Mellie

Tiveram que segurá-la na cama para ela não tentar sair correndo dali. Ela queria ver Dylan, o mais rápido possível. Não importava se ele fosse melhorar ou não, nada importava. Ela tinha que vê-lo, tinha que falar com ele, contar uma coisa que ela escondia até de si mesma, mas que com aquele acidente, se revelou.

Mellie teria roído todas as unhas de nervosismo, se ainda tivesse sobrado alguma.

Ela estava deitada e emburrada na cama. Disseram que Dylan estava descansando, e logo ela poderia vê-lo.

De repente, a porta do quarto se abriu, e Mellie se levantou com um sorriso no rosto. Mas era apenas sua mãe.

-MELLIZINHA! – ela disse correndo para os braços da filha – EU nunca, nunquinha, nunca mais vou deixar você! Você está bem? Está sentindo alguma coisa? – A mãe dela segurou o rosto das filhas entre as mãos e a abraçou. Ficou surpresa quando Mellie a repeliu

-Ainda não esqueci o que aconteceu antes de viajar mãe. Quem sabe não foi por isso que eu acabei mal? – Ela perguntou olhando feio – e sim eu quero alguma coisa. Quero sair desse quarto pra ver o Dylan! –

-O... Dylan? Mas eu achei que vocês se odi... Ahh... É aquele negócio de esconder sentimentos? Você gosta dele, mas finge que odeia? – A mãe perguntou com um sorriso maroto ignorando o fato de que Mellie ainda estava brava.

-Mãe, por favor, né? Ele é meu amigo. Eu só quero ver se ele está bem... –

- Mellie Owens, você não me engana, te conheço desde o dia em que te coloquei nesse mundo. Se você quer ver esse garoto mesmo que já tenham dito que ele está bem, é por que você gosta dele! –

-Você parece a Naomi sabia? Que saco mãe! – Mellie deitou novamente com raiva.

A mãe dela deu um sorriso e se aproximou.

-Querida... Você sabe que eu adoro encher o saco. Mas... Sério, você está bem? –

Mellie olhou para a mãe. Ela não sabia o que sentia naquele momento. Sim, era pra ela estar com muita raiva pelas revelações que sua mãe lhe fez... Mas, depois do que aconteceu com Dylan... Tudo parecia ter se misturado em uma grande confusão na sua cabeça.

Ela fez que sim com a cabeça.

-Bom... Nesse caso, você tem visita – A mãe dela sorriu e saiu deixando Mellie ali, esperançosa.

Ela olhou curiosa para a porta e cruzou os dedos “tomara que seja o Dylan, tomara que seja ele, por favor...”.

Mas, quem entrou não foi o Dylan.

Foi seu pai.

-Oi Mel... Posso te chamar assim? – ele perguntou

Mellie fez que sim com a cabeça. “Por favor, seja rápido e diz que eu posso sair daqui...” ela pensava.

-Posso me sentar? – ele perguntou apontando para a poltrona. “Droga. Se ele vai sentar...”.

As esperanças dela de ver Dylan foram embora juntou com o aceno que ela fez.

-Bem... Isso é realmente estranho não é mesmo? – ele perguntou sorrindo. O mesmo sorriso que Mellie tinha...

-Eu queria dar essa notícia pessoalmente- ele disse – eu e sua mãe conversamos enquanto você esteve fora... Bem, eu vou me mudar para seu bairro. Vou poder morar perto de vocês, participar mais da sua vida... – ele disse sem olhá-la nos olhos.

Mellie o olhava bem, agora ela conseguia reparar nas características que tinha em comum com aquele homem tão estranho que era seu pai.

Ambos desviavam os olhos quando falavam temendo algo. Tinham o mesmo sorriso, a mesma cor nos cabelos, a mesma pele.

A mãe dela disse uma vez que eles tinham até o mesmo gênio...

- Você diz da nossa vida? A minha mãe também vai fazer parte – Mellie disse sem pensar

-É... Mellie, eu queria também... Pedir seu perdão. Eu não devia ter fugido sabe? Eu fiquei assustado... – Paul estava muito nervoso, Mellie percebeu, mas o abraço, o primeiro abraço que ela deu nele, o calou completamente.

Ele a abraçou de volta.

-É bom te ver – ela disse. O que estava dando nela? Era o homem que a abandonara!

Mas... Também era seu pai...

Mellie decidiu calar seu cérebro e uma vez na vida ouvir o coração.

-Paul... Digo... Pai? – ela disse – será que eu poderia sair desse quarto? Só por uns instantes? –

Paul a olhou. Provavelmente não teria deixado por causa das ordens médicas, mas, foi para isso que ela acrescentou o pai. E funcionou.

- Mas volte em meia hora. Não quero ter que discutir com sua mãe sobre o porquê de eu ter te deixado sair –

Mellie abriu um enorme sorriso e abraçou Paul com força. Depois, calçada apenas com as pantufas do hospital, ela saiu de fininho. Haviam poucas pessoas no corredor, mas nenhuma era conhecida.

Ela saiu até o andar de Dylan, já sabia qual era, pois Lucy comentou com ela.

Na porta viu parte dos amigos. Caminhou normalmente até o grupo.

-Mellie? – Chuck foi a primeira pessoa a avistar a amiga – o que você está fazendo aqui? –

-Bom, eu consigo caminhar, já estou forte, e o médico me deixou fazer uma visitinha pra o cabeça dura. Ele já acordou? – ela perguntou disfarçando seu nervosismo.

Chuck sorriu. Ele a entendeu.

-Acordou sim. O resto do pessoal está na cafeteria – Doug disse – e o Romeu quer te ver –

-Que Romeu? – Mellie perguntou

Doug sorriu.

-Até parece que ninguém sabe de nada. Vai logo Julieta, mas vê se não demora daqui a pouco os pais dele voltam assim como o resto da galera! –

Mellie sorriu para os amigos.

Foi até a porta do quarto de Dylan, respirou fundo e tentou se acalmar.

Bateu de leve, e ao ouvir um “Pode entrar” do amigo, foi exatamente o que ela fez.