Minha mente ainda estava assimilando que o Mark estava sentado bem do meu lado tomando tranquilamente um xícara de café. Ele e o Thai conversavam naturalmente – já fazia um bom tempo que eles não se viam – e pareciam estar se divertindo, enquanto eu estava la com um puta cara de boba me convencendo que o Mark não suspeitava de nada entre mim e o Thai.

– Já acabaram? – Minha mente finalmente conseguiu formular algo para falar – O que está fazendo aqui Mark? Era para você estar em Miami.

– Ao contrario irmãzinha, era para você estar lá – Ele disse colocando a xícara na mesa de centro.

– Desembucha Mark – Revirei os olhos – O que aconteceu, você foi expulso do colégio? Está fugindo de uma ex? Atacou nossa prima? Está em condicional? Ah não, já sei. Estava com saudades de mim não é – Zombei bagunçando seu cabelo.

– Junta tudo isso e pior.

– O pai se divorciou de novo? – Arregalei os olhos.

– Ele descobriu que você está morando aqui em Londres Queen.

– PUTA QUE PARIO MARK, POR QUE NÃO DISSE ANTES? – Falei levantando e puxando seu cabelo o fazendo levantar também – MEU DEUS ELE VAI ME DESERDAR.

– Ele me mandou aqui, e te deu 2 dias para arrumar suas coisas até ele chegar.

– Calma, calma, calma... Arrumar as coisas?

– Ele vai te levar de volta para casa Queen.

Parei de falar e voltei a sentar. Afinal, por que eu estava vivendo com o Thai?

– O que ele disse exatamente? – Thai se manifestou. Eu já tinha esquecido que ele também estava ali.

– Nada de carro e colégio interno. Foi isso que ele disse – Mark falou indo em direção a porta – Vou ligar para um táxi, pegue suas coisas para passar uma noite no hotel. Quanto menos tempo ficar aqui, talvez ele se irrite menos. Quem sabe ele te dar um fusca né? – Ele zombou abrindo a porta e saindo.

– Não ouviu? – Thai falou indo em direção ao seu quarto – Ele mandou você arrumar suas coisas.

Aquilo soou como uma pancada na cabeça. "Acorda sua babaca". Eu estava em Londres, vivendo com ele apenas porque eu queria independência e um carro certo? E para ele, eu era só um favor que ser melhor amigo tinha pedido para ele fazer. O que eu estava pensando? Levantei e fui para o meu quarto fazer o que o Mark havia pedido. Sai e fui em direção a porta onde o Thai estava encostado fitando o chão.

– Você vai ficar bem? – Murmurei alto o suficiente para ele ouvir.

– Não era eu que devia está perguntando isso? – Ele falou se afastando – Não seja tola, sempre vivi sozinho. Na verdade, estou surpreso que consegui me livrar de você tão rápido.

– Sim – Ri sem graça – só consigo ser uma tola agora Thai – Ele desviou o olhar – Olhe para mim enquanto eu falo – Virei seu rosto – você é um idiota. Eu também sou então não precisa retrucar. Tão idiota ao ponto de pensar que você ligaria. Eu te odeio.

Me virei girando a maçaneta e sai. Ou tentei. Ele segurou meu pulso e me puxou para seus braços. Apertei os olhos enquanto ele me espremia cada vez mais forte.

– Desculpa Thai – Disse contra seu peito – estou indo embora.

– Eu sei.

Levantei a cabeça e meus pés alcançando seus lábios o beijando.

– Eu não te odeio – murmurei.

– Eu sei.

Ele passou a mão pela minha nuca e selou nossos lábios outra vez.

– Você vai ter que desenhar outra pessoa agora – Silêncio – Fala "eu sei" Thai, por favor.

– O Mark está te esperando.

– Por favor.

– Eu não vou ficar bem.

Ele me soltou e fechou a porta. Respirei fundo e desci as escadas lentamente. Entrei no táxi e o caminho todo até o hotel foi silencioso. Quando chegamos, entrei no meu quarto e joguei as malas em algum lugar qualquer e me joguei na cama cobrindo meu rosto com as mãos tentando colocar as coisas em seu devido lugar. Talvez eu nunca mais veria o Thai de novo.

"– Habilidade de tropeçar no próprio pé? MEU DEUS, me ensina! – Não dava pra ser mais sarcástico.

– Thai, essa é a hora que você me ajuda a levantar. – Disse estendendo as mãos.

– Na verdade é a hora que você levanta. – Ele me contradisse.

– Quanto cavalheirismo – Bufei levantando sozinha e endireitando minha roupa. Antes que pudéssemos continuar a andar ele segurou minha mão.

– Só pra garantir que não use sua "habilidade" novamente."

Sorri comigo mesma ao lembrar de quão idiota nos eramos no começo. Meu sorriso se desfez quando lembrei que nunca mais vou comer da comida dele, xinga-lo de manhã, desejar seu corpo ou muito menos olhar as expressões que ele faz quando sorri. Que droga Queen.

– O que eu vou fazer Mark? – Perguntei ainda escondendo meu rosto.

– Pense bem, o colégio interno não é tão ruim.

– Estou perguntando em relação ao Thai.

– Você e ele já... – Ele fez um gesto com a mão.

– Por que todos perguntam isso? – Bufei – Eu gosto dele.

– Eu sei – Ele me puxou, me abraçando logo em seguida – Não fizeram né?

– Não – Soltei um riso.

O Mark disse que de manhã iria passar no apartamento para pegar o restante das minhas coisas e à tarde, em torno das cinco, iriamos ao aeroporto. Da última vez que eu fui, foi por causa do Deniel, o que já não me trás boas lembranças. O que eu iria dizer quando visse meu pai amanhã? Na verdade eu nem estava dando muita importância, só uma coisa ocupava toda minha mente, só uma pessoa.

O que o Thai deve está fazendo agora?

Mandei uma mensagem para a o Taylor, Random, Chad, Adson e Stevie dizendo apenas: "Parece que eu vou embora, falem com o Thai ok?". Pensei, o que vou fazer sem o Taylor e o Random? Com quem vou conversar senão a Adson, e ainda pensei que eu ia mesmo embora sem ter mesmo tentando me aproximar mais do Stevie? A verdado era que eu não podia ir embora. Eu não quero ir embora.

"- Eu não vou ficar bem."