Eu estava feliz, mesmo não sendo o Logan a pessoa que me trouxe até aqui tinha sido alguém, ou seja, alguém tinha se preocupado em fazer tal ação e isso já era suficiente para mim.

Fiquei um tempo sozinho naquela sala só olhando para o teto, aquelas luzes não paravam de piscar, o lugar era um tanto assustador, mas nada demais, já estava acostumado com as minhas constantes idas para lá. É claro que eu nunca dizia o porquê das minhas visitas, só falava que tinha caído jogando futebol ou coisas assim, ela não parecia acreditar, mas também nunca retrucava então funcionava.

Também olhava para o meu corpo, pelo jeito a enfermeira tinha passado algumas pomadas no meu joelho, em algumas partes das minhas pernas, em algumas partes da minha barriga e na minha cara e ainda tinham alguns sacos cheios de gelo também espalhados pelo meu corpo.

–Ah você já acordou? – a mulher entrou na sala correndo – deixa eu tirar tudo isso de você, deve estar incomodando – ela começou a retirar todos os sacos bem rápido.

– É, não estava muito confortável...

– Sim, sim, e agora o senhor vai por acaso me contar a verdade sobre o que aconteceu? – Ela parou um pouco de tirar os sacos para me olhar desconfiada.

– Acho que dessa vez não tem como fugir muito né? – dei uma risada amarelada – uns garotos me bateram, nada demais – nessa hora fiz um gesto de “Não foi nada” com as mãos.

– “nada demais”- ela repetiu debochando de mim – você sabe que vai ter que até dormir aqui devido aos seus graves machucados né? E depois você diz que não foi “nada demais”!

– Eu vou ter que dormir aqui? – eu estava muito feliz com aquela notícia, desse modo não teria que aguentar Logan e seus comentários estúpidos.

– Sim, você vai e aliás, quase ia me esquecendo! Uma pessoa quer te visitar – fiquei me perguntando quem seria.

– Não é um daqueles garotos que gostam de me irritar, é? – perguntei sem acrescentar o fato de todos os garotos gostarem de me irrtar, quer dizer, tirando os mais novos que não me conheciam.

– É a mesma pessoa que te trouxe aqui – ela e respondeu como se resolvesse o mistério – agora eu preciso voltar para a secretaria ok? A mulher faltou e eu tenho que fazer todo o trabalho... – ela disse indo embora xingando.

– Espera! Mas quem é? – eu tive esperanças de que ela fosse ouvir, mas em vão.

Acho que é porque ela já está um pouco velha, mas enfim, como eu ia dormir lá fiquei esperando que alguém aparecesse para perguntar se tal pessoa poderia pegar meu pijama no quarto, várias pessoas apareceram, mas fiquei sempre hesitando e acabei não perguntando para ninguém com medo de que esse alguém fosse ou Logan ou seus amigos e como eu estava sem óculos não conseguia ver nada, só borrado,  até que finalmente apareceu um menino mais baixinho que devia ser mais novo então perguntei e o garoto respondeu que sim, ele pegaria. 

Esperei por um tempo, mas ele nunca chegava então resolvi dormir do jeito que estava mesmo, olhei para a janela e reparei que ainda tinha sol, ou seja, devia estar umas 17 horas ou mais, mas do mesmo jeito eu estava cansado e não tinha muito o que fazer lá então me arrumei na cama e logo peguei no sono.

10 minutos depois alguns garotos junto à Logan e seus amigos foram lá na sala já escura gritaram no meu ouvido e antes que eu pudesse ter alguma reação eles me enrolaram no cobertor fajuto que tinha lá e me empurraram da cama. Fiquei muito dolorido e assustado, o pior é que já no chão e enrolado ao cobertor uns dois garotos ficaram brincando de me jogar um para o outro. Nessa hora eu já estava entrando em pânico, não estava conseguindo achar minha bombinha, minha visão estava ficando preta e meus olhos estavam se fechando, eu estava sem ar e só conseguia escutar os garotos rindo com os meus gritos fracos mandando que parassem.

Eu já estava quase apagando e perdendo a noção de tudo quando alguém me desenrolou do cobertor e estendeu sua mão com a bombinha na minha frente, no fundo consegui escutar Clarisse, a enfermeira, expulsando todos os meninos e depois vindo me socorrer perguntando para a pessoa do meu lado se eu estava bem.

Já recuperado escutei Clarisse me pedindo desculpas.

– Eu sinto muito muito muito mesmo por ter demorado tanto para chegar meu bem, está tudo um caos, tem o seu caso e a pegadinha que aconteceu! Ai meu Deus! - ela estava surtando, já eu, calmo ou pelo menos meio tonto.

– O meu caso?

– Ah é, sobre isso já é minha culpa – um homem começou a falar, tentei me mover para enxergá-lo melhor, mas meu pescoço começou a doer então eu logo desisti - demorei muito para resolver com o diretor daqui o seu caso, mas também né, quando fui te visitar no quarto o encontrei desmaiado então tive que mudar a ordem – não sei se era porque eu ainda estava meio desnorteado, mas eu não estava conseguindo acompanhar – enfim, acabei tendo que resolver com o diretor tudo antes de te visitar, por isso demorei.

– Desculpa se estou sendo um pouco grosso - eu estava mal humorado por ter acontecido tanta coisa ruim no mesmo dia - mas quem é você?