Querido Diário escrita por Jupratees


Capítulo 4
Heart Vacancy




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Mi... digo, nossa mãe, a tia Célia, é professora de matemática. Realmente incrível porque é difícil associar exatas à coisas legais. Mas sim, ela é professora. E consequentemente, passa a manhã e a tarde toda fora de casa. Geralmente, sou eu quem faço os serviços domésticos, mas de um tempo pra cá, os meninos têm me ajudado bastante. No começo, acho que não me suportavam, mas estamos nos virando super bem. Como eu iniciei, hoje é aniversário dela, e o bolo finalmente está pronto, aleluia. Como ela ainda vai chegar por volta de umas 18hrs, tenho bastante tempo livre pra dar uma fugidinha. E antes que você se engane, diário (devo estar birutando, estou conversando com meu próprio diário), a minha fuga não tem nada a ver com aprontar em nenhum dos sentidos possíveis. Mas às vezes... Às vezes preciso garantir não matar meia cidade e me manter saciada por pelo menos 2 dias consecutivos. Hoje é o dia da caça. É o meu dia. E, sério diário, as mulheres modernas são fissuradas em chocolate, mas garanto que esse enjoativo gosto de cacau não chega nem à pontinha dos dedos do pé de sangue. Delicioso. Me deu água na boca. Bom, Vou aproveitar que o Luquinhas vai sair com a namorada dele e vou escapar também. Mas, não sei porque, diário (não estou gostando de te chamar toda hora de diário, está começando a me incomodar, terei que pensar em um nome para você depois), estou com uma sensação de que o dia me renderá grandes prazeres... e surpresas. Se é que me entende.

– Ei aonde vai?

– Vou comprar meu presente para a mamãe, que a propósito, senhor Henrique, tenho certeza de que você esqueceu. - Segurei o riso ao vê-lo enrubescer.

– Pois saiba você, senhorita Melissa, que já comprei faz tempo.

– Imagino. Bem, agora se me dá licença, estou atrasada.

– Tia Célia pediu pra não te deixar sair sozinha, ela acha que pode ser perigoso. - Bufei.

– Ah qual é! Não vai querer bancar meu babá agora, vai? Sou mais velha que você, e além disso, tem umas lojinhas lindas aqui pertinho! Em torno de 2 horas estou de volta.

– Acho melhor não, eu vou com você.

– Henrique se ousar me seguir, eu juro que te mato. E se você tem amor à sua vida, fique exatamente onde está. - Ele permaneceu em silêncio. Eu sorri triunfante.

– Obrigada pela compreensão. Amo você. Lancei-lhe um beijo, saindo de casa com um largo sorriso.

O vento forte logo me atingiu. Desmontei-me em um intenso suspiro recordando a noite em que eu me tornara vampira. Desgraçado. Se antes eu acreditava que o amava acima de tudo que pudesse existir, eu agora sentia um ódio dobrado desse antigo amor. Minha vontade era matá-lo com minhas próprias mãos. Fazia tempo que não ventava. Efeito estufa, aquecimento global e todo aquele blablablá fazia com que nos sentíssemos em uma verdadeira panela de pressão. Se acreditavam na teoria religiosa de que o inferno era quente, então estávamos todos encrencados. Sentia-me, porém, aliviada por alguns segundos por não necessitar usar aqueles vestidos aterrorizantes embaixo desse Sol. Pelo contrário. Eu fazia questão de usar as roupas mais confortáveis possíveis. Hoje decidi por meu shorts jeans claro que, imagino eu, tenha um palmo de largura, minha blusinha simples de alcinha branca e um tênis confortável. Uma coisa boa de ser imortal é que seu cabelo também é, e consequentemente, cresceu muito ao longo desses anos. (Risos) Mas com esse calor literalmente infernal, era impossível usá-lo de algum outro modo que não preso. Respirei fundo, sentindo quaisquer cheiro que estivesse ao raio de ao menos 5km de mim. Ah sim. A tia Célia adora plantas, e por isso, decidiu comprar uma casa meio isolada... em meio à uma mata. Sua preocupação quanto à mim é isso. Se bem que seu maior temor deveria ser minha presença, e não quanto ao que pudesse acontecer a mim.
Deixei que meu instinto reagisse, me guiando cautelosamente mata adentro, atrás do atrativo cheiro de sangue. Um cheiro doce... Havia um garoto acampando. Gente, mas que cheiro! Humanos. Sempre tão apetitosos. Bom, a questão com a tia Célia e meus irmãos é que, como eu citei, o Henrique tem alguma coisa familiar, mas além disso, não consigo sentir o cheiro de sangue percorrer suas veias. Nem a de tia Célia ou do Lucas. Não sei explicar o porquê, mas eles são exceções. Voltando ao garoto... Faz tempo que não ataco humanos. No início... minha sede só era contemplada quando uma personagem humana me dava o prazer de consumi-la. Mas ser uma assassina brutal não é algo que eu me orgulhe de ter sido um dia. Deslizei minha língua por meus lábios. Ulalá. O garoto era loiro. Incrivelmente sedutor. Até mesmo para uma vampira como eu. Já devo ter falado que depois de Maddox... ai Maddox... Imbecil maravilhoso estúpido delicioso mentiroso Maddox... Meu Deus, não consigo entender como esse filho da mãe (tenha piedade da mãe dele, Senhor) ainda não sai de minha cabeça. Perdi séculos de minha vida sozinha, sem querer qualquer aproximação romântica com qualquer garoto. Mas até quando isso iria? Sabe... Tive um desenvolvimento muito grande depois de minha transformação. Se eu fosse humana e reagisse bem ao público poderia ser uma excelente modelo, facilmente. Mas também... Também sou mulher. E acho que chega uma hora que recusar o sexo oposto não é a melhor opção.
O garoto estava distraído, observando o vazio. Geralmente as pessoas que acampavam por ali eram nerds e fissuradas por astronomia ou algum revoltado que decidia fugir de casa. Já vi vários por lá, mas nada parecido com ele. A sede poderia esperar. E se eu não poderia ter seu sangue, ao menos me divertiria um pouco.


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