Dylan

Tinha acabado de sair do restaurante e deixou Vivian sozinha. Claro que Dylan deixou dinheiro para pagar sua parte na comida.

Ele tinha esquecido, mas Mellie finalmente se lembrou de que o trabalho das nações tinha prazo. Mesmo que ainda tivessem um mês para finalizar o trabalho, tanto Mellie como Dylan queriam acabar logo.

Tocou a campainha e foi Mellie quem atendeu. Ela usava uma jeans preta colada (e que por sinal ficava muito bem nela) e uma camisa preta sem estampa.

–Ah... é você – ela disse sem ânimo – entra –

– Nossa. Que recepção mais calorosa eim? – Dylan comentou

–O que você queria? Uma festa surpresa de agradecimento por aparecer? –

–Não, mas até que é uma boa ideia... Anda Mellie. Não podemos discutir o tempo todo. Temos que fazer esse trabalho logo –

Mas não foi isso que aconteceu. Eles brigaram para ver quem pesquisaria no computador, brigaram por quem ficaria com qual parte do trabalho, e estavam agora brigando para saber qual cor teriam os cartazes.

– Dylan você é impossível mesmo! Qual o problema de serem cartazes azuis com letras vermelhas? –

– Hahaha! Não me faça rir né Mellie? Eu sou o impossível? Eu que pergunto, porque você nunca concorda com nada do que eu digo? –

– Simples. Eu estou certa e você errado! –

–Sério Mellie, ninguém consegue torrar minha paciência como você! Certo, vamos fazer cartazes azuis com letras vermelhas, mas se ficar ruim, você vai ter que me aturar dizendo “eu avisei!” –.

De repente, os dois se olharam e desataram a rir. Riram como nunca antes na vida. Riram até chorar, e até suas barrigas ficarem doloridas.

– Porque é sempre assim com a gente? – Dylan perguntou

–Eu já disse – ela respondeu enquanto finalizava o texto dela

–Não. Não é porque você está certa e eu errado porque você sabe que é mentira. Eu acho que sei o por que... – Com essa frase Dylan conseguiu que Mellie parasse o que estava e olhasse para ele – é por causa daquele beijo há anos. A gente nunca conversou sobre isso... –

–Não conversamos porque não tem o que conversar. Simples assim. Agora me passa seu texto, eu tenho que juntar com o meu... –Dylan pegou o texto e se levantou para sentar ao lado de Mellie – e não fica perto. Tenho medo que sua idiotice aguda seja contagiosa – ela disse

– E em menos de dois minutos você volta a provocar. Mellie dá um descanso vai, pelo menos hoje... Mellie! –

–O que... - ela perguntou irritada

– Seu braço está sangrando! –

– O que? Aaai, droga. É um machucado que eu fiz esses dias... Merda! –ela se levantou e foi até o banheiro, Dylan a seguiu – de novo está merda está sangrando! – ela disse enquanto colocava o braço embaixo da pia

–De novo?­ –Dylan perguntou –você já foi ao médico? –

–Tá bom. Vou ir ao médico por que arranhei o braço! Deixa pra lá... –ela secou o ferimento e colocou um band-aid – vamos voltar ao trabalho –

Eles estavam trabalhando lado a lado e (milagrosamente) não discutiam há dez minutos.

–Um recorde – Dylan disse e Mellie riu – Você devia rir mais ao invés de fazer cara de bunda. Fica mais bonita –

O telefone começou a tocar.

– Atende pra mim, por favor? – ela disse, pois suas mãos estavam cheias de cola da maquete que eles estavam fazendo.

–Uau! Por favor. Estamos progredindo! – Dylan disse antes de atender – Alô, residências dos Owens quem gostaria? –

–Alô. Aqui é o Paul. Eu poderia falar com a Mellie, por favor? – respondeu a voz do outro lado da linha

“Paul... conheço esse nome” pensou Dylan.

–Mellie, é o Paul e ele quer falar com você – Dylan disse. A garota parou chocada. Correu, pegou o telefone da mão de Dylan e desligou no mesmo instante.

–O que ele disse? – ela perguntou

– Nada. Só queria falar com você. Quem é ele? –

– É o... –mas antes que Mellie respondesse, Dylan lembrou. Lembrou que foi justamente isso que deixou Mellie tão triste no dia que se beijaram.

–... Seu pai – ele completou e ela afirmou com a cabeça – ele voltou? Digo de vez? Por isso você faltou aquele dia... – Mellie continuou a concordar

– Nossa. Mas, você não vai falar com ele? – perguntou Dylan

–Claro que não! – ela respondeu voltando para a maquete e Dylan a seguiu

– Mas ele é o seu pai! Você não vai nem ouvir o que... –

–Olha Dylan, a gente veio aqui para trabalhar no projeto das nações. Se você começar a mudar de assunto eu quero que saia daqui! –

–... Ele tem a dizer! Mellie, mesmo que ele tenha te deixado você tem que ouvir o que ele tem a te dizer! –

– E eu não quero! E ninguém pode me obrigar! – ela disse

–Mas você devia... –

–PARA DYLAN – Mellie estava quase chorando – você não entende tá legal?- num impulso, Dylan a abraçou, e quando fez isso as lágrimas jorraram pelo rosto de Mellie.

–Calma... –Ele disse passando a mão no cabelo dela. Ficaram assim até se lembrarem de que se odiavam. Mas não lembravam mais o por que. De repente, voltaram à cena de alguns anos atrás. Mellie com o rosto molhado ali nos seus braços. E tudo o que Dylan mais queria na vida era beijá-la de novo.

E foi exatamente o que ele fez.