22:47 03 de dezembro de 2020

– Olá? - Bati freneticamente na porta, embora não ao extremo, o que eu menos queria era quebrar alguma coisa.– Oláaaaaa! - Revirei os olhos, cruzando os braços. - Imbecis. - Murmurei, me virando para ir embora quando ouvi um cadeado se abrir.

– Atrasou. - Senti uma mão grosseira em minha cintura e antes que pudesse protestar, fui puxada para dentro do recinto. A luz estava levemente falha. Havia uma cadeira mais ao canto.

– O que é isso? - Indaguei, olhando ao meu redor. - Achei que já estivessem arrumando tudo.

– Arrumamos. - Thiago mordeu a ponta de minha orelha, me fazendo arrepiar. Dei um passo recuando. - Olhe com mais atenção.– Deixei que meu olhar percorresse o grande salão vazio à procura de algo novo. Examinei o teto e quase desabei quando fitei o palco.

– Mas que merda é essa? - A cadeira agora estava no palco. Milagre da natureza? Acho que não. O palco estava repleto de acessórios eróticos, o cano de strip como sempre, mas tinha algo diferente. Eu podia ver a silhueta de alguém naquela cadeira. Dei um passo para a frente. Fui barrada. Um outro ser apareceu no palco virando a cadeira para mim. Felipe.– Seus estúpidos! - Henrique, meu querido irmão, sorria nervosamente.

– Este é o trato, Liss.

– Que trato? Vocês dois são loucos, totalmente pirados!

– Está nas nossas mãos gatinha, e sinto muito dizer, mas ou faz o que mandamos ou seu querido amigo ali, morre. - Henrique sorriu mostrando as presas, passando a mão de leve pela veia do pescoço de Felipe, sentindo sua pulsação. Tinha vontade de matá-los, mas eu jamais conseguiria, o jeito era aceitar o acordo.

22:59 03 de dezembro de 2020

Era isso. Eu não tinha mais alternativas. Terminei de me maquiar. Eu fazia questão de me esconder ao máximo naquela maquiagem. Minha intenção, por sinal, era de poder desaparecer por aquele maldito buraco escuro que havia na parede. Se eu fugisse seria pior, precisava pensar rápido. Passei uma sombra bem preta, e complementei com um batom claro, fiz um coque soltinho com o cabelo e vesti minha mar(idicula)avilhosa roupa escolhida para o show. Era um sutiã preto de renda e babados, uma micro calcinha, se é que aquilo pode ser chamado de calcinha porque pra mim, estava mais para um pedaço de pano que sobrou da confecção de uma meia infantil. Por fim vesti uma roupa universitária. Sim. Imaginei quantos fetiches eu realizaria naquela noite. Suspirei fundo enquanto terminava de vestir minhas meias de liga branca. Eu deveria admitir que estava sexy, mas não sei se eu estava preparada.
Estava prestes a me levantar para entrar em palco quando ouvi uma voz conhecida.

– Olá querida. - Fitei sua face friamente.

– Tia Célia. - Era tudo o que faltava para minha noite ser perfeita!