POV. Luka Simons

Sentei em um sofá vermelho, parecendo ser bem chique e caro. Tinha acabado de pisar no Distrito 7.

Não fiquei muito tempo nas ruas. Tinha me atrasado por conta de um animal selvagem que havia trombado em mim no caminho para cá. Claro que eu poderia ter ficado e lutado, mas não quis arriscar atirar a única faca que carregava comigo. Se errasse e ela se perdesse na floresta, ficaria vulnerável no radar da fera.

Pra falar a verdade, não gostava de ficar ali. Todas as pessoas sempre vivendo suas rotinas. Um dia após o outro sem maiores emoções.

Claro que, assim que botei os pés nas ruas do Distrito, me puxaram para cima do palco sem nem ao menos eu passar pela extração de sangue e toda essa baboseira que arrumam.

Agora estava dentro da prefeitura, com uma garota ruiva ao meu lado, andando para lá e para cá. Aquilo me irritava.

Peguei a faca que poderia ter sido perdida e coloquei a ponta no braço do assento. Enfiei no estofado e puxei para cima. Uma poeira quase transparente subiu e eu vi a linha que tinha arrebentado.

– Qual seu nome? – A garota perguntou, olhando para mim.

– Luka. – Respondi baixo.

– Sou Amy. – Ela disse, ainda andando para lá e para cá.

Não lhe respondi. Cortei mais um pouco do caro tecido e respirei fundo.

Era meio óbvio que as pessoas me colocariam como tributo, se fosse do poder delas fazer isso. Elas me odiavam, parecia. Sempre me olhavam feio nas ruas, isso sem contar dos boatos sobre minha pessoa que cada vez aumentam mais. Cada vez mais absurdos. Sou o favorito tema de quando se trata de Lendas Urbanas.

– Simons, me acompanhe. – Um pacificador ordenou, me olhando.

Levantei vagarosamente do sofá e fui até uma outra sala. Não esperava que alguém fosse me visitar, dar boa sorte ou algo assim. Na verdade, estava entediado.

– Luka?

Olhei para a porta e vi uma mulher alta e muito, muito magra.

– Que faz aqui? – Estreitei os olhos em sua direção.

– Vim desejar boa sorte. – Ela respondeu polidamente.

– Pode ir embora então. – Retruquei, de cara feia.

A mulher continuou ali parada.

– Luka.

– Que é? – Falei fria e secamente.

– Por que fugiu do orfanato?

– Meu lugar não era lá.

– Seu lugar não é em uma floresta. – Ela respondeu.

– Não. – Estreitei os olhos. – É em uma arena.