Obstáculos De Um Amor escrita por LA_Black


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários de Scarllet Mason, Angel Black e Aricia Black.
Tá aí o primeiro capítulo. Espero que gostem.



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CAPÍTULO 1


    Com apenas quatorze anos tomei uma decisão, e ela, com certeza, mudou minha vida, para sempre. Menti para todos os que amava, principalmente pra “ele”. Para os outros eu havia partido para estudar, mas para minha mãe, mesmo que ela não saiba, eu parti por medo de enfrentar todo o peso da responsabilidade que me havia sido imposta, medo de machucá-la novamente, medo de perdê-lo. Agora percebia que eu o perdi no exato momento em que decidi ir embora. Abandonar tudo e todos. Começar do zero.
    O que mais me destruía era a saudade. Da minha mãe, minha irmã, dos meus amigos e dele... O cara que sempre esteve ao meu lado, meu amigo, meu primeiro amor.
Eduarda Sullivan é o meu nome, mas podem me chamar de Duda. Morava em Nova York. E neste exato instante estava deitada no sofá do meu escritório tentando arranjar alguma coisa interessante pra fazer. Para os que estão pensando “E o seu trabalho?”, eu respondo: “Eu sou a dona da empresa!”. Além disso, eu amava levar trabalho pra casa. Morar sozinha e não ter namorado, noivo, rolo ou ficante, transformava as pessoas nisso. Mas o que fazer quando quem se quer está muito longe...

    -- Toc Toc... – fui tirada de meus devaneios. Saí correndo e me sentei na cadeira onde deveria ter estado todo esse tempo me entupindo de contratos.
    -- Entre.
    -- Oi! Tudo bem? – Lucy perguntou com uma cara desconfiada.
    -- Claro! Só estou precisando de mais coisas pra fazer.
    -- Isso não vai ser mais problema agora! – falou toda animada.
    -- E por que não?
    -- Adivinha o que eu tenho nas minhas mãozinhas?
    -- Dedos? – falei irônica e dando uma gargalhada no final.
    -- Você, às vezes, corta o meu barato. – a olhei com cara de santa. – Deixa pra lá. Enfim... O pessoal do setor financeiro acabou de me entregar o relatório com os melhores locais para montarmos a nossa próxima loja de departamentos. Não é demais?!
    -- Não sei pra que tanta empolgação. É só mais uma loja pra nossa coleção... – falei pensativa.
    -- Credo! Não era você que queria trabalhar? Essa é uma ótima oportunidade pra você enfiar a cara em projetos, contratos e toda aquela coisa de publicidade que você tanto gosta.
    -- Acho que vou fazer isso mesmo. Me passa logo esse relatório. E eu vou pedir pra Susan agendar a reunião pro fim da tarde, ok?! Já avisa para o pessoal.
    -- Tudo bem. E Duda... Aquele nosso “problema” vai ser resolvido hoje à noite não é?
    -- Espero. Não aguento mais ficar só investigando e não fazer nada pra acabar com essa violência toda.
    -- Concordo com você. E mudando completamente de assunto, a que horas vai almoçar? Podíamos ir juntas o que acha?
    -- Acho uma ótima ideia. Saio daqui às onze e meia.
    -- Nos encontramos na recepção então?!
    -- Sim! Beijos
    -- Beijinhos Dudinha... – cantarolou animada.

    Ela saiu da sala e eu fiquei rindo da sua cara alegre. Lucy¹ e eu nos conhecemos no Brasil, quando fui participar de uma palestra para jovens empreendedores. Eu estava completamente perdida no centro do Rio de Janeiro e ainda não sabia falar o idioma perfeitamente. Enquanto eu tentava, inutilmente, pedir uma informação, nos esbarramos e ela foi super simpática comigo. A partir daí trocamos telefones, email e não nos desgrudamos mais.
    Apesar de ser um pouco tímida, quando alguma coisa lhe interessa luta muito para conquistá-la, é muito engraçada e gosta de escrever, além disso, tem um ótimo faro para negócios. Depois de um ano de amizade e cumplicidade, resolvemos levar toda essa afinidade para a área econômica e empresarial e criamos a “Black Spring”. No começo foi meio difícil ganhar a confiança dos fornecedores, conseguir dinheiro, etc., mas no fim tudo deu certo, em dois anos e meio já estávamos entre as dez melhores empresas dos Estados Unidos, agora somos uma das melhores do mundo.
    Olhei para o relatório a minha frente. Eu tinha a sensação de que as cidades escolhidas não seriam muito legais.

    -- Tacoma... Não. Jacksonville, não. Salem? Deus me livre! Forks... Springfield...  Espera aí! FORKS?! COMO ASSIM FORKS?! – gritei.
    -- Senhorita Sullivan? Tudo bem? – entrou Susan, minha secretária, meio assustada.
    -- FORKS?! FORKS?! Não pode ser... – agora eu andava de um lado para o outro, totalmente desnorteada.
Acho que em algum momento ela viu que eu não estava bem e foi procurar ajuda. Quando percebi, estava sentada no sofá, bebendo um copo com água, com algum infeliz me sacudindo.
    -- Será que dá pra PARAR COM ISSO?!
    -- Eu disse que ela melhoraria se alguém a incomodasse! – falou a Lucy toda orgulhosa.
    -- Você tem algum problema garota?
    -- Não, mas você com certeza tem. Por que é que quando eu cheguei aqui você estava em choque!
    -- Por nada?!
    -- E eu sou a rainha da Inglaterra! – ela se virou pra todas as pessoas que estavam paradas na porta esperando a minha morte. – Vamos pessoal! A Duda não vai morrer, pra tristeza de vocês e pra minha alegria. Agora... SAIAM já daqui e vão para o trabalho! – ela gritou, os funcionários saíram assustados.
    -- Sempre delicada.
    -- Principalmente quando se trata de quem eu gosto. E aí... Vai me contar o que aconteceu ou vai esperar eu usar de minhas artimanhas...
    -- Na verdade eu vou te contar, mas não aqui. Já está quase na hora do almoço, vamos naquele restaurante na Quinta Avenida que adoramos.
    -- Tudo bem, mas você não me escapa!
    -- Eu já disse que vou te contar Lucy.

    Saímos da minha sala e fomos pro elevador, por onde eu passava escutava os cochichos dos desocupados. Mas eles não precisariam se preocupar, pois assim que eu voltasse, trataria pessoalmente de arrumar muito trabalho para os enxeridos.
    Eu era uma boa patroa. Tratava bem os funcionários, dava bônus pra quem tivesse um melhor desempenho. Era simpática com eles, e até promovia festas para animá-los! Mas quando alguém implicava comigo... Ficava marcado pra sempre.
    O caminho para o restaurante foi curto e o assunto, leve. Percebi que Lucy queria me fazer perguntas, mas também não queria me pressionar. Chegamos ao nosso destino e como já éramos conhecidas, nem precisamos olhar o cardápio, todos já sabiam nossas preferências. Olhei pra minha amiga e ela estava se roendo de tanta curiosidade.

    -- Pode perguntar. – eu falei
    -- Você já sabe a minha pergunta.
    -- Ok. Uma das cidades escolhidas para instalarmos a próxima loja de departamentos é Forks.
    -- E daí?!
    -- Como assim e daí?! – perguntei incrédula – Eu sou de lá esqueceu?
    -- OH MEU DEUS! E como vai ser?! Digo se Forks for mesmo “A cidade”?!
    -- Eu não sei. Mas ainda não é definitivo.
    -- Duda, sinceramente eu tenho certeza que vai ser. Os envolvidos estão todos de acordo. A decisão não cabe só a você. A cidade cresceu nesses quinze anos em que esteve fora. Aliás, a única loja de departamentos que tinha lá...
    -- Newton’s?! – a interrompi.
    -- É. Ela foi fechada. Essa é uma ótima oportunidade.
    -- Será que não tem outro lugar não?!
    -- Não Duda! Seja profissional! Encara isso de frente. Tem quinze anos que você praticamente fugiu de Forks, sem dar notícias pra ninguém. Por favor?! Não acha que já está na hora de crescer e enfrentar isso?
    -- Não sei Lucy! É tudo tão difícil.
    -- Eu imagino como é difícil! Mas Duda, você está há quinze sem falar com sua mãe, sem ter notícias dela! Não sabe se está bem de saúde, ou até mesmo morta!
    -- Ela não está morta! Eu tenho minhas fontes e sei que minha mãe não está morta! – falei com raiva.
    -- Tudo bem Duda. Faça como quiser. Desisto de tentar te convencer. Quando você estiver pronta, ou não, vai encontrá-la. Agora vamos comer.

    Lucy ficou chateada. Ela estava tentando me ajudar e eu não dava espaço. No fundo ela tinha razão, mas eu nunca admitiria isso em voz alta. Estava certa sobre a minha mãe. Ela havia perdido toda a família pouco tempo antes de nos conhecermos. Tinha uma ligação muito forte com a mãe e isso a abalou muito.
    Almoçamos em silêncio e na volta foi a mesma coisa. Ao chegarmos pegamos o elevador e depois ela saiu dizendo que nos encontraríamos mais tarde. Não estava mais aguentando essa situação.

    -- Lucy! Espera.
    -- Que foi Eduarda!
    -- Dá pra parar de me chamar assim?!
    -- Não!
    -- Me desculpa tá legal?! Eu fui mal educada. Você estava tentando me ajudar e eu fui grossa. Você sabe o quanto esse assunto é delicado e ainda me disse que minha mãe podia estar morta!
    -- Acho que peguei pesado. Me desculpa também. Agora me dá um abraço! Odeio discutir contigo! – nos abraçamos e quando olhei pra frente todos nos encaravam.
    -- Agora eles confirmaram as suspeitas de sermos lésbicas. – falei segurando a risada.
    --Deus me livre! Não me leve a mal, você é bonita e tudo, mas é que meu negócio é homem! – e gargalhou.
    -- Vá falar isso pra eles. – apontei para o grupo que no olhava de rabo de olho, tentando ser discreto. – A propósito... Eu também gosto de homem ouviu?!
    -- Como se eu já não soubesse. Eu sei até quem é o “homem”, só nunca o vi pessoalmente.

    Antes de me deixar falar alguma coisa ela se virou e bateu a porta da sua sala na minha cara. A Lucy era tão “educada”.
    Passei o resto da tarde lendo os anexos do relatório e imaginando como poderiam ser o projeto e a decoração da loja. Quando eu percebi, já era quase cinco e meia da tarde. Ajeitei minhas coisas e chamei Susan, depois nos dirigimos para a sala de reuniões.

    -- Boa Tarde. – falei para os presentes. – Falta mais alguém?
    -- Acho que não Duda – respondeu Jesse, diretor do setor de relações públicas.
    -- Então vamos começar. Eu li no relatório que a Lucy me entregou as cidades possíveis para a construção da loja, quero saber quais as favoritas e o porquê de estarem nessa colocação.
    -- Pra começar as favoritas são Springfield, Forks e Salem.
    -- Salem está descartada. – falei antes que alguém se empolgasse com a ideia.
    -- Por quê?! – perguntou Lucy.
    -- Não precisa nem responder, não é?! Odeio bruxas.
    -- Mas isso é lenda!
    -- Lucy, nunca se sabe não é?! – olhei sugestivamente pra ela.
    -- Tudo bem. Então tem Springfield e Forks.
    -- Eu prefiro Forks, o ambiente de lá é muito mais propício.
    -- Os que preferem Forks, por favor, se pronunciem. – todos, exceto eu, levantaram as mãos. – Ok. Mas isso não pode ser resolvido assim. Por que ninguém quer Springfield?
    -- Vai ser qual Springfield? Vocês se esqueceram desse detalhe. – disse Lucy.
    -- É verdade! Pensamos em Dakota do Sul. Mas lá a população é muito pequena menos de dois mil habitantes.
    -- E em Forks a população é de três mil quinhentos e trinta e dois! – eu disse incrédula – Grande diferença!
    -- Eu sei que você é a dona e tudo, mas vou ter que te contrariar. Forks é bem melhor que Springfield. Não só por causa da população, mas também porque pelas pesquisas, lá é um dos lugares onde existem mais consumidores em potencial. Resumindo o povo compra DE-MAIS.
    -- Tudo bem. Me convenceram. Vai ser em Forks.
    -- E quem vai pra lá junto com os engenheiros?
    -- A Duda e a Lucy.
    -- Mas se as duas forem quem vai cuidar da nossa sede aqui?
    -- Você Jesse.
    -- Eu?!
    -- É. Você. E pode ir se acostumando, eu acho que você vai ficar no comando por um bom tempo. Mas não quero que me deixe de fora dos negócios. Mantenha-me sempre informada, ok?
    -- Você é quem manda.
    -- Lucy, nós vamos quando?
    -- No próximo mês. Temos que resolver alguns detalhes antes.
    -- Tudo bem. Eu tenho que terminar o projeto, mas está aqui um esboço. – mostrei-lhes o desenho. Eles gostaram, então dez minutos depois, já deixava a empresa.

    Meu corpo estava moído e eu não via a hora de chegar em casa, tomar um banho relaxante, com sais e óleos, depois comer alguma coisa, deitar e dormir.

    -- DUDA! Duda! – veio a Lucy gritando.
    -- Que foi?!
    -- É só pra você não se esquecer do nosso compromisso hoje à noite. – falou olhando pros lados, desconfiada de que alguém estava ouvindo.
    -- Droga! – lamentei. – Passo na sua casa perto das nove e meia. Quero acabar logo com isso.
    -- E você acha que eu não?! Esses sang...
    -- Lucy! Olha a boca! Alguém pode ouvir.
    -- Esqueci. Nos vemos mais tarde.
    -- Tchau. – falei e fui para o meu carro.

    Minhas chances de ter uma noite normal e relaxante acabavam de descer pelo ralo.





Lucy¹ - http://img837.imageshack.us/i/franciaraisalucycarter2.jpg/



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Notas finais do capítulo

Os primeiros capítulos mostrarão como é a vida da Duda depois que ela deixou a família.



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