Naomi

-Eu não acredito! Naomi, você não pode estar falando sério! – Amy disse chocada

-estou falando sério sim, Amy. Eu pensei muito a respeito disso, e acho que é o certo. Eu tenho dezesseis anos, e estou grávida! Não tenho capacidade de cuidar de um bebê! – Naomi disse. Ela já sabia que Amy iria relutar com sua decisão. Mas, afinal de contas, a escolha era de Naomi e de mais ninguém. Era ela quem estava grávida. Era ela a responsável pela vida daquela criança que crescia em seu ventre. E era ela, Naomi que decidiria o melhor para o futuro de seu filho.

-Naomi, dar a criança pra adoção? Por quê? A gente já disse que te ajuda a criar a criança! – Amy disse

-Amy, acontece que eu não tenho ideia de como lidar com isso! Eu quero uma vida normal, sabe? Curtir, faculdade, emprego, noivado, casamente e filhos. Minha vida vai ficar uma bagunça! Eu não vou saber cuidar de uma criança! E se eu for uma péssima mãe? E se uma vida melhor aguardar o bebê? –

-Naomi, o melhor é esse bebê ficar com a mãe! A Lucy é uma dessas crianças! Lembra o que ela disse? A mãe dela engravidou dela adolescente e a deu pra os pais da Lucy! E como a Lucy fala da mãe? Imagina a raiva?  -

-Amy, deixa de ser boba! A Lucy ama a mãe biológica dela, ela sabe que foi buscando o melhor para a criança que a mãe dela a entregou para adoção! –

-não foi não! Naomi, você não pode fazer isso! O Phillip sabe? –

Naomi se calou. Ainda não tinha falado para Phillip. Na verdade, eles quase não conversavam. Ela queria evitar o garoto que era tão responsável pela bagunça de sua vida quanto ela mesma.

-Amy, por favor, tenta entender! Se põe no meu lugar! –

-Não, não ponho. É você que está grávida. Você que sabe o que fazer com a criança. Mas eu acho errado entrega-la para a primeira pessoa que bater na porta só pra se livrar de uma responsabilidade como essa! – e com essas palavras rudes, Amy saiu pisando duro.

Naomi suspirou. Amy não poderia entender.

Naomi tinha medo de estragar a vida da criança que crescia no seu útero. Crescer sabendo que não foi planejada, que foi um acidente e que provavelmente se tivesse mais azar, teria sido abortado quando era um feto. Naomi nunca, jamais abortaria. Tirar uma vida, por menor e mais insignificante que fosse não era coisa que ela fizesse.

Tinha pensado muito naquilo. Aborto era fora de cogitação, assim só restava à adoção, ou o mais difícil, criar uma criança enquanto a própria Naomi era uma criança.

A gravidez já não era segredo. Já no final dos dois meses, a barriga de Naomi já era bem perceptível.

O diretor do colégio não ficou satisfeito, por causa daquilo, todos os alunos tiveram palestras e palestras sobre educação sexual e acidentes, e Naomi e Phillip tinham que comparecer a reuniões com um conselheiro e fazer consultas a cada duas semanas no hospital.

Naomi morria de medo que desse algo errado. Tudo bem que a gravidez era mais que inoportuna e indesejada, mas ela não queria nenhum mal ao seu filho. Ou filha.

Decidiu contar de uma vez por todas para Phillip que iria dar a criança para a adoção. Ligou para o rapaz e combinou de se encontrar com ele.

Ela aguardou ansiosa e temerosa pelo encontro. Não sabia o que ele acharia da ideia, já que os pais apoiavam ela.

Desde que foi expulsa de casa, Naomi não viu ou falou mais com a mãe e o pai. Parecia que ela não existia mais para eles. Aquilo doía mais do que estar grávida.

Chegou a hora e Naomi saiu para encontrar-se com o pai de seu filho. Eles iriam se ver em um parque ali perto.

-Oi Naomi. – Philllip disse beijando-a na bochecha – está tudo bem com o baixinho? – Phillip sorriu

Até parecia que ele gostava da ideia de ter um filho.

-Phillip... Você se imagina criando um bebê e indo a faculdade ao mesmo tempo? Ou ter que arranjar emprego enquanto tem também que achar uma escola pra seu filho? –

Ele arregalou os olhos.

-Não sei... Não tinha pensado nisso... Mas a gente pode dar um jeito – ele respondeu atordoado

-eu já dei um jeito. Estava pensando... Eu não vou querer criar uma criança. Não agora. E nós com toda a certeza não seremos os melhores pais. Nem acabamos de ser criados! –

-o que você quer dizer? –

- eu estava pensando... O que você acha de hum... Deixar o bebê com um casal mais velho. Um casal que deseje ter um filho e que vá cuidar do nosso como se fosse deles? –

Phillip arregalou os olhos e pensou muito antes de responder a proposta de Naomi.