semelhanças com o primeiro capítulo do livro, mas como já disse, a fanfic tomará rumos diferentes em diante. Essa é a minha primeira fanfic no site, então, sejam bonzinhos, por favor? Boa leitura.



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05 de Novembro de 2009

       Querido amigo,

       Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que essa carta não precisará ser respondida. Não enviei meu endereço com esse mesmo propósito, inclusive. Aquela garota da aula de álgebra falou muito bem de você, pelo menos, foi o que entendi. Por favor, não tente descobrir quem é a tal garota, porque isso me envergonharia totalmente em ser considerada uma bisbilhoteira por escutar a conversa alheia. Porém, foi isso mesmo que aconteceu. Não fiz de propósito, só estava distraída em minha carteira e ela falava tão animada que não pude deixar de ser pega prestando atenção em seus gestos. Aproposito, também não tente descobrir quem sou. Não se preocupe, nós nunca fomos apresentados. Meu rosto deve ser um total estranho aos seus olhos, sei disso, então vamos considerar que todas as cartas que ainda irei lhe enviar serão de uma estranha totalmente bisbilhoteira. Céus, até eu mesma estou com essa ideia de ser uma bisbilhoteira. Desculpe, já devo ter repetido esse adjetivo umas três vezes, mas estou um pouco nervosa para pensar em um bom sinônimo. E mais uma coisa, também não irei revelar se os nomes citados aqui serão ou não os verdadeiros. Pode parecer um pouco bobo, mas prefiro assim. Além do mais, nomes são tão comuns em sua maioria, que não faria diferença citá-los. Assim, aconselho a não leva-los tão a sério. Mesmo.

       Preciso desabafar antes que desabe como da última vez. Soube que você era bom nisso, que não se importava em escutar, tão pouca julgaria minhas escolhas. Mesmo que preferisse. Andei procurando por alguém assim, preciso ter um exemplo de um bom ouvinte. Sei que isso poderia ser um feito por algum amigo, mas essa é questão que pretendo abordar mais tarde. E novamente, reforço que não te conheço pessoalmente. Aparentemente, você é bastante gentil, e todos falam muito bem de você. E foi assim que pensei em te escrever.

       Sabe quando você se encontra totalmente perdida em algo?  Em algo tão grande e indomável como uma dessas ondas que passam nos canais de esporte da TV? São esses os adjetivos que eles usam quando se referem a ela. Bom, estou nessa situação. Não consigo denominar de uma forma melhor meus sentimentos, como uma forte onda que insiste em tentar me afogar.

       Acho que todos estavam desprevenidos, não só eu. Talvez, até a própria Brittany estivesse. Eu ainda consigo sentir os braços dela contra a minha cintura enquanto tentava me suspender, como sempre fazia. Só de pensar volto a ficar entalada com as minhas lágrimas. Se o papel ficar um pouco enrugado, já sabe o que causou isso, mas farei o possível para não chorar. Pelo menos, não sobre o papel.  Tudo foi muito rápido, e mesmo que minha irmã tenha falado sobre “nossa maravilhosa vida que devemos agradecer todos os dias”, não consigo deixar de pensar que as coisas não são mais as mesmas. Desde o dia em que a minha amiga não foi para a aula naquela manhã e a conselheira comunicou sobre o que havia acontecido. Brittany havia sofrido um acidente terrível e faleceu naquela mesma manhã.

       Não sei bem o que fiz em seguida. Não tive coragem de olhar para os rostos dos meus colegas, estava ocupada demais com a mão sobre a boca enquanto lágrimas desenfreadas escorriam até ela. Empurrei minha carteira em um impulso, e corri para o lado de fora da sala. Foi o que fiz, correr até lá e cair de joelhos no chão frio e colorido da escola. Não houve aglomeração ao meu redor, ninguém deve ter notado, além da minha irmã que chegou pouco depois e apertou meus ombros enquanto ficava de joelhos ao meu lado.

       — Vamos, Quinnie. A psicóloga só vai falar um pouquinho com você e papai vem te buscar logo depois. Já telefonei para ele. — Ela falava baixinho, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. Segui suas instruções e a segui pelo corredor. Primeiramente, fomos separadas porque Frannie não gostava muito de demonstrações de afeto, porém, quando meu choro aumentou e minha respiração já ficava pesada, ela veio até o meu lado e passou a mão no meu ombro. Segui assim, do seu lado com os olhos vermelhos de tanto chorar e as mãos em volta do seu pescoço.

       Frannie pediu para que ficasse sentada em uma das cadeiras do consultório da psicóloga, que eu realmente não me recordo do nome, apenas dos óculos pontudos e dedos magrinhos. Obedeci. Ela também se sentou por alguns instantes, suas pernas nuas unicamente cobertas por aquela saia do uniforme das líderes de torcida que eu tanto gostava. Vi de relance, porque continuei com a cabeça baixa enquanto chorava. Sempre fui chamada de chorona por ela, mas esse caso era delicado demais até para a minha irmã.

       Minha irmã pediu para que continuasse esperando porque iria para o estacionamento da escola, onde papai ficaria. Novamente, ela me puxou pelos ombros para mais um abraço. Frannie estava sendo legal, e eu agradecia por aquilo. Os outros minutos que passei naquele ambiente foram extremamente deprimentes, assim, irei te poupar de comentários sobre. Percebi que com o tempo, não fui a única a entrar na sala da psicóloga. Além daquele garoto estranho com óculos e afro que pertencia ao grupo de jornalismo, uma menina baixa de cabelos escuros que nunca vi por toda escola, de pé estava Santana, próxima a porta da sala. Olhei para ela com os olhos ainda molhados. Santana era minha amiga, contudo, com Brittany era diferente. Era maior! Nunca entendi a relação que as duas tinham, sempre tão juntas... Bom, agora também não serviria para nada, se não como uma boa lembrança da qual não participei integramente. Sorri de leve para ela, que por sua vez não retribuiu. Foi rude, mas tratando-se de Santana já era de se esperar. Sua expressão não era das melhores, pude ver pelos olhos vermelhos tão parecidos com os meus. Ela poderia não querer, mas era inegável perceber que Santana Lopez também estivera chorando. Não tive coragem de falar com ela, quero dizer, ela parecia estar tão atordoada quanto eu em relação a aquela situação. Tive medo de aborrecer Santana em um momento com aquele. Cogitei em ligar outra hora, ou no outro dia.

       A conversa com a psicóloga foi tão mórbida quanto a minha espera. Minha voz estava embargada, e quando pensei estar sobre o controle, não pude evitar me derramar em lágrimas outra vez. E não, eu continuo sem lembrar o seu nome.

       — E a Brittany conversava bastante com você, Quinn?

       Sacudi a cabeça vagarosamente em resposta.

       — Até mesmo das vezes em que pegava o carro dos pais escondido? Quero dizer, você sabia que ela já dirigia?

       Fiquei um pouco atordoada. Eu queria responder que sim, sabia que a minha amiga costumava pegar o carro dos pais, mas eu simplesmente não conseguia. Minha voz estava muito embargada para qualquer coisa. Olhei para os lados, enquanto as órbitas da psicóloga estavam tão atentas que poderia sentir cravadas em minha pele. Respirei algumas vezes, acariciei a parte de trás do meu pescoço antes de responder.

       — A Britt fazia isso com frequência. Ela... Bom, ela preferia não depender dos outros para ter autonomia.

       E foram essas minhas palavras. Pode até parecer, mas eu não falei com tanta confiança. Pelo contrário. A partir daí, a psicóloga fez algumas outras perguntas sem grande importância e disse que eu já poderia ir. Fiquei aliviada. Saí da sala, passando novamente por Santana que agora não conseguia conter o choro e encolhia-se em uma das cadeiras desocupadas. Só faltava ela visitar a psicóloga. Como minha irmã fez, segurei firme um dos seus ombros, talvez passasse segurança também. Ela me olhou de relance, levantando-se e entrando imponente onde estive há poucos minutos. Depois de pegar meus materiais, voltei para casa com o meu pai e minha irmã. Não conversamos se é o que está imaginando. Ele sabia respeitar meu silêncio, e eu agradecia por aquilo.

       O enterro de Brittany foi há mais ou menos dois meses, pouco antes do recesso, e não sei como descrevê-lo. Não tenho as palavras certas, na verdade. Todos pareciam muito sérios, o que era triste. Só a senhora Pierce chorava bastante, enquanto Senhor Pierce ficava parado, sem expressão. Eu não tinha mais lágrimas para gastar, o que foi deprimente, levando em conta que naquela ocasião elas seriam aceitas. Por outro lado, acho que Brittany não gostaria delas. Ela tinha um sorriso único, que certamente irei me recordar em outras horas.

       Foi isso. Depois veio a tal aula de álgebra onde soube sobre você e resolvi escrever. Assim, de repente. Não sei o real motivo, mesmo que já tenha justificado em outros trechos. Bom, eu preciso ir. Mamãe está chamando para tomar o café, e após colocar essa carta no correio, terei meu primeiro dia na nova escola. High school. E sim, eu não estou pronta para isso. Minha “bolha” foi estourada.

       Com amor, Quinn.


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Notas finais do capítulo

Gostaria muito de saber das opiniões de vocês. Ficou ruim? Muito ruim? Bom?



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