– Cadê minhas rosquinhas? – Random perguntou para os demais. Depois olhou para o Thai com uma cara de "foi você".

– Não olhe pra mim – Ele bocejou deitando na grama.

– Pera, cadê a Queen? – Random perguntou olhando para os lados.

– Ela correu – Stevie disse virando a folha de seu livro.

– QUEEN SUA СУКА жадные – O loiro berrou.

Todos os dias eram basicamente isso. Nos intervalos, sempre íamos para o mesmo lugar, debaixo daquela grande arvore. Nunca fui de ter muito amigos, na verdade era titulada como "anti-social" e isso não mudou, só achei outros anti-sociais e agora somos anti-sócias juntos. Eu e o Thai estávamos nos suportando – sabe, do nosso jeito – e o Random? Bem, o único russo com quem eu posso jogar xbox. Minha vida em Londres começou a melhorar só depois de 5 meses de inferno.

1º mês - Xingar o Thai, não falar o nome "Clair", tentar não perder o emprego e tentar não matar o Taylor.

2º mês - Xingar e bater no Thai, não falar o nome "Clair", tentar não perder o emprego, tentar não matar o Taylor e tentar não me apaixonar pelo Deniel.

3º mês - Xingar, bater, e amar a comida do Thai, tentar não perder o emprego, tentar não matar o Taylor e tentar não me apaixonar mais pelo Deniel.

4º mês - Me dar "bem" com Thai – isso incluía bater, xingar e amar a comida, tentar não perder o emprego, me dar bem com o Taylor e se foda Deniel.

5º mês - Tentar não perder o emprego, ter um melhor amigo – Taylor, lidar com os lugares exóticos da Adson e do Chad, entender o Stevie, ter um loiro-russo-lindo na minha vida e tentar lidar com a chamada "atração física pelo Thai – ainda batendo, xingando e amando a comida dele.

Meu cabelo estava quase totalmente desbotado.

– Finalmente vocês voltaram – Adson falou – Não é muito difícil achar uma pessoa correndo com uma caixa e com a boca cheia de farelo – Ela falou limpando meu rosto.

– Ela parece um foguetinho – Random disse ofegante – E ainda comeu todas minhas rosquinhas – Thai bufou um riso.

– Dava tempo de comer umas 3 caixas até você me alcançar – Disse irônica – E você só me alcançaria porque eu taria muito cheia pra correr.

– MAS QUE – Ele tentou se defender – Verdade – Todos riram.

– Enfim – Chad disse mudando de assunto – Não vamos ter aula a tarde hoje, por que não vamos a algum lugar? – Perguntou.

– Não vai dar hoje – Thai se pronunciou primeiro – Eu e a Queen vamos consertar meu carro.

– Opa opa opa – O interrompi – Você E A QUEEN? – Perguntei dando enfase – Vai me deixar tocar no seu carro? – Falei com os olhos brilhantes.

– Acho que mudei de idei-

– VAI ME DEIXAR TOCAR NO CARRO – Comemorei e Adson riu.

– Só não destrói ele – Ele disse meio que pedindo meio que implorando.

Desses dias pra cá o Thai não estava me provocado tanto. Na verdade eu não faço ideia do rumo que as coisas estão tomando, bem, contanto que ele continue me alimentando e andando de toalha pela casa estava tudo bem pra mim – tentem não me achar uma pervertida.

Depois que as aulas acabaram, Chad nos deu uma carona até em casa. Coloquei um short surrado e uma regata qualquer, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo baixo e frouxo e saí. Peguei os baldes com água e as buchas enquanto o Thai pegava as ferramentas.

– Entra no carro e liga quando eu mandar – Ele ordenou levantando o capo do carro.

– Sim senhor – Revirei os olhos e entrei.

Sabe a sensação de estar naquele banco de motorista? Comecei a brincar com tudo que estava no painel aleatoriamente enquanto o Thai dava uma de mecânico sexy.

– Pode ligar – Ele falou.

– Ok – Girei a chave.

A única coisa que ouvi foi um "puf" e logo após as tossidas do Thai.

– O que f- – Falei saindo do carro e me deparando com o Thai todo preto.

– Em que porra você mexeu Queen? – Ele grunhiu passando a mão pelo corpo enquanto eu ria descontroladamente.

– Veja pelo lado bom Thai – Disse entre risos – O carro ligou – Disse ainda sem parar de rir – Ah, vou pegar a mangueira.

Desci até a entradinha da garagem desenrolando a mangueira e levando até o Thai, depois voltei para ligar o registro. E uma ideia maliciosa surgiu na brilhante mente Queen.

– LIGOU? – Gritei esperando sua resposta.

– NÃO – Ele gritou de volta.

– VEJA SE TÊM ALGO PRESO AI, EU JÁ LIGUEI – Falei ficando na ponta dos pés para vê-lo.

E quando ele colocou a mangueira no rosto, eu liguei o registro.

– E AGORA THAI, LIGOU? – Falei sem conseguir parar de rir.

– Queen...

E começou minha segunda fuga do dia.Corri por toda garagem enquanto o Thai tentava me pegar, e depois de muito tempo – 5 minutos, o Thai estava muito mais em forma que o Random – ele me pegou e me carregou. Me colocou em seu ombro e foi caminhando saindo da garagem. Seu corpo sujo e molhado fez com que eu ficasse do mesmo jeito. Ele me pôs deitada no chão e jogou um dos baldes todo em mim.
E antes que ele começasse a rir puxei sua perna fazendo com que ele caísse também. Montei em seu corpo e peguei o outro balde jogando todo nele também.

– Queen vence – Falei arfando. Ele bufou um riso.

Mas ai veio a voz na minha mente – QUEEN VOCÊ ESTÁ EM CIMA DO THAI. E toda aquela adrenalina passou e chegou a parte, "lidar com a situação". Passei a mão em meus olhos e comecei a ver melhor. Alguns fios molhados de seu cabelo estavam grudados em seu rosto, o mesmo tinha algumas marcas de toner nas bochechas que a água não tinha tirado por completo, seus olhos me encaravam da mesma forma que os meus encaravam ele. Sua respiração ainda estava forte. Passei meus dedos em suas bochechas tentando tirar as manchas.

Ele ergueu o corpo apoiando-se com seus cotovelos fazendo a distancia entre nós diminuir. Eu sabia o que ele queria. Ele não conseguia ficar mais perto que aquilo então, se eu quisesse me aproximar mais eu teria que fazer isso, e foi o que eu fiz. Foi o que eu tentei fazer.

– Já acabaram de usar a mangueira?

Minhas pupilas dilataram na mesma hora. Levantei com pressa e entreguei a mangueira para outro morador do prédio.

– V-vou tomar banho primeiro – Balbuciei.

– Subirei também – Ele falou levantando.

Que parte do "primeiro" ele não entendeu como "não quero te ver agora"? Minha mente ainda estava simulando que, se aquele cara não tivesse aparecido, eu ia mesmo beijar o Thai? Ele foi subindo na frente e eu estava logo atrás dele. Quando o Thai abriu a porta ouvimos uma voz ressoando do corredor.

– A cópia da chave ainda estavam comigo então acabei entrando sem pensar – Ela parou de falar quando ficou frente a frente com agente.

Não podia ser ela. Estava diferente, podia ser outra pessoa. Eu sei que é ela.

POV'S Thai

– Olha só – a Queen se pronunciou antes de mim – gostei do cabelo – Ela falou forçando um riso – Mas afinal, o que você faz aqui? Não, não responda, vou melhorar a pergunta. CADÊ O TAYLOR?

– Eles terminaram – Falei antes que ela respondesse.

Sempre que ela termina uma história ela muda para começar outra.